Sunday, July 8, 2007

A gota de água de Seco com "Laços Verticais"

Leonardo Júnior e Paulo Seco no Espaço Moçambique

Paulo Seco apresentou, ontem, 7 de Julho, o mais recente livro “Laços Verticais”, no Espaço Moçambique, com a colaboração da Associação Portugal-Moçambique.
Este é um livro de poesia que Paulo Seco lança como “libertação”, uma vez que, como salientou “eu escrevo para viver”. O dinheiro não tem qualquer importância perante a vida e “devemo-nos afirmar no choque pela diferença”, afirma o autor.
Paulo Seco – que se revela como um “ex-licenciado em Belas Artes” e um “actual licenciado em Filosofia” – tenta “passar as coisas de uma forma mais artística e expressando sentimentos, explica o director do Espaço Moçambique, Leonardo Júnior.
Uma questão pertinente levanta-se nos primórdios da apresentação que é “como é que os africanos podem viver à distância o seu continente”. Paulo Seco talvez encontre essa forma na poesia e confessa que não sabe porque escreve: “é uma inquietação que tenho desde que me conheço. É uma maneira de comunicar de forma autêntica”, assegura. “Um aguçar do meu espírito crítico, das coisas que não funcionam bem e me fazem escrever”, assevera o autor que se assume como “cidadão do mundo”. Paulo Seco não gosta muito de se sentir emigrante, uma vez que incita à segmentação, considera sim que “as culturas existem, tendo cada um a sua; contudo, são diferentes para serem partilhadas”.

Após a estreia, no ano de 2001, com “Uma gota de água repousada na pétala da flor esperança”, a terceira obra de Paulo Seco surge subsequentemente a vários escritos musicais e co-autorias e define-se como “um conjunto de livros onde recultivo os valores humanos. A liberdade fundada na razão do nosso ser é o que tento esgrimir na minha poesia”, declara. E, por isso, com base nos “laços” que a sociedade estabelece, sejam eles “verticais” ou ainda horizontais, de cima para baixo ou de baixo para cima, o importante é chamar à atenção para a comunicação, pois “hoje as pessoas não comunicam”, como refere Paulo Seco.
A pressa é inimiga da vida e “as pessoas não têm tempo para olhar sequer para uma flor” e, ao invés do que usualmente acontece, precisam de acreditar que “até os problemas que parecem não ter solução a têm e a superação parte de cada um”. Não há nada de negação a coabitar na vida, de acordo com as palavras de Paulo Seco, pelo que “vou chegar a amanhã, mas melhor do que hoje”.
Há cinco anos que este poeta angolano radicado em Portugal, reside por terras lusas; porém, descreve-se: “sou do mundo pela maneira de estar, e não por viajar”. Apesar disso, o amor que o move pela sua “terra” é o que o faz (con)viver com as (in)justiças que o acercam. África nem sempre é reconhecida como deveria e Paulo Seco atenta no sentido em que não muito é feito pelas suas origens. Os media podem ser citados como um exemplo “a RTP África poderia fazer mais do que tem feito. Nem 10% daquilo que transmite é África”.
É dado como certo que há muito a ser feito pelo que, como Leonardo Júnior proferiu na introdução, há que preservar a comunicação e atenuar os erros cometidos nas relações, porque, como não podemos esquecer “estes são os laços que nos unem”.


Dois laços unidos no mesmo espaço

Anabela da Silva Maganinho

No comments: