Thursday, April 26, 2007

Corvos comemoram 25 de Abril


O grupo musical Corvos regressou a Matosinhos para mostrar mais uma vez a música ao som de violinos. As comemorações para o 25 de Abril começaram com a peça "Ódio" à qual se seguiu o concerto do grupo. Muitos foram os presentos no recinto elaborado, uma vez que chovia e impossibilitava a realização no exterior.




Anabela da Silva Maganinho

O quão surpreendente pode ser o “ódio”













Entramos na sala, as luzes azuis pairam sobre o palco… parece que vemos as ambulâncias próximas de nós… Fernanda Lapa entra em palco.
No cenário caixas estão envolvidas pelas luzes azuis que numa incessante busca vão sendo apagadas e substituídas por luzes amarelas que iluminaram o recinto da representação.
Tenho consciência que, neste momento, não é a génese de jornalista que está em acção; contudo, para falar da peça “Ódio”, protagonizada pela actriz Fernanda Lapa, é difícil sermos incisivos, objectivos e cingirmo-nos ao facto. A verdade é que os factos são muitos, pois estamos a falar de stress pós-traumático.

Fernanda Lapa regressou a Matosinhos, tal como prometeu, com a peça “Ódio” no passado dia 24. Um monólogo em que Fernanda representa um homem que foi recrutado para a Guerra Colonial e sobreviveu aos combates; todavia, a luta travada foi outra. A luta pela vida de um ex-combatente é numa incessante lembrança de tudo o que aconteceu outrora e que não o deixa dormir, comer ou sequer cheirar. Não o deixa ter uma vida chamada “normal” com uma rotina e emoções. É uma vida de solidão e conflito interior que Fernanda Lapa vai interpretando ao longo de uma hora. O ódio, mas, sobretudo, a dor e o trauma de uma parte da vida na Guerra, combatendo contra tudo o que lhes aparecia e convivendo com cadáveres. A guerra terminou, porém, aquele sofrimento e aqueles momentos retiveram-se na memória que deixou se avançar e estancou em comparação com cada instante vivido em que “as gotas da loucura tramavam-nos a todos”.
“Aqueles momentos foram anos para mim” e o desespero e, simultaneamente, o desejo são enquadrados no contexto da derrota. A perda é a que prima por entre “troféus de guerra, no meio de uma cabeça de espada”. Suportada a tensão sempre vivida e “as experiências que a traumatizaram” continuam a fazer parte da sua vida. “Aqui todos estão mortos” e a morte, na guerra, pode estar em todo o lado.
Uma linguagem abrupta que expele, efectivamente, o trauma que começa “quando cheguei à Guiné estavam a encaixotar mortos”, refere a personagem de Fernanda. São estas as caixas, então, dos mortos, das vidas, da sua vida e das suas vivências, de tudo o que tem e que perdeu. Há uma busca continuada pelas recordações pois é delas que vive. É daqueles momentos que “a seguir vomitamos todos em conjunto e damos de comer às formigas e a outro tipo de bichezas em sofrimento”.
É o medo que se deixa transparecer, “os orgasmos de ódio na catinga da morte” e a canção de embalar “Fogo, fogo, parem as armas, cessar fogo”.

Fernanda Lapa comoveu muitos, uma vez que são muitos os casos detectados em Portugal com este problema. Homens que viveram e mulheres que vivem com o companheiro em permanente angústia.
Em palco, há medida que a representação vai avançando vai-se construindo todo o ambiente de guerra. A guerra que os conduz por medalhas “medalhas para quê? Para depois levarem com um balázio nos cornos”. Quando voltam da guerra é difícil “tive de me adaptar ao mundo outra vez”.
“À medida que o tempo passava tinha a sensação de estar em cima de uma esteira que tapava um buraco bem fundo (…) é a minha alma pesada”. Se há casos em que o apoio não falta, há outros em que os mais próximos abandonam os ex-combatentes. Efectiva-se a solidão em cada passo que dão “os natais passo-os sozinhos… a minha família não quer nada comigo, correu-me com um chuto na peida”.

Vestir a farda é uma palavra sem ordem e, a personagem de Fernanda, evoca ao “tio”. O “sobrinho” é a voz, a voz que está sempre a orientar a conduta, a revolver recordações, é como que uma pessoa que estivesse a falar com ele. Quer-se livrar “dele” mas não consegue, e isso atormenta-o.
As insónias provocadas a cada noite são “a minha maior consumição, mais do que o próprios pesadelos”. A vontade que se despoleta é a de “sumir”, de desaparecer porque “os nossos cérebros estão a perder as massas cinzentas”.
São vidas como que deambulantes em que “Roem as nossas almas sem dó nem piedade. Tiram-lhes tudo, tudo aquilo “que há de bom em nós vai com ele para os anjinhos”. As mentes vivem em constantes buscas ao passado “É um tambor, as baquetas não se cansam, não se partem. Este som agonizante que tenho de suportar.”
No final chega a uma constatação já sabida “Eu sou a agonia em pessoa… a morte”. Sobreviveu mas continua com o sofrimento como se lá estivesse ainda, como se visse igualmente companheiro atrás de companheiro a ser “encaixotado” e os visse serem abatidos ao seu lado. Acorda de noite e os pesadelos e a realidade em que vive é a de outro tempo que continuam a decorrer como se fossem no agora. Daí “Eu sou a vida morta, atirada ao lixo. (…) Eu sou a dianteira e um cão doente. (…) Eu sou a guerra”. Os troféus não são nenhuns e a desvalorização pelos que combateram em prol do nosso país não tiveram quaisquer reconhecimentos. Medalhas em troca de vidas.
A peça finda com a mesma fala com que iniciou: “No meu sonho estou a fornicar uma leoa, ela come-me (…) sobrevivo estando dentro dela. No meu sonho eu vejo uma luz… No meu sonho eu existo sempre e isso faz-me acordar (…)”.

Anabela da Silva Maganinho
P.S. Peço desculpa, mas considero que esta peça deve ser descrita e não sintetizada. “As falas são importantes, tudo o que aqui expus é relevante e, se me cingisse ao relato jornalístico, muito iria faltar… peço desculpa por esta falha e espero que mesmo assim gostem. Falta apenas a magnifica representação da Fernanda!

Viagens para voltar


O ciclo de conferências terminou com as presenças do mexicano António Sarabia, da argentina Maria Fasce e de Alcino Moutinho, visto que Mário Cláudio não pode comparecer. José Carlos Vasconcelos foi moderando a conversa em torno de “O Mundo à Minha Procura”. Destaco três afirmações ditas por cada um dos presentes. António Sarabia reconhece que “Podemos viver numa terra que não conhecemos, conviver numa terra que não conhecemos e sermos felizes, como é o meu caso em Portugal”. Maria Fasce assevera que “só há uma coisa pior do que o perdido, a monotonia”.
Alcino Moutinho, José Carlos Vasconcelos, Maria Fasce e António Sarabia
Alcino Moutinho, que projectou a Biblioteca Florbela Espanca, confessa que “nunca pensei que [o espaço] viesse a servir para exposições, para as pessoas se reunirem e para convívio”. Acabou o seu discurso “escavando as suas memórias”.
Deste modo, deu-se por concluída mais uma edição promissora de “Literatura em Viagem”. E que, no próximo ano, a viagem prossiga e continue a fazer viajar muitos sonhadores.

Anabela da Silva Maganinho

Viagens terminam por este ano




Germano Almeida Rui Vieira






Rui Vieira, Geemano Almeida, António Cabrita e Afonso de Melo durante a conferência




Afonso de Melo
A segunda edição das Conferências “Literatura em Viagem” que decorreram em Matosinhos, terminou terça-feira – véspera de 25 de Abril – com duas mesas que mais uma vez primaram pelos convidados.
Pelas 15.30h iniciou-se a penúltima mesa com o tema “A Sul de Nenhum Norte”. O assunto a debater colocou os presentes do painel numa situação um pouco complicada por não saberem qual a melhor forma de o abordar.
A moderação ficou a cargo de António Cabrita, uma vez que Helena Vasconcelos e Jean Paul Delfino não compareceram, e o repertório constituinte foram Rui Vieira, Germano Almeida (Cabo Verde), e Afonso de Melo.
Após a introdução de António Cabrita a prioridade da oratória foi dada a Germano Almeida pela larga experiência. Este escritor, romancista e jornalista, nasceu na ilha da Boa vista, em Cabo Verde e reúne obras como “O Testamento do Senhor Napumoceno da Silva Araújo” já adaptada para cinema. Geramano Almeida confessa que ao deparar-se com o tema a que foi proposto não se sentiu muito preparado “estaria mais à vontade com “On The Road” ou “O Desejo do Desconhecido”. Ainda assim apresenta bem o seu ponto de vista enquanto “Ilhéu em que normalmente se pensa que o desejo da aventura pode estar no sangue”, mas a Germano o mesmo não acontece: “Enquanto ilhéu sinto-me seguro nas ilhas. Podem ter de a deixar por uma questão de sobrevivência e não pelo espírito de aventura”. Não deixa de analisar o tema sob o ponto de vista que “de facto o norte era ir para Sul” e que “neste momento, quando falamos em viagens temos de falar no tempo”, porque antigamente se demorava muito tempo a realizar as viagens uma vez que o meio o transporte para grandes viagens era o marítimo. Germano Almeida enfatizou o regresso. Há entre ele uma vontade incessante de regresso e é esse o norte. Contudo, não deixa de recordar a única viagem que fez sem norte “de Lisboa para Luanda, em 1972, para cumprir serviço militar em Angola. Era algo que eu não queria fazer. Uma viagem que fiz durante dez dias e sentia que estava perdido.”. De acordo com a opinião e experiência deste cabo verdiano, “hoje, o mundo obriga-nos a viajar a Sul de nenhum Norte, porque é a desconfiança”, o terrorismo pairou sobre o panorama mundial e a segurança e desconfiança são uma constante. No que concerne a livros que marcaram a sua vida a resposta é que “Não há livros que me tenham despoletado a vontade de viajar” e já muitos passaram pelas suas mãos e outros tantos foram lidos. Lugares “há muitos que ainda não fui, pois prefiro ler ou ver através da imagem do que, propriamente, ir lá”. Germano confessa que “viajar cansa e não há qualquer vontade de ir lá”.
A segunda “palavra” atribuiu-se a Afonso de Melo que dispensa apresentações. Ainda assim avivo a memória de quem não associa o nome à pessoa. Afonso de Melo estou Direito, acabando, a posteriori, por enveredar pelo jornalismo, nomeadamente, o jornalismo desportivo. Desde Janeiro de 2004 que efectiva a assessoria na Selecção Nacional de futebol. Não obstante, Afonso de Melo publicou livros como “Tantas vezes tu”, “Portugal em calções”, “Doping – A triste vida do Super-Homem” ou “Uma sombra Laranja-Tigre”, entre tantos outros.
Afonso de Melo assume-se um “viajante compulsivo e gosto de visitar sítios de gente”. Numa outra conferência, o escritor situou “viagens interiores” que contrastam com as viagens da literatura. Durante essa dissertação é lhe questionado pelo moderador acerca da sua viagem à Índia e, ainda que quase que transparecendo uma indiferença, Afonso de Melo emociona-se quando se evoca daquelas passagens. O viajador “por sons” viaja, inclusive, “um pouco porque me limpo um bocado, limpo-me de hábitos incomodativos”. Embora caminhemos para Sul, de acordo com este autor, “e pareça que é no Sul que está o fascínio, a verdade é que somos do Norte”. Afonso de Melo demonstrou nas afirmações proferidas que “há muitas terras que vou justamente, porque é mal empregado haver cidades com nomes estranhos e não irmos lá deliberadamente”. O Sul que outrora, “em 1981/82 quando escrevi um livro, o Sul representava a marca de alguma dor”. Afonso encarava o Sul como algo de negativo e, actualmente, a sua concepção mudou. “Em relação ao que escrevo (viagens) deveu-se muito à mensagem das coisas que foram ditas”, finaliza Afonso de Melo.
Finalmente Rui Vieira que, apesar de algum nervosismo, consegue arrancar alguns sorrisos pelo facto de ser engenheiro. Pela dificuldade de também ele interpretar o tema da mesa, decidiu recorreu à obra de “Lukovski” para enfatizar determinadas expressões. Seguiram-se explicações sob o ponto de vista geométrico “sendo o mundo uma esfera, poderíamos pensar que estamos em todos os pontos”. Rui Vieira deixa evidente a suposição de que todos os Sul estão a Sul e os Norte têm algum Sul. A sua viagem à Tailândia serviu-se para ilustrar o tema e uma mulher que conheceu fizeram-lhe “ver os seus olhos a brilhar. Brilhavam à procura do Sul”. O livro do “Sandokan” é uma referência que até ao ano de 2002 lhe fez viajar. Em 2002, viajou até à Malásia e “não encontrei o Sandokan, mas, em Malaka, ouvi histórias”.
Em suma, as histórias também constituem as viagens e, sendo para Sul ou para Norte, não devemos temer o regresso que podemos descobrir sem sairmos de casa. Como Afonso de Melo referiu “quando alguém procura o exotismo se calhar não preciso de sair de casa”.


Anabela da Silva Maganinho

Tuesday, April 24, 2007

Meta final do ciclo de viagens

A biblioteca Florbela Espanca em Matosinhos vai receber mais cinco elementos que compõem um penúltimo painel do ciclo de conferências “Literatura em Viagem”. Pelas 15.30h irá decorrer a discussão sobre o tema “A Sul de Nenhum Norte” e os convidados são Rui Vieira, Germano Almeida (Cabo Verde), Jean Paul Delfino (França) e Afonso Melo. Helena Vasconcelos moderará o debate.
Não indiferente aos demais, destaco um nome que é familiar a muitos portugueses e, inclusive, a pessoas além fronteiras, falo de Afonso Melo. Este autor de livros como “Doping – A Triste Vida do Super-Homem”, “Cinco Escudos Azuis” ou ainda “Uma Sombra Laranja-Tigre”, estudou outrora Direito para vir a enveredar, posteriormente, pelo jornalismo. Trabalho em diversas publicações até, no ano de 2004, passar a desempenhar a actividade de assessoria na Selecção Portuguesa A, na modalidade de futebol.
A segunda edição de “Literatura em Viagem” cessa com a oitava mesa em que estarão presentes António Sarabia (México), Maria Fasce (Argentina), Mário Cláudio, Alcino Soutino e a moderar José Carlos Vasconcelos.
Lembro novamente que a peça de Fernanda Lapa “Ódio” irá hoje iniciar as comemorações para o 25 de Abril, pelas 21.30h na Galeria Nave, junto à Câmara Municipal de Matosinhos.


Anabela da Silva Maganinho

As viagens da emoção, da perdição ou do conhecimento das civilizações

Sergio Luís de Carvalho, Richard Zimler, Vitor Quelhas, Paulo Nogueira e João Aguiar


A sexta mesa que ocupou uma das salas da galeria municipal, hoje (23 de Abril), coincidiu com a presença de quatro jornalistas em cinco participantes.
Pelas 18horas “Viajar: abertura cultural para a diferença” acolheu um número considerável de curiosos e admiradores da escrita sobre viagens. Vítor Quelhas moderou, então, mais três jornalistas: João Aguiar, Paulo Nogueira (Brasil) e Richard Zimler (EUA). Sérgio Luís de Carvalho nem por isso se sentiu desintegrado na discussão, mostrou apenas um ponto de vista divergente de acordo com a sua visão de historicista.
Paulo Nogueira iniciou o discurso após a introdução de Vítor Quelhas. Apesar de a sua disposição na mesa não ser por esta ordem. Paulo Nogueira teve de esclarecer o seu ponto de vista de imediato, devido a motivos profissionais que o levaram a ter de se ausentar muito cedo. O escritor nasceu no Brasil, ainda que, em 1985, se tenha radicado definitivamente em Portugal. Trabalhou em diversos jornais na área cultural e colaborou em distintas publicações. Actualmente, colaboro com o jornal “Expresso”. “Transatlântico” e “Suicida Feliz” são as últimas obras editadas e a elas se junta “Estamos Todos Tão Sozinhos”, cuja apresentação será feita no mês corrente.
Paulo Nogueira deixou evidente que a solidão pode ser vista de duas formas “solidão do leitor que lê o livro e a solidão do autor que o escreveu e leu”. O tema de abertura deste volume é a diferença, pelo que o autor não deixa de evidenciar que “a situação começa quando o homem pára”. Por entre recorrências e várias obras tais como “Ulisses”, Paulo Nogueira chama a atenção para o facto de que “200 milhões de pessoas vivem e trabalham fora do local onde nasceram”. Caracterizando os escritores como que com «bichos carpinteiros», quando se pensa na entrada de estrangeiros no nosso país deparamo-nos com 23 mil que foram repatriados e chega a proferir uma analogia perante esta condição.
João Aguiar menciona também ele a noção de diferença. Aborda este conceito como forma de riqueza e enriquecimento e, simultaneamente, de contacto; e como um acto de viajar. Este contacto “não é líquido para todas as sociedades” e o que “é diferente ainda é olhado como esquisito e potencialmente mau”. Segundo este jornalista, que já percorreu os três géneros que reveste a comunicação social, “Viajar em si não quer dizer abrir porta alguma”. Podemos igualmente colocar entraves a civilizações e em conhecer verdadeiramente um país e tiramos a conclusão que João Aguiar destemidamente expõe “A verdade é que, cada vez mais, encontramos a mesma coisa quando entramos num aeroporto e saímos noutro (…) aquilo que é o valor da viagem, o contado, o cheirar, o provar e o sentir acontece cada vez menos”. Questionando-se acerca da viagem no sentido de se “o viajar, a viagem, hoje, é o exercício de abertura cultural que foi outros tempos?” demonstra “Eu duvido”. “Abrir as portas à diversidade cultural não deve ser feita apenas nos escritores, mas por todos nós”, finaliza o autor de entre tantos livros “O bando dos Quatro”.
Richard Zimler não debate tanto como os restantes. Muito sóbrio por entre palavras alegres ou irónicas mas de uma simplicidade imune a qualquer situação e a qualquer viagem, fez pairar um ambiente de serenidade e reparo e meditação em todo o auditório. O professor de jornalismo da Universidade do Porto deixa um pouco para segundo plano a visão enquanto jornalista que se resume a retratar os factos e mostra as suas emoções. Richard Zimler perdeu o seu ente mais querido muito recentemente e confessa, por consequência, “ Estou a pensar muito na morte”. Traduz para inglês obras de alguns poetas portugueses; contudo, quando a altura o transporta para outro tipo de acontecimentos o seu tom baixa. Declara perante situações delicadas pelas quais passou que “a parte mais difícil em aceitar a diferença entre a viagem que temos e a viagem que poderíamos ter tido”.
“À medida que vamos envelhecendo vamos vendo que não acontece o que pensávamos que acontecesse há trinta anos” é a isto que Richard Zimler atribui a expressão americana «life crises». “Tenho uma vida boa e esta é a minha vida”, porém, não é por pior que pudesse ser, a vida que imaginava para si aquando da sua juventude.
Richard Zimler assegurou em tom de suma, antes de proferir um excerto acerca dos momentos após a morte do seu irmão no final da década de 80, que “O desafio para todos nós é aceitar esse fosso e continuar a viver com coragem a última fase da nossa vida”.
A última palavra no seguimento do discurso coube a Sérgio Luís de Carvalho que apresentou o mais recente livro “Os Peregrinos sem Fé”. Sérgio Carvalho iniciou a sua fala, primeiramente, dizendo que “não tenho nada a ver com jornalismo a não ser ler jornais e ouvir rádio”. Despoletando alguns sorrisos por entre a plateia, o escritor define as viagens pela utopia. Obviamente que existem outras utopias: as utopias de tempo, de passado ou como crítica política, e claro que há as utopias negativas. No entanto, Sérgio Carvalho incide pelas utopias de viagem como subdivididas em quatro acções situacionais “formulado no Renascimento; «cidade de sol», de Campanela; Francis Bacon e Rabelais”. Seguidamente à sua explanação, o remate incide sobre uma enunciação talvez nunca enunciada, não pelo menos naquele fórum, “uma viagem pode ser uma perdição: não perdição da alma, mas perdição da individualidade”.
Assim, o fosso entre o que era e o que é, como reflectiu Zimler, cria situações quando homem pára reflecte (Paulo Nogueira) por entre o expelir de emoções que se detectam pelo sentir (João Aguiar) e fazem a diferença só por si, como retorquiu Sérgio Carvalho, numa viagem de utopias.

Anabela da Silva Maganinho

Literatura em viagem forma viajantes e viajadores

Filomena Marona Beja, Ondjaki e Senel Paz
Desde Sábado que Matosinhos tem estado mais activo sob o ponto de vista cultural. No Sábado, a mesa de abertura reuniu presenças como Fátima Pombo, Paulo Bandeira Faria, Sérgio Godinho. Não obstante, também elencaram o painel o cubano Senel Paz e o angolano presente na edição do ano passado Ondjaki. A moderação ficou a cargo de Fernando Venâncio que impulsionou o debate sobre o tema “On the Road”.
Seguiu-se à primeira mesa a apresentação de três grandes livros “No céu com diamantes” do escritor cubano; “A cova do lagarto”, de Filomena Marona Beja; e Ondjaki lançou mais um livro da sua autoria intitulado “Os da minha rua”.
A primeira exposição retrata a “educação sentimental de jovens cubanos que fazem a sua formação nos anos 60/70. “No céu dos diamantes” é espelhado um livro que já alguém chamou de «banda sonora». Como Senel Paz mencionou durante o debate “A minha literatura à primeira vista não parece cinematográfica” é apenas a sua “maneira de escrever”, “não são livros ou filmes”.
“A cova do lagarto” desenha toda “a arquitectura do século XX que nasce de Duarte Pacheco”. Filomena Marona Beja escreve uma autobiografia de uma das pessoas que, no fundo, acaba por criar uma nova Lisboa; contudo, que não obteve por todos o mesmo reconhecimento. Com esta publicação, a autora pretende libertar uma figura emblemática há muito apagada que deixou o seu país anos antes de Filomena nascer.
No que concerne à obra literária de Ondjaki “Bom dia camaradas” (2001) é como se compusesse todo o ambiente de preparação para este mais recente livro “”Os da minha rua”. O escritor que é poeta e sociólogo, também se revela na interpretação teatral e na pintura. Estamos a falar de um artista e não apenas de um escritor de viagens, estórias ou contos. Na apresentação do seu livro, Ondjaki destaca que “voltam a aparecer personagens do “Bom dia camaradas” e que consiste em estórias de memória, de uma memória pelo afecto. No término da obra, Ondjaki redige uma carta para “celebrar o facto de escrever livros e de estarmos vivos”. Falar em «estórias» e não em «histórias» pode suscitar questões duvidosas; todavia, o autor explicita que é um palavra portuguesa. Ao utilizar a palavra invoca o conceito que não o profere “em brasileiro, di-lo em angolano”.
Ondjaki deu-me a oportunidade de ser apresentadora do seu livro ainda que só para tirar a fotografia




Anabela da Silva Maganinho



Thursday, April 19, 2007

Literatura em Viagem

O segundo Congresso Literatura em Viagem regressa a Matosinhos de 21 a 24 de Abril.
As presenças de Ondjaki e Richard Zimmler estão confirmadas entre outros grandes nomes da literatura. A biblioteca Florbela Espanca, junto à Câmara do Município, acolherá a iniciativa.
No dia 24, também o teatro regressará à cidade, visando as comemorações ao 25 de Abril.
Fernanda Lapa será a protagonista e, acerca do assunto poderão consultar na entrevista à actriz, inscrita neste blog.


Anabela da Silva Maganinho

Tuesday, April 17, 2007

Cosmética internacional em Matosinhos


A exposição “Expocosmética” esteve em vigor na Exponor do dia 14 a 16 do corrente. Profissionais ou pessoas em que a curiosidade suscitou interesse passaram pelo Centro de Exposições.
Stands internacionais em pavilhões distintos que abarcavam todas as áreas da cosmética e possibilitaram a mudança de visual por intermédio de extensões ou cortes radicais (cabelo) ou a manicura excêntrica ou mais subtil (cosmética). Não obstante, o jet bronzeador e o body painting entusiasmaram os que por lá passaram e não resistiram a experimentar e experienciar novas ou já conhecidas formas de “arte”.

Anabela da Silva Maganinho

Grandes exposições em Serralves






Pinturas de Katharina Grosse e a própria pintora





Serralves acolhe até um de Julho exposições de arte. A sessão de abertura decorreu no passado dia 14 e estará ao dispor de todos os que dirigirem ao recinto.
Jorge Queiroz, Sílvia Bächli e Katharina Grosse estão reunidos num mesmo universo físico, embora contrastem em ideias e em formas de encarar a pintura. “Atoms outside eggs” de Katharina Grosse circunscreve-se a uma distinta forma de pintura. A artista teve a possibilidade de exercer a sua pintura nas paredes e espaços em vez de expor quadros como os restantes. A sua obra é, efectivamente, admirável pela inspiração que transmite e pelos momentos de diversão que proporcionam.
O Museu convida todos aqueles que quiserem a usufruírem de grandes instantes de descontracção e entretenimento e quem sabe poder contactar de perto com estes artistas que podem constituir referências para qualquer um.

A apresentação da exposição das pintoras
Anabela da Silva Maganinho
ps. Os prazeres que a assessoria proporciona. Obrigado Dr. José Menezes

Friday, April 13, 2007

Easyway cancelam concerto

Infelizmente, a notícia que publiquei anteriormente acabou por ser alterada. Os Easyway iam actuar na Bélgica; contudo, devido um acidente de viacção de um dos elementos da banda, o concerto teve de ser cancelado. Danilo apenas partiu a mão o que , ainda assim, o impossibilita de tocar o seu instrumento - a bateria. Desta forma, tiveram forçosamente de cancelar o concerto que tanto entusiasmo já causava. As melhoras Danilo.

Anabela da Silva Maganinho

O palco da vida

Fernanda Lapa, actriz e encenadora portuguesa, regressou a Matosinhos, juntamente com João Cabral e com Ângela Rodrigues, para a exibição da peça “Chavela”. A peça estreou no dia 8 de Março – Dia Internacional da Mulher – e até dia 26 fez-se acompanhar da exposição “Dez mulheres, dez espectáculos”.






O palco da peça "Chavela"




Fundadora da Casa da Comédia, Fernanda Lapa conseguiu impressionar uma das figuras mais ilustres do século XX – Almada Negreiros. Em 1995, fundou a Escola das Mulheres. Entre tantos anos destacamos 1979, ano em que Fernanda Lapa foi bolseira da Secretaria de Estado da Cultura, na Polónia, colocando-se ao seu dispor a possibilidade de estagiar em Teatros do país, nomeadamente no Teatro Stary da Cracóvia. Leccionou durante alguns anos em várias escolas de teatro e na Universidade de Lisboa, embora o que realmente lhe dá o maior prazer é exercer a profissão. Teatro, Cinema e Televisão constam de um tão vasto repertório iniciado profissionalmente no ano de 1963.
Já no virar do século, em 2005, foi-lhe atribuída e Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura e, no mesmo ano, recebeu o Globo de Ouro.

Prontamente se disponibilizou para a entrevista proposta desvendando a cada frase um episódio do gosto pela representação que começou desde muito cedo, “ainda durante a infância”. Fernanda explica que, “contrariamente ao que se possa pensar, nem todos os actores são muito extrovertidos, alguns são tímidos e o facto de se poderem revelar através de máscaras – que é o que são as personagens – ajuda-os muito.”.
Quanto à primeira interpretação e encenação foi na antiga quarta classe, no Colégio Santa Maria de Belém: “A Directora, que comemorava o seu aniversário, era uma mulher muito humana de quem todas gostávamos imenso. Havia, na altura, as histórias aos quadradinhos que se chamavam o “Mundo de Aventuras” e o “Cavaleiro de Andante”; a partir daquelas personagens escrevi um texto. Depois escolhi as coleguinhas para fazerem as personagens, uma das quais interpretada por mim, o Príncipe Valente. Fui o Príncipe Valente, porque ele usava franjinha e o cabelo pelos ombros tal como eu. Consegui, desta forma, entusiasmar as meninas e as suas mães para fazerem os fatinhos”, recorda.
Aos nove anos, Fernanda Lapa arriscava por um mundo que viria a ser o seu ainda que com as diversas repercussões.
Contudo, o seu gosto por tão diversa arte manifestava-se ainda com pequenos gestos como de ligar o Rádio, na Emissora Nacional. “Adorava ouvir as emissões de sábado, às sete da tarde. Coincidiam com o horário em que chegava o padeiro com o pão quente. Esse foi um dos meus prazeres: comer o pãozinho quente com uma barra de chocolate dentro e sentar-me a ouvir as histórias com as vozes e a imaginar cenários, imaginar …”, lembra Fernanda e discorre que, actualmente, este cenário já não se compõe instintivamente, porquanto os mais jovens não precisam de imaginar nada, “são condicionados por aquela imagem, pelos gostos que a imagem impõe.”
A actriz que tem agora o seu nome como um dos grandes nomes da representação revive, por momentos escassos, o tempo de luta para a consagração. Pretendia ir para o Conservatório e para tal era apenas requerida a quarta classe, portanto, “a representação era uma profissão pouco bem vista. Conotavam-se e, ainda de certa maneira se continuam a conotar, actrizes como prostitutas, actores como gente de má fama. E, portanto, os pais burgueses achavam pessimamente que isso acontecesse. Ingressei na faculdade e fui imediatamente para o Teatro universitário, aquando das greves académicas de 1962/63.” As Associações Académicas foram encerradas assim como o grupo de Teatro .
Por esses anos nasceu a Casa da Comédia, onde Fernanda se estreou profissionalmente com a peça de Almada de Negreiros “Deseja-se Mulher”. Esta “Casa” era dirigida por um homem que, segundo Fernanda Lapa era “um poeta do teatro, o Dr. Fernando Amado. Ele viu-me no Teatro Universitário e convidou-me. Tornei-me, deste modo, uma das fundadoras da Casa da Comédia, até que casei”.
Com o casamento e com filhas, a profissão era deveras difícil conciliar, sobretudo quando o marido não apoia. A actriz só podia representar esporadicamente, pois como refere “eram outras épocas”, todavia, “mais tarde, tive a grande sorte de confraternizar e de ser colega do Bernardo Santareno, numa fundação de reabilitação de cegos. Consegui, no fundo, viver bastante o Teatro por dentro: pelas coisas que ele escrevia, pelos problemas com a censura, pelos espectáculos que íamos ver, pelos actores e autores que iam falar com os nossos cegos.” Com esta participação, Fernanda nunca deixou o mundo a que pertencia e, ainda que não cedesse numa primeira fase, Bernardo incentivou-a a largar essas vidas e definitivamente ir para o Teatro: “Só que era muito complicado fazer-se Teatro, uma vez que tinha de se fazer muita porcaria para sobreviver”. O Teatro Nacional estava na decadência, o Teatro de Revista, realmente não o género que despertava entusiasmo em Fernanda. Restava o Teatro Comercial que, de vez em quando, “tinha alguma qualidade mas normalmente era muito mau”, e salienta que “havia uma ou outra possibilidade de fazer coisas mas à revelia, sempre com o coração na boca, temendo que a censura podia proibir. Não estava muito disposta a ceder e a fazer porcarias, portanto, realmente só após o 25 de Abril e das minhas filhas serem adolescentes ou pré-adolescentes, é que eu decidi que sim”, declara.
Regressou à ribalta para dar o contributo, essencialmente ao Teatro que é, sem dúvida a sua paixão, e nunca mais parou.

Anabela (A) – Passadas algumas décadas, quem foi ou continua a ser uma referência?

Fernanda Lapa (FL) - Tenho muitas referências. Tive o grande prazer de conhecer gente que viveu esses tempos muito difíceis, em Portugal, e que foi motor de transformação. Muitos deles já morreram… Vamos falar, sobretudo, nos intelectuais ainda que noutras classes sociais tivessem permanecido, verdadeiramente, homens e mulheres, operários e mesmo camponeses. Pessoas que foram exemplos de vida para mim. Tive a felicidade, e isso ninguém me tira, de viver aquilo que muitas pessoas acham odioso - o PREC. Assisti ao nascimento das cooperativas agrícolas nas quais se vivia a excitação diária, um encanto, a descoberta e a solidariedade. José Gomes Ferreira, Bernardo Santareno, Carlos de Oliveira, Joaquim Namorado, Sophia de Mello Breyner são referências não só artísticas como éticas e de verticalidade, na minha concepção. Inclusive o Almada, que ideologicamente estava a milhas de distância da esquerda, porém, aos génios perdoa-se tudo. Aos 18/19 anos estava a fazer o “Deseja-se mulher” como actriz, ainda ele era vivo, e ele disse-me: “a menina podia ser dadaísta”. Eu fiquei muito aflita, por não saber se seria um insulto, ou o que poderia ser; e enquanto não descobri o que era o dadaísmo não descansei… Tive realmente a grande sorte de encontrar gente que me abriu os olhos.

Fernanda Lapa destaca o “grande prazer de ter uma profissão que gosto muito, ao contrário de muita gente que para sobreviver tem que fazer coisas que não gosta”. Considera-se extremamente privilegiada, porque “faço o que gosto e ainda me pagam”.

A – Será que podemos dizer que a representação vence qualquer barreira e supera o estado de espírito do actor?

FL - Não. Não somos máquinas. Há dias melhores e há dias piores. Seria o ideal - e é isso que tentamos -, que toda a nossa vida privada fique lá fora. Todavia, há uma coisa que também é muito importante: a comunicação muitas vezes não verbal que se estabelece com o público. Sentem-se ondas positivas e negativas. Por vezes enganamo-nos, o silêncio é tão grande e parece haver um bloco de gelo entre nós, mas de repente, o público reage entusiasticamente e é uma grande surpresa. Tudo é muito variável. Os actores não são máquinas são seres humanos, é claro que a técnica é a de conseguir concentramo-nos e actuarmos cada dia no palco em vez da personagem.

Apesar de “pagar bastante facturas” nos anos subsequentes à primeira encenação, Fernanda Lapa desmistifica o facto de ser encenadora. Na época “havia poucas no nosso país e as que perduravam eram consideradas como mulheres sabichonas e portanto ninguém as queria no elenco”, lamenta a actriz.
Ora nada podia parar Fernanda que não se deixava intimidar. Ainda hoje tenta alcançar, sempre que possível os seus objectivos.
A primeira vez que subiu ao palco profissionalmente com a peça “Deseja-se Mulher” ficou “completamente anestesiada”. Não muitas são as coisas que se lhe avivam, era “ uma nuvem de emoção e de confusão”. E são as palavras do Almada que relembra. Ele ia assistir a todos os espectáculos.” A Vampa, personagem de Fernanda, numa cena chorava, tinha as mãos em cima da mesa sobre o rosto e, no instante, caíam lágrimas. Almada Negreiros dizia sempre - “que máscara!”. Já não passava dia nenhum que não estivesse à espera daquele momento. Foi, efectivamente, a expressão que ficou na memória até hoje, perante tão grande miscelânea de sentimentos.

A - E era uma adrenalina que ainda hoje sente?

FL – Penso que hoje ainda mais. Há medida que envelhecemos vamos percebendo como tudo é bem mais difícil. Prova do que acabo de dizer é que na minha primeira encenação fiz, simultaneamente, a encenação e a protagonista, coisa que nunca mais repeti, tal é a inconsciência. Por acaso correu tudo bem. Em contraponto, a última encenação que eu fiz foi a “Medeia” e falharam vários actores para interpretarem a personagem do Mensageiro. O director do Teatro Nacional, António Lagarto, desafiou-me para ser eu a fazê-lo. Contudo, apenas se tratava de um monólogo de cinco minutos. Mesmo assim só o comecei a trabalhar a sério nesse texto cerca de quinze dias antes da estreia. Assim, quando se vai envelhecendo, sentimos que a responsabilidade é tão maior que chegamos a pensar minutos antes de entrar em cena “mas por que me meti eu nisto?! Mas que disparate. Só me apetece é ir embora.”

A - E o público é o mesmo que hoje pode encontrar quando sobe ao palco?

FL - Não. O público de Teatro, nos anos em que iniciei o percurso, era muito diferenciado. Havia o público da revista e do Teatro comercial e o público das poucas coisas que aconteciam, da chamada vanguarda. Dois públicos completamente específicos e mínimos. Depois houve uma explosão, aquando do 25 de Abril: uma explosão de grupos, tendências, estética, público até à grande crise. Surgiram os programas apelativos na televisão, começou a haver uma enorme recessão. Os anos 80 foram terríveis. Na década de 90 a gente nova voltava a aparecer nos Teatros, porém, sem grandes critérios de qualidade. Neste momento, sinto que continua de qualquer maneira a haver públicos diversificados: vai-se a espectáculos chamados espectáculos institucionais e há um tipo de público; a um determinado grupo e há os militantes daquele grupo. Também o público mais jovem começa a estar mais preparado para ver Teatro.

O público representa, para Fernanda Lapa - “medo, tenho medo do público. Um grupo é um grupo, mesmo que não se conheçam entre eles, mas formam um todo que dispara energias que podem ser positivas ou negativas”, e afirma “não quero repetir aqueles clichés de que “amo o público, o público é a minha paixão”, acho que tudo isso são idealizações”. Fernanda Lapa quer comunicar de forma a ser entendida e, porque não? Amada. “É por isso que às vezes os críticos têm grandes ciúmes de nós, porque apesar de tudo os actores são amados”.
Como actriz de longevidade duradoura, a sua predilecção – entre Televisão, Cinema ou Teatro – incide sobre o último, sem dúvida. A paixão pelo contacto imediato e não mediatizado levam Fernanda Lapa para o mundo que espera conseguir, que é o mundo do seu próprio espaço partilhado. Fez Teatro, Teatro-dança, e Ópera com textos de Jean Cocteau, Copi , Arthur Miller, Caryl Churchill, Paula Vogel e muitos outros.

A – Qual o género sobre o qual recai a sua eleição: Teatro, Teatro-dança ou Ópera?

FL –No Teatro-dança e Ópera operei unicamente como encenadora, porque não canto nem na casa de banho (risos). Gosto de encenar seja o que for, para mim é um desafio. Obviamente as pessoas que me conhecem sabem que se tiver de escolher entre dois textos prefiro uma tragédia a uma comédia. Embora considere a comédia muito difícil de fazer. Há tempos e códigos que os ingleses sabem fazer muito bem. Nós, portugueses não costumamos ser tão subtis, pelo que esse tipo de comédia não me interessa nada.

A - Qual considera ser o maior obstáculo que o Teatro tem vindo a ultrapassar?

É sempre o mesmo. É a falta de interesse dos sucessivos governos pelo Teatro. O Teatro foi sempre evitado pelo Poder, por ser um grande meio de crítica: social e política. Agora a censura é outra, são os lobbies. Portanto, quando nos comparamos com os outros países da Europa é uma tristeza. Andam a dar uns míseros subsídios, pensam que as coisas podem ser feitas com tostões, o que serve para desencorajar. Se nos deslocarmos a Espanha as condições, a capacidade, a divulgação, as revistas de Teatro, a promoção, tudo isso e o entusiasmo com que o público vivência a arte do teatro… e os espanhóis não são diferentes pela natureza, foram educados a gostar de Teatro, enquanto nós somos deseducados a não gostar de Teatro.
Estamos constantemente a ser insultados como subsidiodependentes. Parecemos pedintes, quando todos sabem que até o Teatro comercial às vezes não dá dinheiro. O Teatro não comercial, o Teatro que se afirma como Arte é um serviço público, constituindo-se obrigação do Estado.

A - Qual foi a situação mais difícil pela qual já passou no Teatro?

FL - Ontem, dia 23, tive uma branca, algo que já não me acontecia há muito tempo. Devo ter havido outras situações complicadas, mas esta como é muito recente dou-lhe primazia. Esteve cá um público muito específico, pessoas que estão presas, homens e mulheres, e, quando tirei uma arma, ainda que fosse uma arma de brincar, houve uma reacção muito emotiva. Fiquei muito perturbada e tive uns minutos sem saber como continuar o espectáculo por se ter tornado um momento que me emocionou muito.

A - Há alguma personagem que ainda não encarnou e gostaria muito de o fazer?

FL - Acho que milhões de personagens. Há tantas e tão extraordinárias, tão maravilhosas. Sou directora da Escola de Mulheres e normalmente faço as encenações, mas quando represento escolho as personagens que realmente me apaixonam. Já fui Clitemnestra, numa produção que juntava textos de Yurcenar e Ritsos. Interpretei Crisótemis que é a filha da Clitemnestra e irmã pacífica da Electra, numa versão do Ritsos. Gostaria muito de fazer personagens trágicas. Há pouco tempo representei textos de Santareno e a panóplia de personagens masculinas e femininas era tão rica nessa selecção a que chamámos BernardoBernarda, que passei a interessar-me por interpretar personagens com idades, temperamentos e até de Género diferentes de mim.


Desenvolveu acções pedagógicas passando pela Escola Superior de Teatro e Cinema, pelo Chapitô e pela Universidade de Lisboa. No Porto, esporadicamente, prontificava-se para colaborar nos trabalhos finais dos alunos das Escolas de Teatro. “ Não sou professora por profissão porque isso limita muito a nossa vida profissional. Não troco isto por nada.”, assume que é muito cansativo dar aulas “Gosto muito de trabalhar com jovens, mas gosto de trabalhar já na prática, já a encenar , já com espectáculos para fazer para o público”.

A - O que tenta passar essencialmente aos seus alunos e aos apaixonados pela representação?

FL - Normalmente quando me chamam já não é para dar aulas, já é para os trabalhos finais, portanto, é como se fosse uma pré-profissionalização. E o que eu exijo deles é o mesmo que exijo a profissionais: rigor, entendimento do que estão a fazer, criatividade, respeito pelo colega, saber ouvir, respeito pelo público, generosidade, ausência de vedetismo. Não só questões técnicas como éticas.

A- Esses são os primórdios da representação na sua opinião?

FL - Não. Há muitos outros: há o saber respirar, o saber dizer, saber entender um texto, saber-nos apropriar das palavras do autor, dominar um corpo, saber pôr um corpo ao serviço da ideia que queremos transmitir, e tudo isso são técnicas variáveis que têm de ser ensinadas por muitos professores, não somente por um.

No que concerne ao cinema, participou em alguns filmes. Em “Recompensa”, de Artur Duarte, foi protagonista no ano de 1979. Treze anos depois interpreta “Solo de Violino”, de Monique Rutler. Faz e dirige Novelas mas prefere Séries televisivas “O processo dos Távoras”, “Ballet Rose”, “Raia dos Medos” e o mais recentemente “Pedro e Inês”.

A - Assinou vários trabalhos em séries e algumas novelas, nomeadamente Pedro e Inês. Foi difícil toda a elaboração de uma série que remonta idades para muitos desconhecidas?

FL - Não. O que é difícil é esperar. Na televisão, o que acontece é que passamos horas à espera de entrar, maquilhados, vestidos, às vezes com fatos pesadíssimos, com perucas… e quando já estamos com a maquilhagem nos joelhos (risos) e exaustos é que vamos fazer as cenas. Agora fazer cenas de época não, o ser humano é sempre o ser humano.

“Anos mais tarde, em 1995, com um conjunto de amigas fundámos a escola de Mulheres que privilegia o trabalho, a escrita e a problemática feminina no Teatro, assevera Fernanda Lapa.
Concorda que eram tempos difíceis os que viveu, completamente distintos dos de hoje, foi num combate para conseguir um lugar, ou pelo menos o lugar que hoje ocupa. “De qualquer maneira, tudo melhorou, qualitativa e quantitativamente, mas há coisas que não estão resolvidas e basta olhar o panorama do Teatro português, e continuar a perceber que quem domina são os homens”. Há muito poucas companhias dirigidas por mulheres que estão equiparadas aos subsídios das companhias dirigidas por homens. Fernanda revela que não se considera “melhor nem pior do que os melhores que estão aí e, no entanto, sou capaz de ter dez vezes menos subsídio na minha companhia. Não tenho espaço e isso acho que tem alguma coisa que ver com o sexismo, sim”.

A - Juntamente com Isabel Medida tem então a responsabilidade da Escola de Mulheres – Oficina de Teatro de que é directora artística. O papel da mulher no Teatro não é apenas como figurante ou personagem secundária mas como uma pessoa que merece o papel principal?

FL – Não. Suponho que a lei da paridade se devia aplicar ao Teatro. O mundo é composto por homens e mulheres e, se nele constar um défice democrático, presenciamos um mundo mais pobre. Portanto, o que acontece é que durante séculos ou milhares de anos mesmo, eram os homens quem escreviam, eram os homens quem representavam. Não nos esqueçamos que as tragédias e as comédias antigas eram representadas por homens, as mulheres nem punham lá os pés. Mais tarde exibiam-se as divas e as vedetas, mas que mandavam pouco ainda que servissem para chamar público. Geralmente eram patrocinadas por algum aristocrata rico, repartindo-se por uma condição dúplice que lhes era atribuída: de serem actrizes e semi-prostitutas. A actriz cidadã surgiu unicamente no século passado. Deste modo, o que penso que acontece no Teatro mundial e, inclusive, no português é que maioritariamente os temas e as questões que são colocadas em cena são questões masculinas ou sob ponto de vista masculino. Mesmo que se fale das questões das mulheres é quase sempre do ponto de vista masculino. Raramente é a afirmação da voz feminina que é feita em palco.

Efectivamente, actriz de renome que mostrou mais uma vez o talento ao interpretar a vida de umas das grandes mulheres do século precedente. Estamos a falar de Chavela Vargas, uma cantora que apesar de nascida na Costa Rica, se tornou numa figura irreversível da música mexicana.
A peça expõe o amor de duas mulheres – Chavela e Pilar – interpretadas por Fernanda Lapa e por Ângela Rodrigues, contado por um escritor, o actor João Cabral.

A - Como é encarnar a personagem de Chavela Vargas?

FL - É uma personagem interessante, porque toda ela é rica. Não podemos dizer que é uma mulher serena, Chavela foi uma mulher que acabou, consequentemente, por enveredar no alcoolismo como forma de se defender da sociedade machista. A arma que sempre trazia com ela, transmitia essa ideia de defesa; Chavela tinha uma orientação sexual diferente do chamado normal, por ser lésbica. Três factores tornaram-na numa figura extremamente complexa e, para uma actriz, é um bombom conseguir-se pôr na sua pele, não sendo - como eu não sou – nem lésbica, nem alcoólica, nem pistoleira. Embora pareça controverso, todo o ser humano tem tudo (é um cliché mas é verdade), tem tudo dentro de si (podemos ser assassinos, podemos ser bêbados, podemos ser gays,…) é só decidirmos e aceitarmos que podemos ser tudo isso. Descobrir isso dentro de nós e depois colocá-lo ao serviço da personagem. Colocarmo-nos na situação da personagem é a tarefa maior do actor/actriz.

A – A peça foi escrita pelos irmãos Pedro e Filipe Pinto, jornalistas da RTP. Como surgiu a ideia de projectar a peça “Chavela”?

A causadora (maravilhosa) foi a Luísa Pinto que também é a responsável pela exposição das dez mulheres do século. Ela tem feito muitas coisas inovadoras, numa primeira fase muito ligadas à Moda, depois à Moda/ Teatro, para chegar ao Teatro. É a terceira vez que colaboro com a Luísa como actriz - na “Maria Callas”, que estreámos na Expo 98, na “Coco Channel - Uma Mulher Fora do Tempo”. A Luísa foi figurinista em espectáculos da Escola de Mulheres. Agora convidou-me para fazer Chavela Vargas e eu tive o maior prazer de mais uma vez colaborar com ela.

A - O que teria mudado se fosse Chavela?

FL - É muito difícil responder, porque só sendo ela própria. Não podemos julgar e dizer: se fosse eu fazia de maneira diferente. Se fosse Eu, não era a Chavela! Ela viveu e continua a viver a sua vida à sua maneira. Esteve 15 anos completamente alcoolizada, bateu no fundo, e só foi descoberta na Europa já depois de velha. Talvez tenha sido esse o destino que escolheu. Ela é uma sobrevivente e, neste espectáculo, aquele pára-quedas que entra em cena parece-me bem ser o símbolo da sua capacidade de sobrevivência. Se havia vacas lá em baixo quando ela caiu ou não, não interessa nada, pois o que interessa é que ela sobreviveu. E isso é um exemplo de coragem para qualquer mulher.

Contrariamente ao que se possa pensar, o público foi muito receptivo à peça, apesar das circunstâncias envolventes, Chavela e seus actores são aplaudidos de pé sem hesitação. “Temos sempre pessoas no final à nossa espera para nos dizer que gostaram muito. Pensei que, não tanto a questão do alcoolismo e da pistoleira fosse controverso, mas da homossexualidade feminina que é muito pouco falada, fosse alguma coisa que chocasse muito as pessoas. Mas parece-me que o público português está mais aberto a repensar e a encarar as coisas que sempre escondeu.”, revela a protagonista.
Uma certeza podemos atestar, que Chavela tem “o seu papel na sociedade” seja qual forma for evidenciada.
O que suscitou algum interesse foi o facto de os lugares cimeiros para a exibição de peças de Teatro serem os Teatros e os Coliseus. “Chavela” esteve nas instalações da Câmara de Matosinhos ao dispor de todos aqueles que se deslocassem até lá.

A - Qual o motivo que traz esta magnífica peça a este espaço improvisado em Matosinhos?

FL - Isso interessa-me pouco. Tenho realizado espectáculos em grandes e em pequenos Teatros e gosto muito da proximidade com o público. Eu gosto de os olhar nos olhos. Normalmente é o público que se intimida quando os olhamos nos olhos. O Teatro intimo, este Teatro chamado (parece ironia) Teatro de câmara agrada-me muito. Houve um tempo em que as pessoas gostavam muito de ir ver Teatro a salas alternativas. Agora vão sobretudo aos espectáculos das salas institucionais, mas nem sempre são os melhores...

A - Um ambiente mais íntimo com o público estabelecendo-se uma cumplicidade entre personagens e envolvimento por parte dos espectadores devido à proximidade espacial. Ao que se deve este formato?

FL - Sim. Deve-se à falta de espaços tradicionais em todo o pais, nomeadamente no Porto e Lisboa. Aqui, em Matosinhos, parece que vai haver a felicidade de, dentro de pouco tempo, se erguer um Teatro. Esperemos que se cumpra, que seja bom e que o público vá, mesmo que tenha de criar o hábito de pagar bilhete. Sei que as Câmaras nos seus próprios edifícios não podem levar dinheiro; mas o público tem de perceber que o Teatro custa dinheiro.

O ano de 2005 foi o ano de vitórias palpáveis para Fernanda Lapa que recebeu, por mãos do Ministério da Cultura, a Medalha de Mérito Cultural; e o Globo de Ouro pela produção “A Mais Velha Profissão”. Para a actriz são só recompensas significativas sob ponto de vista simbólico; porque para melhorar as condições de trabalho, não serviram para nada”, e continua “Às vezes, até se é castigado quando se tem prémios neste país”.

A - Qual o maior combate da sua vida?

FL – O maior combate foi decidir-me definitivamente para ser mulher de Teatro. Para isso tive de passar por um divórcio e, a posterior, de me afirmar na profissão como encenadora, porque era muito difícil uma mulher se afirmar como tal. Considero que sou respeitada; contudo, esse combate não está ganho, uma vez que ainda sou tratada diferentemente dos meus colegas encenadores e directores de Companhia.

A – A encenação e a interpretação são as duas grandes paixões. Antes de ser encenadora e actriz quem é Fernanda Lapa?

FL - Sou uma mulher como outra qualquer. Cada vez mais caseira, gosto muito de estar em casa e de cozinhar. As minhas filhas estão crescidas e até os meus netos já o estão. Vivo sozinha com a minha cadela. Sou muito independente. Gosto de fazer o que quero sem que me repreendam ou digam que não posso fazê-lo. Deixei de projectar o meu futuro… vivo o dia a dia. Sei que as coisas falham, já tenho muita experiência disso, e depois quando ficamos agarrados a uma coisa sofremos muito. No fundo vivo o dia-a-dia e amanhã logo se verá. Deparo-me com a própria desistência de querer enriquecer alguma vez. Limito-me a querer ter para viver o quotidiano. Agora o sonho de fazer Teatro e de fazer em melhores condições, cada vez mais, isso não se perdeu e continuo a lutar por ele. Não só por mim, mas, por exemplo, pela minha filha mais nova, a Marta que está agora a fazer a sua primeira encenação. Gostaria muito que ela tivesse no futuro, condições diferentes das que tenho tido.

Fernanda não projecta num futuro isolado, consistente quanto às suas ideias apenas deposita atenção no que realmente está para acontecer “vou repor neste espaço o último espectáculo que fiz como actriz. A encenação de um homem que não é do Teatro, que é da dança – falo de Francisco Camacho. Escrito por um jovem, o texto retrata situações de stress pós-traumático na Guerra Colonial. Um problema que não só acerca homens que vão combater para a guerra, como as respectivas mulheres. Fernanda enfatiza que “o projecto que agora me está a entusiasmar mais e que me vou lançar a ele com unhas e dentes é a “Sonata de Outono”, de Bergman. Como actriz faço a mãe, a Beatriz Batarda faz a filha e o Rogério Samora será o genro. Ao mesmo tempo, vou co-encenar com uma mulher de cinema a Margarida Cardoso, que no cinema fez “A Costa dos Murmúrios”. É a primeira encenação dela e faremos as duas, para que eu não tenha de estar fora e dentro. Será uma co-produção da nossa Companhia com o S. Luís, em Novembro”.

Fernanda Lapa não vive de sonhos concretos, contudo, paira sobre uma realidade absoluta a ambição de “ter um espaço – um Teatro, um Teatrinho – e apoio para manter uma companhia. Como, presentemente, só ganhamos quando estamos a produzir um espectáculo, não podemos desenvolver um trabalho de workshop, de avançar para linguagens novas em conjunto, porque não temos um sítio, um local de trabalho, um espaço próprio com um elenco fixo”, expõe a actriz.
Fernanda Lapa trava brigas a cada passo, todavia, não estanca em si a vida que decorreu e aquela que estará vindoura em cada degrau que sobe para o palco, mesmo quando as cortinas estão prestes a fechar.

Anabela da Silva Maganinho

Mickael Carreira em Matosinhos


Mickael Carreira vai estrear-se em Matosinhos no próximo dia 21 do corrente, visando a sua promoção e a divulgação do seu álbum de estreia "Mickael". O recinto do espectáculo será o Pavilhão dos Desportos e Congressos da Cidade e os preços rondarão os 10€ e os 12,50€. O concerto terá início às 21.30h e contará, com certeza, com um grande número de fãs prontas para ouvir a revelação do ano com "Dou a vida por ti", "Amar" e "Baila para mim", entre outros temas.
Anabela da Silva Maganinho

EzSpecial (en) cantam o público com novo single, o álbum está à venda


Os EzSpecial lançaram o novo cd intitulado “Alguém como tu”, na segunda-feira. Com um novo vocalista, que acaba por alterar a formação inicial, a banda que fora conhecida por “lalala ohh” agora canta em português. Podemos ouvir o single “Sei que sabes que sim” nas Rádios Nacionais. Quanto a concertos estará para breve a apresentação online da agenda. É esperar para ver. Ricardo, o ex-vocalista, decidiu enveredar por uma carreira a solo. Esperamos pelo seu álbum de estreia.
Anabela da Silva Maganinho

Tuesday, April 10, 2007

Paulo Gonzo ao vivo


Ao comemorar 20 anos de carreira a solo, Paulo Gonzo decide lançar um CD unplugged com os melhores êxitos de duas décadas de sucesso. Incluindo um DVD, este álbum "ao vivo no Coliseu" reúne singles como "Dei-te quase tudo" ou "Sei-te de cor", faixas que têm rodado muito pelas Rádios de todo o país. O concerto contou com presenças como as de Olavo Bilac, Rui Reininho (na foto) entre outras presenças ilustres do mundo da música.
Anabela da Silva Magninho

Easyway rumo à Belgica


Os Easyway estão a ver o seu sucesso a ir de vento em poupa. Para os fãs da banda fica a novidade: os Easyway estão prestes a lançar o seu CD na Bélgica. Não deixem de acompanhar o percurso destes rapazes lusos, pois ainda vão dar muito que falar.
Anabela da Silva Maganinho

Não num domingo mas numa terça...




Domingos Paciência concedeu hoje uma entrevista que será em breve publicada neste blog e no site www.islagaia.pt/superior


O ex-treinador do Leiria conta um pouco de toda a sua carreira e esclarece as razões que o levarão ao despedimento. A sua palavra acerca dos jornalistas não deixa de ter o seu quê de verdade... talvez o que ele não saiba é que sou benfiquista, mas isso... também nao interessa nada até porque não sou jornalista. Gosto dos jogadores pelo trabalho desempenhado e pelo talento não por clubismos. Mas então na próxima semana penso que já a publicarei neste endereço.






Anabela da Silva Maganinho

Thursday, April 5, 2007

Afoga...mento


Um jovem surfista quase se afogou ontem, pelas 16.30h, na praia da Leça da Palmeira junto ao paredão. Ao aperceberem-se da situação, outros surfistas alertaram as autoridades competentes que, de imediato, compareceram no local. A operação de salvamento, que demorou cerca de 20 minutos, estava dificultada pela forte corrente do mar. Ainda assim, a polícia marítima conseguiu socorrer a vítima.


Anabela da Silva Maganinho

Monday, April 2, 2007

Petardos novamente em acção


Mais um derby, mais confusão...

FC Porto deslocou-se à Luz para defrontar o SL Benfica. Dragões e Lampeões queriam defender as cores das camisolas, mas não mostraram exactamente o futebol que os adeptos queriam ver, ou pelo menos alguns deles.

O Porto fez uma boa primeira parte adiantando-se no marcador; porém, no segundo tempo a equipa das águias mostrou oportunidades de golo que pareciam não querer estabelecer-se. Por entre cartões amarelos o Benfica acabou por igualar o resultado, fixando assim a marca final.

Mais um empate em clássicos e história de não ficasse o jogo marcado pelo ferimento de adeptos. Cadeiras que chegaram ao relvado, petardos que atingiram pessoas,... será que não se pode ver um derby em segurança? E por falar em segurança: Porque é que a polícia de intervenção fica nos corredores dos túneis e não na parte de cima onde realmente decorrem as coisas?
Fica a questão: será que vamos todos ver o jogo?
Anabela da Silva Maganinho

Festival de artistas







A festa da Rádio Festival decorreu ontem no Pavilhão Rosa Mota pelas 15.15h



O 21º aniversário foi assinalado pela presença de cerca de trinta artistas que cantam em português. A comemoração tinha o desfecho previsto para as 19h; contudo, prolongou-se até cerca das 20h. Com um Pavilhão cheio, milhares de pessoas que se deslocaram com o respectivo bilhete ao recinto para verem mais de perto os seus ídolos. A abertura ficou a cargo de André Sardet, passando ainda pela Pavilhão Rosa Mota Marco Paulo, José Malhoa, Sabrina (vencedora do Festival da Canção), Canta Bahia, DZRT, entre tantos outros.



Os fãs não arredaram pé para verem quem queriam mesmo com o derby Benfica-Porto à porta.









Anabela da Silva Maganinho