Saturday, May 24, 2008

Ao som dos Sugarleaf

Tiago, Samuel, Diogo e David antes do início do concerto, no exterior do Maria

Os Sugarleaf actuaram, ontem, na Discoteca Maria.pt, em Santa Maria da Feira, na condução do programa mvm.
Após o lançamento do álbum de estreia “More than senses”, há pouco mais de dois meses, a banda de Lisboa voltou-se para o Norte do país para conhecer públicos.
O famoso tema “Everything is so confusing”, parte integrante da banda sonora da série “Morangos com Açúcar”, não pôde faltar num espaço que acolhia, inicialmente, poucas pessoas, mas que se foi compondo aquando da «performance» de David, Tiago, Diogo e Samuel.


Com uma novidade – o saxofonista – para dar um outro «sabor da alma» à sonoridade, a noite prometeu a todos os que estavam no recinto.
“All that matters” foi a última música a ser tocada naquele que foi um espectáculo para deixar água na boca aos mais curiosos.
Dia 6, os Sugarleaf regressam ao Norte. Desta vez, o palco de emoções será no Porto, na discoteca Via Rápida.
Anabela da Silva Maganinho

O saxofonista animou o resto da noite ao subir ao balcão para dar o seu toque ao lado da voz do Maria.

continua em melo-dias.blogspot.com

Thursday, May 22, 2008

Israel pela Nação


Adriano Moreira marcou presença no ISLA, de Vila Nova de Gaia, na passada segunda-feira, numa oratória repleta de sabedoria, experiência e conhecimento, em torno dos 60 anos de independência de Israel.

Lencastre Godinho (director Académico), Adriano Moreira, Artur Villares e Adriano Vasco Rodrigues (responsáveis pelo CECOM)
A iniciativa partiu do centro de estudos de Israel, Médio Oriente e Mediterrâneo, que o instituto possui, e se mostrou muito honrado com a comparência do professor, outrora ministro do governo de Salazar.
Voltar ao pós-guerra, ao sofrimento do holocausto evocando a paz na organização da Nações Unidas foi o que Adriano Moreira discutiu num discurso esclarecedor do conflito israelo-árabe do qual não há vencidos, nem vencedores, mas sim dois povos com direito à integração que precisam de um mundo sem «unilateralismos».

Na retrospectiva no tempo
Adriano Moreira reflectiu sobre os sonhos remotos que revestiam o povo judaico. Um povo que “representou o princípio da internacionalização”, de acordo com o professor, com a pretensa de regresso a Jerusalém. A unção das gerações, numa visão prospectiva, que “do ponto de vista da reorganização ocidental se traduzia numa impressão da relação das diásporas com as sedes políticas originárias”.

O Holocausto
Um massacre que extinguiu com povos distintos acabou por culminar num grande marco da história mundial. O terror que afectava a Europa traduzia-se numa Europa envolvida por humanos “afligidos pela situação de desastre em que se encontravam”. Nessa instância, “não foram claramente favoráveis em receber e integrar esses deslocados o que ajudou a firmar a conclusão de que a situação apenas seria resolvida com a criação do Estado de Israel”, advoga Adriano Moreira. A elação parece suspensa no tempo tal como a imagem de toda a guerrilha e matança que recordamos quando recuamos no tempo.

O pós-guerra a título de um protagonista: a Inglaterra
Inglaterra acabou por estar envolvida nos anos subsequentes à segunda grande guerra. De acordo com Adriano Moreira, “em 1948, abandonou a palestina que recebia os judeus à sonhada casa. Abandono que marcou o início do enfrentamento sangrento entre judeus e árabes que dura até aos nossos dias”. “O conflito entre hindus e muçulmanos implicou o massacre de centenas de milhares de pessoas”, rememora.
Porventura de toda a sucessão de acontecimentos, a opinião pública deu o seu parecer e, com base nos acontecimentos nazis, emitiram opiniões que culminaram “no grande motor da decisão de proceder à criação do Estado de Israel [que] foi o conhecimento do holocausto”, assegura Adriano Moreira. Tal criação não apenas se limitou a conciliar “os que se opunham ao regresso dos deslocados aos antigos estados de acolhimento como apaziguava a indignação geral perante o mal que tinha sido praticado”.

O papel da ONU
A ONU é um ponto central na tentativa de término do conflito; no entanto, aquilo que Adriano Moreira atenta é o facto de “o projecto da ONU nunca logrou em efectivar-se”. Na sua concepção poderia ser um passo para um «modelo» de “cidade livre poderia ter prestado serviços indispensáveis” no sentido de encontro entre culturas, mas, sobretudo, entendimento e cooperação. Porém, até então a ideia não foi propagada e o recordo com que vivemos é aquele que reveste à “fixação das fronteiras sempre sagrada pelo derramamento do sangue”, alude.
O Estado dinamizador de uma nação, como menciona Adriano Moreira, está inserido num enquadramento em que a “ONU ainda foi organizada só para Ocidentais” e onde apenas “a ordem dos pactos militares é que estiveram em vigor durante 50 anos”, revela. Uma concordância dispare constante que acerca gerações que não sabem o que é a paz, porque não a chegaram a conhecer, que aponta para “a grande intervenção com as organizações especializadas” que as Nações Unidas comandaram.
Adriano Moreira chama atenção para a incontornável conjuntura, instituída até ao momento, que nos projecta a imagem de pessoas que vivem em condições que “ofendem a Declaração Universal dos Direitos do Homem” e, “enquanto esta situação continuar a paz manter-se-á instável e o dever da ONU e dos seus membros estará por cumprir”, lamenta.
“A mudança anda mais depressa do que a nossa capacidade de alterar os conceitos” e o projecto da ONU insere-se nessa constatação visto que “não se executou, porque a ordem da ONU nunca entrou em vigor”.

A Europa
O professor catedrático aponta uma correcção para o cenário contemporâneo: “unilateralismo não pode continuar”, afirma. Num espectro de alargamento da Europa em que “não há programa prévio de governabilidade cada vez que alargue”, nem “a definição de fronteiras amigas” impossibilita a progressão uniforme. No entanto, Portugal pensou nos países de “fronteiras amigas”, termo da preferência do orador, ao organizar a Cimeira de Lisboa, e esse exemplo devia ser também conduzido por outros países para que não vigore a ideia de países inimigos ao invés dos vizinhos. Nesse sentido, “a Europa [que] é uma região carente – não tem matérias-primas, não tem energia, não tem de mão-de-obra” poderá conseguir a “força tranquila” de que precisa. “Enquanto isso não acontecer, a paz, julgo, andará longe da nossa vida”, conclui.


O terrorismo
O terrorismo que teima em rodear o mapa do território global é um problema discutido por faculdades, por cimeiras ou conferências, ou tão-somente na mesa de cada um. Todavia, o debate não tem chegado perante os incidentes que têm vindo a acontecer. Este fenómeno que “mata inocentes por sistema” parece não ter fim. A finalidade é só uma “quanto mais inocentes matar mais o seu objectivo está alcançado” e, dessa forma, consegue-se quebrar “a confiança da sociedade civil e a relação de confiança com os governos”, considera Adriano Moreira.
O professor tem uma opinião que, a priori, parece contraditória, no que concerne às Nações Unidas, mas a verdade é que “se o mundo está mal, sem Nações Unidas estaria pior”, assume e como “espelho do mundo” que são “não há possibilidade do mundo mudar a imagem”. Verdade é que não nascemos ensinados e, por isso, vamos aprendendo, pelo menos, porquanto é um lugar “no mundo onde todos falam com todos e o diálogo é fundamental”, assevera.
As armas de destruição maciça têm de acabar e o “saber já não nos falta, o que falta é ética. A obrigação moral de cumprir”. Um patamar que é preciso atingir, ou melhor, conquistar, que se for alicerçado pela procura “da pré-constituição mundial”, que Adriano Moreira acorda que “ou se organiza ou a guerra não pára”.
Adriano Moreira partilhou a sapiência de décadas num instante de recuo, não estratégico, mas temporal, que afirmou ideias, confirmou teorias e perspectivou a imagem do futuro tardio que Israel e a Palestina querem viver e que “a guerra está no coração dos Homens” não deixa.

Anabela da Silva Maganinho

Artur Villares, Adriano Moreira, Adriano Vasco Rodrigues

Sunday, May 18, 2008

Vitória até ao minuto do empate



O Freixieiro empatou ontem a quatro golos frente ao Belenenses, num desafio entre primeiro e terceiro classificados, num jogo a contar para a 26ª jornada da Liga Futsagres.
O Freixieiro entra bem em campo com um ataque furtivo que acabou por baixar a defesa do Belenenses. Júlio estreia o marcador passados 10 segundos do início da partida. O lance começa em Israel, que passa para Nené e Marcelinho não consegue tirar a bola. Passe para Júlio, recepção de Israel e Wilson cruza para Júlio que aparece do lado esquerdo e remata forte assinalando o primeiro golo para o Freixieiro.
O Belenenses tenta colocar-se em posição de igualdade. Júlio faz falta sobre Diego e ao cobrar perto da linha de canto, o Belenenses tem a primeira oportunidade com o remate de Jardel contra a defesa do Freixieiro. A equipa visitante insiste na posse de bola, mas não por muito tempo, porque o Freixieiro recupera a bola. Aos dois minutos, Wilson recebe a bola de Israel, batida anteriormente por Nené e com o passe a Júlio quase consegue o segundo. A formação de Belém tenta pegar no jogo; contudo, a equipa de Joaquim Brito aposta bem tanto na ofensiva como na defensiva. Perto do minuto três, após a batida da lateral, Marcelinho tenta o golo em frente a Roque, no entanto, o guarda-redes ampara a bola e nem à segunda ele consegue o golo.
Wilson foi abrilhantando o jogo com um «bailinho» de fintas e os jogadores do Belenenses não conseguiam parar o camisola 11.
6’ decorriam sobre o primeiro tempo quando Jardel passa a Japa que remata de longe ao lado da baliza de Roque, por falta de visão de Diego que não chega ao lance. O jogo foi-se mantendo equilibrado, com oportunidades de golo para cada lado e eis que o dois a zero estava feito. No ressalto da equipa do Belenenses, a bola vem parar aos pés de Júlio que conduz a bola ao longo do campo até ao remate por cima das mãos de Marcão.
O jogo permanece competitivo, ainda que a equipa da casa se mostrasse mais ofensiva e eficaz. O Belenenses não tenta avançar muito, ficando-se pelo controlo de bola que efectua o primeiro golo do Belenenses por intermédio de Marcelinho que passa para Max e é Jardel quem marca sem que Wilson consiga a defesa. O mesmo jogador – Wilson – tenta o remate segundos depois, mas sem grande sucesso.
O Belenenses queria mostrar a superioridade na classificativa, uma vez que esse facto não se estava a revelar em jogo, a equipa de Alípio Matos perdia mais facilmente a bola.
A dois minutos do fim do primeiro tempo, Wilson assusta. Recupera a bola da equipa do Belenenses e, num remate de meio campo, passa ao lado das redes por escassos milímetros. No minuto final do primeiro tempo, Israel tem oportunidade, mas o remate vai ao poste. Nené recupera a bola e através de um sprint, passa a Wilson que cruza para Israel e cabeceia. Faltavam 25seg para o apito e o guarda-redes Marcão vem ao meio campo na tentativa de ajudar os colegas na ofensiva. O guardião dos azuis remata ao lado das redes.
A subida ao campo após o período de descanso traz um Belenenses a atacar mais e uma nova oportunidade para Israel. Júlio efectua o passe para Wilson contra a defensiva de Belém, entra Israel com o remate de pouca força.
Aos 34’, o segundo golo da equipa de Matosinhos chegava. Marcelinho não consegue tirar bola a Wilson que faz o passe para Júlio. O número 6 pontapeia da linha de baliza de Roque para Nené, todavia, é Marcelinho quem faz de cabeça no ressalto o auto-golo.
Uma nova motivação faz o Freixieiro atacar, perante um Belenenses com pouca eficácia.
A meia hora estava a passar e o golo do Belenenses estava aí. Nené remata desajeitado e em contra-ataque da formação de Belém, Max faz o golo ao contornar Israel e a bater a bola em Júlio. O Belenenses progride no terreno de jogo e falha oportunidade (31’). Falta para Cardinal. Mate bate o livre e Jardel falha. O minuto seguinte era comandado pelo Freixieiro ao operar a defensiva apertada, o Belenenses está na área no controlo de bola. Ivan intercepta o lance de Diego e passa a Cardinal que finta o mesmo e dá a bola a Ivan. A bola choca no poste do lado direito. Aos 34’, o Freixieiro ataca mais. Ivan consegue a bola da defensiva, Cardinal leva e finta dois jogadores do Belenenses e faz o golo (4-2).
Os azuis pressionam e fecham na ofensiva. O Freixieiro apenas se concentra na defesa. Controlo de bola, Marcão volta ver-se no meio campo, bola com o Belenenses
até aos dois minutos finais. O Freixieiro tem oportunidade: falta de Marcão sobre Júlio. O livre é batido por Cardinal remate de Wilson muito ao lado. O Belenenses fecha novamente e verifica-se alguma descoordenação na equipa do Freixo.
O 4-3 surge a um minuto e meio do término. Marcelinho bate, Marcão leva, finta Wilson passa por Cadinal até Japa. O jogador de Belém finta Ivan no passe para Jardel e Japa pontapeia conseguindo chegar ao golo.
Continua a pressionar o Belensenses e outro golo vem poucos segundos depois por coordenação de passas por Japa e Marcão. Na passagem a Marcelinho, o número 4 manda um tento para as redes de Roque sem possibilidade de defesa. O quatro a quatro estava fixado.
O Freixieiro tenta ainda a vitória, mas a 9 segundos do final Japa cruza para Marcelinho e dá a sensação da bola ser interceptada pela mão de Ivan. Perante a confusão o árbitro do encontro acaba por decretar a bola ao ar.
Os pontos dividem-se pelas equipas e quem saiu vencedor acabou por ser o Benfica que, ao derrotar o Nogueirense, se colocou na liderança. Na próxima semana começam os play-offs e o Freixieiro vai defrontar o Olivais.


A equipa de Joaquim Brito alinhou de início com: Roque, na baliza, Nené, Júlio, Israel e Wilson.

A equipa de Alípio Matos alinhou de início com: Marcão, na baliza, Marcelinho, Caio Japa, Jardel e Diego.


Cartões amarelos:
33’ falta de Diego sobre Cardinal
38’ falta de Ivan na entrada sobre Marcelinho

A figura

Wilson


Japa


Anabela da Silva Maganinho

Timor a um pé de Moçambique




José Ribeiro, Leonardo Júnior e Barbedo Magalhães

Barbedo Magalhães apresentou o mais recente livro “Timor-Leste – interesses internacionais e actores locais”, na passada quinta-feira, no Espaço Moçambique.
A convite de Leonardo Júnior, presidente do Espaço, Barbedo Magalhães muniu-se dos três volumes que redigiu acerca de Timor-Leste, que está acompanhado de resumos – para que se consiga adquirir apenas um dos livros e não se perca o fio à meada – e de um cd para os admiradores das tecnologias.
“Sobre Timor-Leste, Portugal deve muito a Barbedo”, ressalta Leonardo Júnior na introdução, e pela consistência da escrita do autor este livro “é uma coisa que devia fazer parte de alguns manuais escolares”.
De acordo com o editor, José Ribeiro, “não há espectro da história recente que não seja aqui focado”, o que dá a consistência de um grande “apoio documental”.
O livro conta com a participação de dois colaboradores, sendo um australiano e outro indonésio. Um dado que “tem que ver com o papel que os dois ministros tiveram na invasão”, refere Barbedo. Numa discussão informal onde distintos temas contemporâneos foram expostos uma opinião ficou bem vincada pelo escritor ao dizer que “sempre achei que a guerra colonial fora uma guerra criminosa e estúpida”. Os anos decorrem, mas as opiniões e a lembrança permanece no intelecto e com isso não quer dizer que os direitos humanos estejam em primeiro lugar, ou seja, Barbedo assume que “nunca pus os direitos humanos per si em primeiro lugar”, porque são fundamentais “mas é preciso arranjar a maneira efectiva de os considerar”. O que o escritor pretende afirmar é que “para chegar aos direitos humanos é preciso encontrar soluções para eles” e não fazer de conta que são apenas mais um conjunto de enunciações.
Um livro, que se traduz num marco da história, com «estórias» desde a Segunda Guerra Mundial, situadas em Timor com uma envolvência muito mais abrangente para o Continente e para o Mundo.


Anabela da Silva Maganinho

Comunicação na sociedade tecnológica


As jornadas da comunicação realizaram-se, no ISLA Gaia, nos passados dias 15 e 16, com as temáticas envolventes na comunicação política e na digitalização dos media em cima da mesa.
João Abreu (docente do ISLA), Jorge Remondes (docente do IPAM), Eduardo Encarnação (Slogan/Ads) e António Azevedo (docente da Uni Minho e do ISLA)

Pedro Fonseca (Director de Comunicação, imagem e relações externas da CM Gaia), Artur Villares (director do curso de Comunicação no ISLA) e Vitorino Silva (ex-Presidente de Rans)
A terceira edição, organizada pelos docentes João Abreu e Daniel Catalão, acolheu figuras reconhecidas do poder político, como o assessor da Câmara Municipal de Gaia, numa grande esfera, e de Vitorino Silvo, enquanto ex-presidente de Rans. Do jornalismo, para além de Daniel Catalão, também André Rodrigues e Vítor Malheiros marcaram presença no instituto superior.
André Rodrigues, director da Tv Net, “é um verdadeiro pioneiro”, tal como aludiu Daniel Catalão, “decidiu, apostou, avançou com o projecto”. O primeiro convidado do segundo dia considera que “o jornalismo está a passar uma profunda crise” e apercebe-se de que o jornalismo “não está capaz de acompanhar a evolução”. Na opinião deste jornalista oriundo dos Açores, “o que falta ao jornalismo é algum experimentalismo”, na era em que a “informação já não se faz de forma unidireccional”.
O espectro dos media é definido, contemporaneamente, por interesses que “começam a ser alvo de segmentação” e que afirmam uma comunidade de partilha”. Um patamar que põe término à “lógica da ditadura da programação”, como alude André Rodrigues e prevalece o que se quer ver, como e onde se quer.


Estamos defronte a uma realidade sobre a qual se debruçam distintas atenções, como é exemplo o fenómeno da blogosfera que tem vindo a instituir-se como uma alternativa, ainda que não obedeça “às regras deontológicas, não deixa de estar presente”, atenta. “O jornalista tem de usar todos os sentidos” é o que defende o director da TV Net, principalmente quando estamos perante a “informação enlatada” em que todos “estão a dar mais ou menos o mesmo”. Nessa direcção caminhou José Vítor Malheiros, do “Público” online, apesar da designação conteúdo não ser a sua preferida e levar o jornalista a confessar: “não gosto da expressão e não me identifico como produtor de conteúdos”. O argumento que sustenta a afirmação vem na lógica de que “esbate as diferenças entre o que eu faço e aquilo que outras pessoas fazem”, explica. Com isso não quer dizer que aquele jornalismo que faz é o melhor, mas que aquilo que faz tem uma marca particular. André Rodrigues concorda que cada pessoa tem as suas características que o fazem distinguir de outrem; no entanto, afiança que: “produtores de conteúdos, linguagem mediana e imaginação distinguem-nos dos outros”.


“Ser jornalista, principalmente no início, é das profissões mais mal pagas e é preciso ter consciência disso”, reflecte André Rodrigues, e, não obstante a esse facto, os profissionais “têm de ser polivalentes”.
Tudo vai, então, em torno do «mercado global», termo expandido por Benjamim Mendes Júnior que demonstrou a lógica do utilizador na «web social». A web “que se transformou e deixou de ser ramificada para passar a ser um ecossistema vivo”, assevera o representante da Sapo, conseguindo criar “a nova dimensão da natureza humana”. A sobrevivência no mercado, discutida por Vítor Malheiros, acaba por fazer com que, não raras vezes, haja “uma tentação de que o jornalismo se misture com entretenimento”, isto situado num cenário em que o jornalismo é indústria e “entretenimento é manipular informações”.
A indústria já não se traduz em intelectualidade, como refere o profissional do “Público”; todavia, num “conjunto de oportunidades que só a vossa imaginação poderá corresponder ao desafio” sobre o qual se debruça André Rodrigues.
“O objectivo de descrever o mundo”, tendo sempre em mente que o jornalismo “tenta promover a cidadania” é o que tenta defender Vítor Malheiros. Estamos constantemente perante o jornalismo e a opinião; porém, o debate que se gera em torno da dicotomia agrega-se a cada conversação. O jornalista esclarece a problemática numa definição de trâmites simples: “informação não é apenas a informação pura, faz parte do pacote da informação a opinião”.
No mundo conduzido pela tecnologia, um jornalista tem de “saber mexer em varias ferramentas é hoje fundamental”, como refere Daniel Catalão e André Rodrigues complementa ao dizer que “estamos a assistir a um processo de democratização da tecnologia a um ponto que está disseminada e disponível para qualquer pessoa”.
Este é também um panorama em que “os jornais em papel são uma espécie em risco de extinção”, advoga Vítor Malheiros, que mais cedo ou mais tarde deixarão de existir, pelo menos no formato tradicional que conhecemos.
No centro da actividade está presente um elemento constitutivo – o público – e nesta envolvência assenta Benjamim Mendes Júnior ao assumir que, “para nós, é muito importante gerar audiência”. Gerar audiência tendo em conta o valor e as condições para que o serviço prospere.
A “internet tornou o mundo plano”, alude Daniel Catalão, e isso evidencia-se ao nível do marketing e da comunicação política como ressalta Jorge Remondes de Sousa, docente do IPAM, destacando-se os sites como meio de aproximação pelo modo como o leitor tem “sempre informação e combina os meios mais recentes com os mais tradicionais”. Nesta aproximação comunicacional é preciso não prescindir da ideia de que “basta que um pequeno elo falhe e temos um problema”, salienta António Azevedo. É nesta lógica marketieur, assente na “consciência de que tudo se faz para desfazer as dificuldades de alguém”, que fala Eduardo Encarnação, da Ads. Baseada nas conceptualizações políticas, “a acção política e a acção comunicacional vive muito de sinais”, citando Pedro Fonseca, director de Comunicação da CM Gaia, pelo que “hoje o que não se mostra na Comunicação Social não existe e, às vezes, é preciso dar sinais para captarmos a atenção mediática”.
É, deste modo, relevante “definir a imagem porque os meios dependem da imagem”, revela Eduardo Encarnação, algo conseguido por Vitorino Silva quando colocou “Rans no mapa”.

Em mais uma edição das Jornadas da Comunicação, ficamos a saber que “um bom conteúdo será sempre um bom conteúdo e é preciso pô-lo cá fora” e que estamos inseridos numa decoração adornada pela designação de um bom jornalista, “aquele que tem condições para operar em qualquer lógica de mercado”, como frisou André Rodrigues, que “tem de ser autónomo” para conseguir conquistar o espaço.

Jorge Remondes e Eduardo Encarnação


Pedro Fonseca e Vitorino Silva

Vitor Malheiros e Benjamim Mendes Júnior

André Rodrigues

Daniel Catalão e André Rodrigues

Anabela da Silva Maganinho