Thursday, February 28, 2008

A cidade do Rock

Linkin Park
imagem extraída de www.linkinpark.com

Bon Jovi

imagem extraída de www.bonjovi.com

Linkin Park, Bon Jovi e Metálica são algumas das bandas que vão passar pelo Parque da Bela Vista a partir do dia 30 de Maio. A organização do Rock in Rio tem como intuito "fazer com que o mundo páre para pensar e actuar, efectivamente, para construir um mundo melhor. Seja como gerador eficiente de recursos ou como um poderoso instrumento de mobilização e de sensibilização".


A ideia é que se espalhe a concepção de um "mundo melhor", uma máxima já concebida em edições anteriores, por entre os demais participantes da iniciativa que vai contar com nomes sonantes como Lenny Kravitz, Alejandro Sanz, a galardoada Amy Winehouse e James Morrison.

Não obstante, também nomes conhecidos da música nacional vão estar em palco, tais como Ricardo Azevedo e Lúcia Moniz, Expensive Soul, Moonspell, Sam the Kid e Ala dos Namorados e os Caim.
Caim


Os bilhetes foram hoje colocados à venda a um preço único de 53 euros e o Rock in Rio 2008 prevê receber mais de 90 mil pessoas num espírito que a música é que dá cor à vida.

Anabela da Silva Maganinho

Tuesday, February 19, 2008

A cada 30 segundos

O concerto dos 30 Seconds to Mars, na passada sexta-feira, moveu pessoas de todos os cantos de Portugal e até mesmo alguns países estrangeiros ao Coliseu dos Recreios.
Qwentin abriram a primeira parte do concerto da banda liderada pelo actor Jared Leto e acabaram por ser muito pouco comparado com a energia que os 30 Seconds mostraram em mais de 60 minutos de actuação. Todos os instantes revelaram pontos distintos da banda e, apesar de, no final, ouvirmos dizer "este foi o melhor espectáculo que tivemos até hoje" - e isso sabemos que é sempre dito - a banda correspondeu às expectativas dos fãs.

"Attack", "A beautiful lie" e "The Kill" foram algumas das músicas ecoadas no recinto, mas, a música tocada de início foi a que extasiou os demais: "From Yesterday" consegui-se ouvir mesmo no exterior, em plena rua do Politeama.

Marinha Grande, Porto, Braga, Algarve e Lisboa estiveram unidos no Coliseu dos Recreios e até mesmo Inglaterra e Dinamarca tiveram representações.


A parte mais negativa, se assim poderemos dizer, ocorreu no final do concerto em que somente algumas pessoas puderam estar com a banda. Procedeu-se à distribuição de pulseiras para que aqueles que quisessem pudessem estar frente-a-frente com os 30 Seconds. Aqueles que quisessem por entre as 1500 pulseiras, tendo em conta que estavam no Coliseu mais de 4000 pessoas e que os fãs assíduos da banda são mais de 2500. Podemos tirar uma elação, porventura, desta situação. Dezenas de pessoas esperaram pela banda nas imediações do Coliseu; porém, a banda nem sequer perto passou o que acabou por desiludir aqueles que pagaram e não tiveram as mesmas hipoteses que os outros.


Anabela da Silva Maganinho

Mostraram ser os melhores da Europa

O Kampong saiu vencedor do Europeu de hoquei em sala que decorreu, em Espinho, no passado fim-de-semana. A equipa holandesa mostrou a superioridade frente ao Dinamo Electrostal. A Holanda começou por marcar aos 10' de jogo e passado nem um minuto sobre o tempo Frederik Jonker, o capitão, voltava a stickar para as redes da equipa russa (2-0). O Dinamo ia tentando a sua sorte, mas a bola parecia não querer entrar até aos 33 segundos do primeiro tempo onde conseguiu o primeiro golo (2-1).



Na segunda parte, a equipa holandesa mostrava, mais uma vez, que estava ali para vencer e marcou o terceiro golo por intermédio de Günther (1'). O Dinamo conseguiu concretizar mais um golo aos 10', no entanto, a Holanda não se ficou até ao golo a 5' do final. A formação russa tentou até ao último cartucho aos 25 segundos, mas, efectivamente, foi a equipa holandesa do Kampong que se sagrou vencedora do campeonato europeu ao fixar o (4-3).
Um outro jogo a destacar no torneio foi o encontro entre Académica de Espinho e HC Roma. Um jogo no qual se disputou o quinto e sexto lugares até ao último segundo.

equipa italiana do HC Roma



O início da partida foi bastante equilibrado com stickadas de perigo para ambos os lados, ainda que tenha sido o Roma quem conseguiu chegar primeiro ao golo com 13 minutos decorridos. A seis minutos do final do primeiro tempo Zé Catarino acaba por ver o cartão amarelo (equivalente a dois minutos fora do jogo). E foi este jogador que acabou por dinamizar o jogo com lances bem conseguidos que ultrapassavam, por vezes, a defesa da equipa italiana. A Académica chega ao golo logo no primeiro minuto após ao intervalo. Nem três minutos tinham passado quando a Académica consegue mais um golo colocando assim a equipa da casa na frente do marcador (2-1). O Roma só consegue assinalar mais um golo a aos 11'.

Todavia, a Académica queria sair vencedora do desafio e voltou a marcar (7,21'). A Morales, jogador do Roma, acaba por ser atribuído o cartão amarelo ao minuto 14 e nos minutos subsequentes (1,30' do final) a equipa italiana chega à igualdade (3-3). A equipa portuguesa quer mostrar por que razão estavam a competir no europeu e consegue um remate certeiro a menos de um minuto do final da partida. O Roma ainda tenta marcar mais um golo, mas o tempo não foi suficiente para tal. A Académica saiu vencedora do jogo o que a posicionou no quinto lugar da classificação.

Nesta partida, Zé Catarino e Alessandro Nanni revelaram boas prestações, designadamente nos golos e no jogo bonito que se pode ver.

Zé Catarino, jogador e capitão, da Académica de Espinho (em cima) e Alessandro Nanni (jogador da HC Roma)



Nos restantes confrontos podemos falar em resultados: o HK Jedinstovo perdeu com oHC Valenciennes por 2-4 e o C Kolos-Sekvoya Vinnitsa venceu o Bohemians Praha por 5-2.

Anabela da Silva Maganinho

Empate no Norte

foto da comemoração do golo por José Maganinho

O Leixões voltou a empatar em casa, desta vez frente ao Boavista, a duas bolas. Jorge Gonçalves acabou por ser o homem do jogo pela exibição e por ter sido o jogador que assinalou os dois golos da formação do mar.

O Boavista foi o primeiro a marcar, no entanto, era o Leixões quem comandava os lances da partida. Charles Obi chegou ao golo (53') e o Boavista queria assegurar o resultado que o colocava na frente do marcador. Mas nem por isso o Leixões deixou de tentar alcançar os três pontos. Sempre a liderar a partida, os leixonenses superaram os jeitos mais agressivos dos axadrezados e conseguiram chegar ao empate por Jorge Gonçalves. O camisola 19 do Leixões marcou perto do minuto 70 e colocou a equipa do mar em igualdade quantitativa. Passados cerca de 10 minutos Jorge Gonçalves bisava e era o Leixões que via a vitória. Contudo, o resultado não vingou e a quatro minutos dos 90 Marcelão marcava o golo do empate do Boavista.


As equipas do Norte não sairam satisfeitas do encontro e o jogo valeu pelo desempenho do árbitro Pedro Proença e dos auxiliares no cumprimento das funções.



Substituições:

50' substituição do Boavista - Jaime Pacheco tira Mateus e coloca em jogo Zé Kalanga.

59' substituição do Boavista - Hussain entra e sai Laionel.

60' substituição do Leixões - entra Paulo Machado na saída de Diogo Valente.

61' substituição do Leixões - Pedro Cervantes entra com a saída de Jaime.

70' substituição do Leixões - Ezequias sai e entra João Moreira.

76' substituição do Boavista - Luís Loureiro e sai Gilberto.



Cartões:

amarelos

17' Gilberto, 21' Laionel, 34' Mateus e Marcelão 46'.

75' Charles Obi.


Golos:

53' Charles Obi (0-1)

71' Jorge Gonçalves (1-1)

80' Jorge Gonçalves (2-1)

86' Marcelão (2-2)


Anabela da Silva Maganinho

Sunday, February 10, 2008

Directo aos quartos



O Gil Vicente venceu, hoje, em casa, o Leixões e passou aos quartos-final da Taça de Portugal.
A partida iniciou-se com lances de ataque de ambas as partes e prometia vir ser uma partida com muitos golos. No entanto, o Leixões começou a baixar o rendimento e não mostrou a garra da equipa que subiu à primeira liga. O Gil Vicente mostrou a supremacia com lances ofensivos que chegaram a assustar Beto.


A saída para o período de descanso não surtiu grandes efeitos, visto que apenas era a continuação do que tinha terminado com o primeiro tempo. O Gil Vicente estava destemido e continuava a tentar a sorte nos remates, ao invés do Leixões que era conduzido pela formação gilista.
Os 90’ não foram suficientes para a concretização e o marcador mantinha-se inalterado. A subida ao relvado para o prolongamento trouxe um Leixões mudado, com vontade de vencer o encontro; todavia, a equipa do mar não conseguiu chegar ao golo. O Gil Vicente continuava a atacar e eis que aos 6' do segundo tempo do prolongamento Diego Gaúcho chega ao golo. Num livre de João Pedro, o jogador aparece e cabeceia para a baliza de Beto. O guarda-redes costuma sair em situações destas, mas hoje foi a excepção à regra. O remate certeiro que dá a vitória ao Gil Vicente num jogo em que o galo mostrou que sabe cantar mesmo em alto mar.


Substituições:
65' Substituição Leixões sai Nwoko entra Paulo Machado

69' Substituição Gil Vicente sai Zezinho entra Zongo

77' Substituição Gil Vicente sai Luís Miguel entra Luís Coentrão

80' Substituição Leixões sai Jorge Gonçalves entra João Moreira

82' Substituição Leixões sai Castanheira entra Hugo Morais

97' Substituição Gil Vicente sai Macielentra Tiago André


Cartões:

Amarelos

42' Ezequias

51' João Pedro

56' Hermes

58' Élvis

96' Nuno Silva



Golo:

111' Diego Gaúcho

Anabela da Silva Maganinho

Ao alto nível

Alessandro Nanni aquando do europeu de hóquei em campo
O Eurohockey indoor de clubes vai decorrer, em Espinho, nos próximos dias 15, 16 e 17 de Fevereiro.
A alta competição regressa a Portugal após o campeonato que, no ano transacto, acolheu selecções europeias de hóquei em campo, em Oeiras. O palco das emoções passa de campo a sala, visto que estamos a falar num indoor, e é o Norte do país, nomeadamente a cidade de Espinho, que se prepara para receber equipas internacionais da Ucrânia, Croácia, França, República Checa, Rússia, Holanda e Itália.
A Associação Académica de Espinho vai ser a equipa anfitriã deste europeu que acolherá equipas muitos fortes de que é exemplo a HC Roma, na qual actua o internacional italiano Alessandro Nanni.
O campeão apenas poderá ser conhecido no Domingo, no entanto, poderemos assistir ao desempenho das melhores equipas do espectro nacional de forma a conseguirmos ver qual a que vai concretizar da melhor maneira.

Anabela da Silva Maganinho
Em Oeiras estivemos com Nanni e realizamos uma entrevista ao internacional que se encontra em posts anteriores deste blog.

Thursday, February 7, 2008

O homem reflectido por detrás da personagem

Alexandre Borges, que desempenha a personagem de Dr. Escobar em “Desejo Proibido”, voltou a Portugal para reviver a terra que reúne as suas origens. O rei do Carnaval da Mealhada de 1996 regressou ao trono 12 anos depois e efectivou mais um desfile da sua vida.
O interesse pela representação suscitou desde cedo em Alexandre; no entanto, o empenho e o trabalho moroso foram fazendo parte de cada traçado do seu caminho enquanto profissional. Estreou-se no teatro, tendo percorrido os palcos cinematográficos, e foi nas telenovelas que conseguiu o protagonismo que hoje reúne por entre brasileiros e portugueses.
Bruno foi um dos primeiros papéis que teve de interpretar no «grande ecrã» e esse tempo parece longínquo se estivermos defronte o percurso de Alexandre por “Laços de Família”, “As filhas da mãe”, “Celebridade” ou “Belíssima”. Desempenhos distintos por várias personagens que integram o repertório de um só actor.
Actualmente, cabe-lhe encarar Escobar, um psicanalista que se apaixona pela paciente Ana e que o junta novamente à actriz Letícia Sabatella, após a emocionante história de amor que interpretaram em “A Muralha”.
Alexandre esteve três dias em Portugal e deixou a promessa de tornar a terras lusas para novos enredos.

Anabela (A) – Antes de sabermos um pouco acerca da passagem que o marcou em Portugal gostávamos de saber como foi a sua entrada no mundo da representação e como surgiu o gosto por esta arte.
Alexandre Borges (AB) –
O teatro apareceu na minha vida um pouco em função do meu pai. Somos de uma cidade no litoral de São Paulo chamada Santos e o meu pai é director de teatro. Os meus pais separaram-se quando eu era muito pequeno, tinha apenas três anos, e eu costumava passar os fins-de-semana e as férias com o meu pai. Posso dizer que cresci com ele a fazer teatro nos bastidores e participei, inclusive, em peças de teatro amador infantil. A minha mãe também tinha um lado artístico. Ela era bailarina, os meus tios tocavam música, não obstante, à minha avó que era muito ligada ao palco e às artes. Aliás, resolvi homenageá-la ao adoptar o nome artístico Borges, por ser uma mulher que sempre batalhou muito para que um dos filhos fosse artista. Ela acabou por falecer e, de repente, eles tiveram de rumar noutras direcções para sobreviverem. A junção destes aspectos acabou por me levar até à representação.

A – E recorda como foram dados os primeiros passos enquanto actor?
AB –
Na adolescência, já estava ligado ao teatro com peças infantis. Entretanto, terminei os estudos, mas não enveredei pela faculdade. Ao completar os 18 anos fui para São Paulo e aí queria, realmente, ser actor. Ingressei num grupo de teatro e comecei a fazer teatro e a aprender com os grupos que lá existiam. Permaneci na cidade nove anos e persisti na batalha de iniciante. A partir daí as coisas foram acontecendo. Tive a oportunidade de vir para Portugal através do teatro, em 1986, e estar no Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI), no Porto. A posteriori, apareceu o cinema ao qual se seguiu a televisão e as coisas foram-se engrenando.

A – Numa entrevista brasileira mencionou que pensa que se iniciou um pouco tarde. Referia-se a encetar tardiamente na representação ou nas telenovelas?
AB –
Nas telenovelas. Não é que tenha começado tarde. Comecei na hora certa, por que considero que cada pessoa tem a sua carreira e o seu momento e não existe uma regra no meio artístico. O momento certo é uma coisa muito específica de cada um. A televisão surgiu numa altura em que eu já fazia teatro e, portanto, já tinha alguma experiência. Acredito que se tivesse começado muito novo não ia ter «bagagem artística». Então, veio no momento certo, mas com nove anos de carreira profissional no teatro.

Com participações no teatro, no cinema e na televisão Alexandre Borges revela que “o teatro é a casa do actor” e isso tem uma razão consistente, uma vez que “é o [palco] que reúne os textos clássicos, todas as personagens maravilhosas, os grandes autores… peças modernas da Rússia, de Inglaterra, da Itália, do Brasil, de Portugal”.
O actor revela que o teatro é “uma coisa muito ampla de onde advêm a televisão e o cinema”, uma vez que estes meios surgem pela “arte dramática”. Ainda que goste muito da televisão por ser um veículo popular que chega a todos é “o teatro [que] vai ser sempre o lugar onde vou procurar estar, onde vou estar mais à vontade, onde vou poder, realmente, exercer em pleno”.
No entanto, importante é conseguir proporcionar a qualidade às pessoas “que muitas não têm condições, nem financeiras, para irem ao teatro ou ao cinema e é por intermédio da televisão que é dada essa oportunidade: a oportunidade das pessoas se identificarem, de sonharem e de terem o seu momento ali”.

A – Na diversidade de interpretações que uma personagem pode exigir temos em conta que costumam identificar-se duas tipologias – o vilão e o bonzinho. Sobre qual recai a sua eleição no mundo da expressão?
AB –
Acho que essa variedade é que é interessante. É mau quando fazemos apenas um tipo de papel. O Escobar é um rapaz apaixonado que irrompeu num momento importante. Na mini-série “Amazónia”, fui um herói, uma pessoa que lutou por um ideal. Todavia, também tive personagens como o Danilo, de “Laços de Família”, que era um malandro (Alexandre ri-se quando fala no «cafajeste») ou como o Alberto de “Belíssima”.

A – No que concerne à interpretação, qual é o que exige mais trabalho?
AB –
Todos dão trabalho, mas, ao mesmo tempo, dão muito prazer. A personagem é sempre um enigma: está lá, no entanto, nunca sabemos. Até o conseguirmos entender, desenvolver e dar vida é sempre um mistério que exige dedicação e concentração. Obriga-nos a preparar e a recorrer à fantasia pela criatividade. Às vezes, conseguimos pegar num caminho e é, justamente, o que pretendemos; outras lutamos muito, pensamos e depois não sabemos como vamos fazer e a personagem não se obtém.

A – O que é que se torna mais difícil de lidar, no Brasil, para um actor como o Alexandre? As muitas fãs em redor?
AB –
Não, isso não é difícil (risos). Penso que a pior coisa, para um actor, é ser ignorado. Não termos uma voz, nem uma forma de atingir alguém. Nesse sentido, enquanto estiver a atingir as pessoas, pela empatia, estou feliz. A – Neste momento está no lado oposto do oceano Atlântico, está novamente em Portugal, qual a opinião que emite em relação aos portugueses e ao próprio país?
AB –
Tenho uma história antiga com Portugal. Desde 1986 que venho cá e cheguei mesmo a morar no Porto durante um ano (1989-90). Já filmei aqui um filme estrangeiro de Walter Sales e, depois disso, retornei com o teatro para a peça “Os dois perdidos numa noite suja”, protagonizada ao lado do actor português José Moreira. Além disso, eu e a Júlia trouxemos a “Eu sei que vou te amar”. Portugal é um país muito próximo. As pessoas são muito próximas, ainda que considere que cada país, cada povo, tem as suas características. Não raras vezes podemos pensar que [portugueses e brasileiros] são pessoas muito parecidas; contudo, não são. Falamos a mesma língua, mas nem o português é brasileiro nem o brasileiro é português e essas diferenças têm de ser respeitadas, por que é bonito. É isso que é bom quando eu venho cá: sinto a minha raíz, de onde veio a minha língua, sinto a minha origem, mas sei que sou diferente e sei que vocês são diferentes. Penso que é por isso que convivo muito bem, tenho grandes amigos portugueses e identifico-me bastante com este país.

A – Após o desfile em 1996 foi convidado, novamente, para o desfile de Carnaval. Qual poderíamos dizer que seria o desfile da sua vida?
AB –
O primeiro desfile que fiz aos 12 anos com o meu pai. Estávamos numa ala de artistas, em Santos, numa escola chamada X9 e eu saí de malandro, chapéu panamá, todo de branco e cravo vermelho. Foi o meu primeiro desfile e, efectivamente, foi uma coisa inesquecível para mim. Desde então sou apaixonado pelo samba e pelo Carnaval.

Alexandre Borges sente-se, neste momento, concretizado; porém, assume que “a vida é cheia de surpresas”. Confessa que é uma pessoa realizada por ter “uma família linda, pessoas que amo muito, além disso, amo o meu trabalho e tenho a oportunidade de exercê-lo”. Gostava de ainda vir a interpretar Édipo Rei, uma personagem da tragédia grega, com a qual se identificou, por ter “um pouco a ver com o meu momento, inclusive de idade. Acho bonito, mas é um projecto sobre o qual é preciso ter dedicação, tempo e uma boa produção”, revela o actor ao referir que este é um trabalho subsequente que pretende fazer.
É pelo trabalho que se tem dado a conhecer aos milhares de pessoas que o vêem, conquanto, além de personagem, Alexandre é uma pessoa que tenta sempre fazer melhor para merecer as coisas que tem e, para isso, “procuro estar sempre a aprimorar-me de forma a conseguir melhorar”, revela. Aos 41 anos, admite que há, ainda, muita coisa para ser feita e muitos sonhos para serem postos em prática: “tenho muitos sonhos e muitas coisas pela frente, mas vivo muito o dia-a-dia e encaro a vida como um dia após o outro. Gosto de olhar para trás e ver o que aconteceu. Olhar para o presente e ver o meu filho aqui comigo, a divertir-se, a conhecer um país novo que vai ser tão importante para ele nos estudos. São essas coisas que valem a pena que fazem sentido na vida e eu estou muito agradecido por isso”, assevera.
A telenovela em exibição vai ocupar o casal Alexandre Borges e Júlia Lemmertz até ao mês de Maio e só quando essa interpretação estiver concluída é que vão começar a planear outra etapa: “com a novela é difícil envolvermo-nos noutra coisa. Estou à espera que ela acabe para pensar em algo para o futuro, mas, com certeza, vou querer descansar”, afirma o artista. No entanto, e por serem profissionais da arte, estão a pensar trazer um novo projecto para o nosso país. Alexandre escreveu uma peça “de um casal, dois actores, que integrariam uma produção pequena”. Falta só a “coragem para pôr em prática” que Alexandre confessa ainda não ter por ter vergonha, “mas este era um projecto que eu queria fazer”.
Com um filho já crescido, o casal também tem em conta o bem-estar daquele que quer ser jogador de futebol. Miguel não parece querer seguir as pisadas dos pais, porém, o que é relevante, para Alexandre, é que “ele seja uma criança alegre, participativa, respeitadora e o que vier vai ser bem-vindo”.
A complexidade de uma personagem pode traduzir-se na simplicidade de uma pessoa, homem e pai, que aproveita cada momento como se se tratasse da última cena para a longa-metragem que não carece de guiões.

Anabela da Silva Maganinho

Monday, February 4, 2008

Nem a chuva pode parar


Alexandre Borges, acompanhado pelo padrinho Óscar Magrini, alegraram o Carnaval da Mealhada, no primeiro ano em que o corso não pode circular pelo exterior.
Alexandre Borges surge por entre uma instituição de pessoas portadoras de deficiência, que se reuniram junto à escola Paquetá, e é, nesse momento, que se enceta no samba dos portugueses. O actor regressou a Portugal – subsequentemente a ter sido rei no ano de 1996 –, desta vez com o seu filho, e espera poder desfilar amanhã no corso do «Carnaval mais brasileiro de Portugal».
Com a chuva e o vento a assombrarem o «Domingo gordo», por todo o país vários foram os desfiles cancelados; no entanto, a Mealhada concedeu uma alternativa sem cobrar bilhete. Numa tenda gigante, que se encontrava nas imediações do recinto, estava montado um palco para a animação nocturna e foi nele que actuaram as escolas de samba. O ano de trabalho foi reconhecido à escola Sócios da Mangueira que se sagrou, pelo segundo ano consecutivo, campeã. E nem o mau tempo conseguiu estragar a alegria contagiante dos sambistas e dos foliões que não faltaram aos festejos.
Óscar Magrini acabou por comparecer na festa carnavalesca que tem apadrinhado ao longo dos anos. Dispensado das gravações, o actor voltou a terras lusas e, para os mais curiosos, estejam atentos à novela “Duas Caras”, por que Óscar vai dizer à esposa que vem à Mealhada.


Anabela da Silva Maganinho

Ps. Alexandre Borges concedeu-nos uma entrevista e nela mostrou a simplicidade e a simpatia que nem sempre se podem ver em pessoas com um curriculum invejável como o dele. Foi nela que Alexandre nos deu a conhecer que já viveu no Porto…

Friday, February 1, 2008

Não inventaram e foram mesmo uma banda

Paulo Vintém


Os DZRT anunciam o final da carreira com o concerto que se vai realizar no próximo Domingo, no Pavilhão Atlântico, e que vai contar com a colaboração de músicos de renome nacional.
Com 13 discos de platina, a banda de Angélico Vieira, Vítor Fonseca, Paulo Vintém e Edmundo Vieira despede-se dos fãs após o estrondoso sucesso advindo da participação na série Morangos com Açúcar.
Nunca pensaram que o sucesso fosse em tão enorme escala e recordar três anos e meio envolve evocar Coliseus, Pavilhão Atlântico entre outros grandes concertos. Angélico Vieira
Os elementos põem término à carreira não por desavenças – até por que a amizade não irá sofrer qualquer abalo – apenas chegou a hora de seguirem com os seus planos individuais e continuarem com os projectos que já eram paralelos à banda.

Edmundo Vieira

Zé Pedro, da banda Xutos e Pontapés, Paulo Gonzo, Rita Guerra, Pedro Khima, Zé Manel, dos Fingertips, os Corvos e as «moranguitas» Just Girls vão assinalar a presença no espectáculo que, com certeza, vai deixar saudade.
“Este é o caminho a seguir” para os rapazes que cativaram pessoas de todas as idades e passaram por grandes eventos de que é exemplo o Rock in Rio.
Para eles tanto fazia que dissessem coisas boas ou coisas más, pois o sonho era aquele que os comandava e foi bem mais do que isso, uma vez que conseguiram deixar o marco na música portuguesa.

Anabela da Silva Maganinho Vitor Fonseca

(Pros)seguir na vida com o futsal



Israel marcou mais um golo, no jogo de fim-de-semana, ao serviço do AR Freixieiro. O internacional começou o percurso no futsal tarde, como ele próprio considera; no entanto, cedo se sagrou um dos melhores atletas da modalidade senão dos mais reconhecidos no espectro nacional.
Aos 17 anos decidiu aceitar o convite de um amigo para realizar um torneio e foi, então, que suscitou, em Israel, o gosto pela modalidade. Durante seis meses mostrou o seu futsal ao Carvalhosa e, decorrido esse tempo, deu “o salto para o Miramar». A experiência vivida no clube possibilitaram-lhe a ida para o Boavista “onde, realmente, comecei a jogar mais a sério”, como recorda o número 8.
Outrora jogador de futebol de 11, Israel acaba por não perdurar no desporto-rei por não ser, efectivamente, uma actividade que o despertasse e, a partir do momento, em que encetou “pelo futsal gostei, interessou-me e acho que é uma modalidade muito mais atraente do que o futebol de 11”, explica Israel. O jogador acrescenta que “pessoalmente não gosto de apanhar frio, não gosto de apanhar chuva” e todos estes factores decretaram a sua decisão. Foi, justamente, no Miramar que conheceu o seu ídolo – Márcio – que ainda hoje prevalece, ainda que tenha outras referências: “eu tive o prazer de jogar com ele mas, entretanto, ele deixou e apareceram outros”, revela.
O Sporting surgiu na vida de Israel numa altura oportuna e foi lá que acabou por se afirmar neste mundo, sagrando-se campeão nacional.
Com mais de 50 jogos ao serviço da selecção das quinas, o atleta sente-se orgulhoso pelo que conseguiu até aqui. De momento, encontra-se no Freixieiro e espera arrecadar mais um título não só por ele, mas por todos aqueles que apoiam o clube, quer sejam os dirigentes ou a população da cidade.
Consciente da proximidade do término da carreira, Israel ainda tem muito para dar à modalidade e o mundial será, com certeza, uma competição em que o contributo poderá ser frutuoso.

Anabela (A) – Como rememoras a tua passagem pelos vários clubes: Carvalhosa, Miramar, Boavista, Sporting e, actualmente, o Freixieiro?
Israel Alves (I) –
Recordo todas como excelentes épocas. No plano colectivo, as épocas no Sporting foram, definitivamente, as melhores. Tornei-me profissional da modalidade com 26 anos, por que até então foram épocas de aprendizagem, sobretudo as primeiras. No Miramar aprendi muito, pelo Boavista consegui um pouco a confirmação e, posteriormente, ao serviço do Sporting deu-se o salto. O que sou, sem desprestígio para os outros clubes, devo-o, principalmente, ao Sporting.

A – Sempre quiseste vir a ser jogador ou tinhas em mente exercer outra profissão?
I –
Nunca pensei fazer vida de futsal, sinceramente. Queria ser veterinário, mas não tinha muita vontade de ir à escola, logo nunca segui. Até aos 26 anos nunca fui profissional de futsal: trabalhava e conciliava com o futsal à noite. Quando surgiu a possibilidade de me tornar profissional fiz uma opção da qual não me arrependo minimamente. Perdi algumas coisas, ganhei muitas mais; porém, foi uma escolha que tive de fazer e considerei que seria compensador sair do trabalho onde estava e decidir-me por ser profissional.
A – E não é difícil ser um profissional de futsal?
I –
Não. Eu comento muitas vezes com os meus companheiros que temos o privilégio de fazermos aquilo que gostamos, sermos bem retribuídos por isso, não obstante, ao muito tempo livre que temos. Em muitos empregos, que era o caso de onde eu estava, as pessoas trabalham 8/9 horas diárias e, infelizmente, são remuneradas muito por baixo. Perante essas realidades não nos podemos queixar, antes pelo contrário, só devemos é agradecer o dom e o privilégio de sermos profissionais de futsal.

Israel é caracterizado, dentro de campo, como um jogador com feitio difícil e o internacional acredita que sim, “agora acima de tudo defendo, intransigentemente, a equipa onde estou e dou tudo aquilo que tenho e, às vezes, aquilo que não tenho”, afirma, “muitas vezes jogo aleijado, não me pagam para isso, mas eu não consigo viver de outra maneira. Dentro de campo, vou buscar forças onde nem eu sei que as tenho”.
Fora das quatro linhas, volta o Israel em que tudo está bem para ele “pelo que me dizem, sou cinco estrelas”. Uma pessoa como as outras que vive uma vida normal “que adora estar em casa e estar com os amigos”. Não prescinde de, após um jogo que envolve muita adrenalina, “estar em paz e sossego, com a filha que é a minha «maior dor de cabeça»”, confessa Israel com um sorriso.

A – Como recordas a primeira vez que a entraste em campo a fim da disputa das verdadeiras competições?
I –
Muito nervoso, ainda hoje é assim. Recordo-me que entrei no balneário do Miramar, que foi o onde efectivei o primeiro jogo como sénior, e vi aqueles jogadores todos. Naquela altura, tratavam-se das minhas referências e eu tratava-os todos por «senhor». Não dormi no dia anterior, não dormi no dia seguinte, por que, para mim, aquilo era um sonho tornado em realidade. A adrenalina sobe bastante. Vivo muito o jogo e custa-me a adormecer antes de qualquer jogo, não consigo dormir a noite toda.
A – Mas na tua concepção existem equipas fortes e equipas menos fortes?
I –
Ia-te mentir se dissesse que encaro todas as equipas da mesma maneira. Nós comentamos que existem quatro equipas muito fortes ao nível nacional, acrescidas estão duas ou três quase ao nível das mais fortes e depois existe um fosso onde se encontram as outras. Tentamos encarar todos os jogos da mesma maneira; contudo, no inconsciente das pessoas isso não se reflecte. Eu, se for jogar com o último classificado, posso ir com a mesma motivação; porém, cá dentro, sei que não será tão difícil como se fosse a jogar com o Benfica ou com o Sporting.

A – Já marcaste alguns golos ao serviço das equipas e, inclusive, da selecção. Qual é o sentimento de um jogador quando marca o primeiro golo?
I –
Honestamente, não me recordo qual foi o primeiro golo. Lembro-me de muitos golos – e alguns muito importantes – e só quem passa por isso é que sabe o sentimento que se vive. Acho que é um momento único. E se for conseguido aquando das competições importantes, penso que não existe nada melhor.

A – Que vitória te fica na memória?
I –
A minha vitória pessoal é ter-me tornado profissional da modalidade. Atingi os objectivos a que me propus, quando era mais novo, de chegar a um grande. Cheguei à selecção e fiz um campeonato do mundo e dois campeonatos da Europa. Em jogo, considero que a maior vitória obtive quando fui campeão pelo Sporting, por ter arrecadado o primeiro e único título de campeão nacional.

A – Também subsistem derrotas na tua vida?
I –
Bastantes derrotas. A eliminação no mundial da China foi dolorosa. A última eliminação do Campeonato da Europa contra a Espanha ainda está atravessada, quase todas as noites me lembro disso. As finais do Sporting perdidas contra o Benfica. Felizmente, vão-se superando com algumas vitórias, mas as derrotas custam muito a ultrapassar.

No Freixieiro, tudo tem corrido bem, segundo Israel, ainda que “a nível colectivo não possa dizer que estou satisfeito, porque ainda não conquistamos nada que nos propusemos a conquistar”. O trabalho continua e todos, especialmente o número 8, esperam que seja este ano que o título seja conseguido, “porque o tempo também começa a escassear e não vou ter muitos mais anos aqui para tentar ganhar alguma coisa”, atenta.
Ser campeão é, indiscutivelmente, um objectivo que o Freixieiro vem ambicionando desde a temporada 2001/02 na qual alcançou o título. No entanto, os envolvidos do clube sabem que “é complicado competir com equipas como o Sporting e como o Benfica que são os colossos ao nível nacional. Têm mais orçamentos, melhores jogadores, ainda que não tenham mais vontade do que nós”. Só que nem por isso vão deixar de “fazer tudo o que estiver ao alcance para conseguir ultrapassá-los” de forma a se tornarem campeões: “no ano passado esteve por pouco, vamos ver se vai ser este ano”, aspira Israel.

A – O que é que podemos ver esta época, nesta equipa, que não tenhamos visto nos anos anteriores?
I –
Espero que possam ver um Freixieiro campeão ou, pelo menos, vencedor da Taça de Portugal. Já seria um bom sinal visto que o Freixieiro é, em Portugal, porventura, a única equipa sem nome que as pessoas mais conhecem (a seguir ao Benfica e ao Sporting). É um clube com muita história e este triunfo seria bom para a modalidade para não ser um crónico Benfica Sporting campeão.
A – Como é que é hoje um jogo frente ao Sporting, uma vez que foi a equipa que mais o marcou?
I –
Já fiz alguns jogos frente ao Sporting. O saldo não sei dizer se é positivo ou se é negativo; todavia, é complicado. Deixei muitos amigos no Sporting, a direcção do Sporting é composta por pessoas «seis estrelas» e mesmo na altura de eu sair – ainda com mais dois anos de contrato – eles facilitaram-me a vida. Só lhes tenho a agradecer e é sempre complicado jogar contra eles. O meu clube do coração no existe no futsal, embora tenha clubes que me tocam. O Sporting é um deles, mas, neste momento, estou no Freixieiro e é por este clube que, se for preciso, neste momento, deixo a minha vida dentro do campo.

A – Falaste nas primeiras épocas e o período ao serviço do Sporting. Podemos dizer que há uma época que te marca mais e te deixa maior saudade?
I –
A época que me marca mais é a primeira em que eu vou para o Sporting em 2003/04. Saio do Boavista e rumo ao Sporting, em Dezembro, a meio da época, e consigo afirmar-me no Sporting, consigo ir à selecção e, consequentemente, ao campeonato do mundo na China. Essa época foi aquela que me marcou mais ao nível pessoal e que, realmente, se traduziu na confirmação daquilo que eu desejava. Muita gente duvidava de mim e, apesar de eu ter noção das minhas capacidades, foi uma vitória pessoal por que a partir daí as dúvidas se dissiparam.

A – Já prevês um desfecho da tua carreira enquanto jogador, mas pretendes permanecer no futsal?
I –
Não tenho muita queda para treinador, uma vez que sou das pessoas que mais critica os treinadores e não gostava que me criticassem. Não sei o dia de amanhã; contudo, gostava de continuar ligado à modalidade. Provavelmente, não quererei fazer vida do futsal, no entanto, gostava de continuar ligado pelos seniores ou pelas camadas jovens. O futsal é a minha paixão, é aquilo que eu adoro fazer, é aquilo que eu sei fazer de melhor.

A – Então podemos tirar a elação de que não há um treinador da tua eleição?
I –
Existem vários que eu gosto, conquanto só posso citar o José Vasconcelos que, neste momento, está no Alpendorada. Este treinador apostou em mim, aquando dos meus 18 anos, e não teve medo de me «lançar às feras». A posteriori, saiu do clube e continuou a levar-me com ele. Posso dizer que muito daquilo que eu sou na modalidade devo-lhe a ele. Orlando Duarte, por ser o melhor treinador português, e o Paulo Fernandes, por que acreditou em mim quando pouca gente o fazia, são dois nomes sobre os quais recai a minha eleição.

Assentamos no espectro nacional e é por terras lusas que vinga “um dos maiores clubes a nível mundial” que Israel gostava de representar: o Benfica. “Tive a oportunidade de ir jogar para o Benfica. Era um clube que eu gostava de representar por tudo o que representa para a modalidade”, revela. Clubismos à parte, até porque Israel admite ser Portista, o internacional gostaria de representar o clube da Luz, ainda que a verdadeira ambição circunscreva o panorama de «nuestros hermanos». Espanha afigura “a esperança de ir lá para fora”, que o jogador tanto espera, e é mesmo sobre esse campeonato que recai a predilecção do jogador.
Espanha foi a selecção que Portugal defrontou no recente campeonato da Europa e foi, através dela, que viu desvanecer-se o sonho mais apetecido de vencer a competição. É mesmo com a derrota que é mais complicado conviver no mundo do futsal, Israel admite que “há quem saiba conviver melhor, no meu caso, não sei lidar com a derrota. Fico, às vezes, estúpido para as outras pessoas – é esse o termo certo – por que não consigo entender como se perde”.

A – O campeonato da Europa foi mais mediatizado do que os anteriores. Concordas que com isso as pessoas começaram a ver o futsal de outra maneira e a apoiar mais a modalidade?
I –
Acredito que sim. O campeonato da Europa, em Portugal, despoletou no «boom» da modalidade. O que estava «dentro da gaveta» acabou por sair; contudo, temos a noção de que não se pode fazer o campeonato da Europa que se fez e, subsequentemente, regredir na modalidade. É isso um pouco que está a acontecer. No campeonato da Europa apareceu toda a gente, todos quiseram dar a cara e, aos poucos, tornam a desaparecer. Felizmente, a SIC pegou no futsal e temos, inclusive, comparado as audiências. Em relação ao campeonato da Europa assimilavam mais de um milhão de pessoas e, nos jogos do campeonato português, não se atingem as 500 mil pessoas. É uma diferença muito grande. O mediatismo foi enorme, o que foi bom para a modalidade e para os jogadores e, sem dúvida, muita gente que não conhecia o futsal ficou a conhecê-lo e a gostar muito.

A – O que significou, para ti, representar «a nossa selecção» nesse campeonato em casa no meio de selecções bem cotadas do panorama europeu?
I –
Representar a selecção considero que é o topo que qualquer jogador ambiciona. Tenho o privilégio de já a ter representado por muitas vezes, e representá-la cá era tudo o que desejávamos. O resultado final não foi o pretendido; porém, foi um privilégio enorme estar num grupo de 14 jogadores. Foi um momento único que tão cedo, provavelmente, não irei repetir, por que não vai haver outro. Fiz parte daquele campeonato que durou mais de um mês e foi um sonho muito bonito de se viver.

A – O que é que falhou para não conseguirem o objectivo tão aclamado?
I –
Falharam quatro minutos. No jogo com a Espanha, se continuássemos a ganhar 1-0 íamos à final. Ao fazermos o 2-0 acho que nos iludimos, que nos perdemos por completo naqueles quatro minutos finais. A Espanha, com a sua maturidade e a sua experiência, acabou por dar a volta ao resultado e, nos penalties, prevaleceu o melhor guarda-redes do mundo que, sem dúvida, foi a peça fundamental na vitória da Espanha.

A – Por falar em selecção, recebeste o prémio dos 50 jogos ao serviço da selecção. O que simboliza esse prémio?
I –
Significa muito. Cheguei à selecção com 18 anos, no entanto, só me afirmei com 26. Tinha pouquíssimas internacionalizações e o facto de conseguir atingir a quinquagésima internacionalização foi um marco. É um motivo de orgulho, mas também um motivo de satisfação que me estimula a trabalhar mais para atingir a centésima. Essa meta é aquela a que me proponho, neste momento, para, posteriormente, sair da selecção. Tenho o objectivo de ir ao mundial e sair da selecção. Não me quero andar a arrastar na selecção, ainda que gostasse de atingir a centésima internacionalização e sair em grande.

A – Como lembras o 3º mundialito de futsal outdoor onde contribuíste com golos e Portugal saiu vencedor?
I –
Nós, jogadores da selecção, comentamos que é o melhor torneio que pode haver. São duas semanas no Algarve e dá para ficarmos morenos. O primeiro mundialito foi em Mangualde e depois seguiu para o Algarve. Ficamos todos satisfeitos, pois, além de fazermos aquilo que gostamos que é jogar, conseguimos fazê-lo num ambiente fantástico.

A – No que diz respeito ao futsal nacional, o que consideras que falta para dinamizar a modalidade e para dá-la a conhecer e para melhorá-la?
I –
Falta uma liga profissional. Temos quatro ou cinco equipas profissionais, ao contrário da Espanha que tem uma liga profissional. Além disso o futsal deveria ser considerado uma modalidade autónoma, com espaço próprio. Existe o futebol e o futsal anda um pouco ao arrasto do futebol e penso que se tivesse os dirigentes certos – que existem na federação, mas que fazem as duas coisas – o futsal evoluía mais.

A – Estamos no ano de 2008 quem é o Israel hoje? E que mudanças sofreu desde a iniciação até agora?
I –
Sofreu muitas mudanças ao nível de temperamento. É um Israel mais maduro e mais experiente. Quando tinha 18 anos acabava por ser um puto irritante e tinha uma maneira complicada de jogar. Actualmente, não. Tenho mais responsabilidades até porque sei a imagem que tenho que passar para as pessoas, para os jogadores mais novos. No Freixieiro, existem as camadas jovens todas e sei que acabo por ser uma referência para esses miúdos. Sou um jogador mais velho também e isso preocupa-me bastante. Tenho noção que poderia melhorar mais, mas gosto de ter o meu temperamento, o meu feitio, gosto de protestar e que me chateiem a cabeça, porque se não for assim não tem piada nenhuma.

Com a responsabilidade de mostrar uma imagem coerente aos mais novos, Israel tem conselhos a passar àqueles que iniciam a modalidade ou, simplesmente, estão a continuar o seu trajecto: “costumo dizer-lhes que está bom é para eles, por que a modalidade está a evoluir e eles vão tirar os dividendos no futuro”. Quando chegou ao futsal o cenário era bem diferente, tanto que “não existiam equipas profissionais sequer” e, por isso, hoje considera que se deve apostar muito na formação. Seguir pelo futsal sem nunca se esquecerem de estudar é o aviso que o jogador transmite aos mais jovens, porquanto poderá ser o curso o proveito futuro: “digo-lhes para não deixarem de estudar, uma coisa que me arrependi de fazer, uma vez que dá para conciliar as duas coisas e, assim, salvaguardam o futuro”, desvela, “no meu caso eu não gostava da escola, optei pelo futsal, tive a sorte de singrar, mas são poucas as pessoas que o conseguem. Se não fosse o futsal não sei o que seria a minha vida hoje”.
Na mente do jogador persiste o objectivo de arrecadar um título no Freixieiro dedicado “às pessoas do concelho de Perafita que adoram o clube e aos responsáveis pelo Freixieiro pelo enorme esforço financeiro e físico que fazem para que nada nos falte”, justifica. Ser campeão do mundo, após a qualificação também integra o plano de prospectivas de Israel; todavia, o remate certeiro “que gostava de dar na vida, sem dúvida, seria transferir-me para Espanha. Tive essa possibilidade em Dezembro, não me deixaram ir, espero que me deixem ir no fim da época”, expressa o atleta.
Com os pés bem assentes no campo e com a vontade de ganhar, Israel assinala no marcador do futsal grandes conquistas num quadro em que as faltas não podem interceptar a finalização para o golo de uma vida.
Anabela da Silva Maganinho


Fotos de Israel em campo do jogo do AR Freixieiro frente o Vila Verde, a contar para o campeonato futsagres