Saturday, April 25, 2009

Contagem decrescente para o Queimódromo


Mais um ciclo de queima das fitas está prestes a reviver-se. Aveiro inaugura as semanas acedémicas do Norte durante esta semana para, de seguida, seguir-se a do Porto (de 3 a 9 de Maio). O cartaz revelado na passada quinta-feira apresenta veteranos e estreias para esta edição. Reamonn é a banda internacional a comparecer no queimódromo, logo no Domingo, dia que conta com a abertura de John is Gone. Antes disso, Sábado, vai poder-se ver a banda revelação do ano Skeezos que farão a primeira parte de David Fonseca. O cantor de "Dreams in colour" regressa ao Porto depois de encher o Coliseu e com certeza vai ser a grande aposta dos estudantes da Invicta. Segunda é a vez de Blind Zero subirem ao palco principal, após a actuação dos Deolinda. Terça o cortejo faz os académicos sairem à rua e a diversão prolonga-se, como já é usual, pela noite com Banda Lusa e Quim Barreiros. Contrariamente ao que se poderia esperar, Pedro Abrunhosa não será dos primeiros a pisar o palco principal, estando-lhe reservado o meio da semana em que será precedido de Rita Red Shoes. A noite super bock, deste ano, não conta com Da Weasel, mas aguardam Xutos e Pontapés num espectáculo que acolhe também os Klepht. A semana prestes a terminar, recebe os rapazes da casa, Expensive Soul, e é o regresso de Eagle Eye Cherry às aventuras estudantis. O fecho, marcado para sábado 9 fica a cargo dos portuenses Per7ume que, seguramente, cantarão "Intervalo" com Rui Veloso, pois o «chico fininho» encerra as noites da queima das fitas do Porto.

Nesta edição, os bilhetes vão sofrer um ligeiro aumento, mas o passe poderá ser adequirido por 53 euros e com este pode-se verificar uma poupança d 4 euros, de acordo com o presidente da FAP (Federação Acedámica do Porto).


Anabela da Silva Maganinho

Sunday, April 19, 2009

De regresso

O Olivais conseguiu, ontem, a ansiada vitória frente ao Núcleo de Tires por 2-1. Uma equipa imbatível no primeiro tempo que por pouco não se viu chegar ao empate no segundo. O Olivais entrou em campo com a vontade de vencer. Depois de ter saído derrotado dos últimos encontros, a formação de Luís Alves encetava um jogo progressivo que resultou no golo logo nos primeiros segundos. João Pires inaugura o marcador ao segundo 20 através de um forte remate de frente à baliza. Farias ficou sem hipótese de defesa e o Olivais colocava-se na frente. O Olivais estava determinado e o Núcleo de Tires não via qualquer brecha por onde conduzir um contra-ataque. Por mais tentativas que a formação de André Guimarães fizesse não conseguiam tomar a posse de bola da equipa da casa. Ao minuto 2, o Olivais volta a encaminhar-se para o golo, vale a saída de Farias. Um golo que viria a surgir logo de seguida por intermédio de Jony. O camisola 19 estabelece o 2-0. Durante este primeiro tempo, destacam-se ainda os lances de Kiko (5’) e de Gonçalo (6’). Mais Olivais, sem sombra de dúvida, que tentava de tudo para se distanciar no resultado. João Pinheiro tenta o remate, mas sem eficácia (11’), logo de seguida volta a tentar um remate que sai por fora. Entretanto o Núcleo formula um lance só que não consegue passar a defesa encarnada. Reis dá um novo tom ofensivo por parte do Núcleo, um avanço que não chega a assustar Piranha (15’). A três minutos do final, a equipa visitante toma uma boa condução de bola e é Piranha que salva mais uma vez. Reis volta ao ataque nos últimos segundos, porém, de nada vale.
De regresso para o segundo tempo, vemos um Olivais modificado na atitude de jogo. Parecia que os papeis se tinham invertido e era o Núcleo quem ficava com a posse de bola. Serra, ao minuto 24, pontapeia de longe e é o guarda-redes Piranha quem volta a sair bem. No minuto seguinte, Estrela tenta pelo Olivais, mas, de facto, o Núcleo adiantava-se e só não concretizava por falhas na finalização. Ainda assim, Dário faz um bom remate que sai por cima. Mais Núcleo desta vez e perante a supremacia destaca-se o Olivais com Gonçalo (27’) e Estrela (30’) que chutam directo. Fábio, o capitão do Núcleo, vê a cartolina amarela por falta em campo que resulta na cobrança sem perigo. A 7 minutos do término, Piranha apanha o maior susto e nem por isso se embaraça. Pelo o outro lado, Farias quase vê a bola entrar na sua baliza, protege-o a trave (5’). Esta vem a ser novamente a protagonista ao minuto 37’ quando Estrela remata forte. Faltavam dois minutos e Piranha tira a bola. Tira à primeira, mas o golo do Núcleo viria a acontecer segundos depois. Jota coloca-se na frente e na recepção da bola não hesita em rematar fixando o resultado final: 2-1. O jogo fica marcado pelo regresso do Olivais às vitórias num altura em que estamos a duas jornadas dos play-outs. Com este resultado o Núcleo não sai do último lugar e o Olivais permanece em 10º. O próximo jogo da formação de Luís Alves é frente ao Belenenses, em casa, na maior disputa que fica para esta época: a Taça de Portugal.


O Olivais fez-se alinhar de início com: Piranha, João Pires, Pedro Ferreira, Estrela e Jony. Já o Núcleo Sportinguista de Tires apresentou: Farias, Dário, Jota, Rodrigo, Reis e Rocchi.

A Figura: João Pires



Anabela da Silva Maganinho

Tuesday, April 14, 2009

O marcador de sonhos

Fernando Cardinal é o jogador que se tem destacado ao longo das duas últimas épocas ao serviço do Freixieiro.
Iniciado no Miramar, encetou cedo pela primeira divisão ao serviço do Fundação Jorge Antunes. Seguiram-se Famalicence, Boavista, Alpendorada até chegar ao clube de Matosinhos. O crescente desempenho e a garra com que disputa cada jornada valeram-lhe a chamada à selecção no ano de 2008. A convocatória levou-o ao Mundial, no Brasil, onde o jogador pode mostrar um pouco daquilo que sabe fazer. 2009 começou com a chamada para o apuramento do Europeu, a decorrer no próximo ano na Hungria, e a presença está confirmada.
Aos 23 anos, Cardinal conta já com o título de melhor marcador da época transacta e arrecada o 20º lugar no ranking europeu de melhores marcadores. Um feito que deixa um orgulho luso visível, especialmente por parte dos adeptos do Freixieiro.
Os sonhos, os objectivos, o passado, o presente e um pouco do futuro é o que o camisola 9 nos tem para revelar.

Anabela (A) – Conta-nos como é que decidiste enveredar pelo futsal?
Fernando Cardinal (C) –
Onde moro há um ringue de futebol de 5, de futsal, e é daí que veio a paixão pelo futsal. Comecei a jogar lá com os meus amigos e segui futsal.

A – Estreaste-te pela Fundação em 2004/2005, mas já praticavas antes a modalidade?
C –
A primeira época, na primeira divisão, foi, realmente, na Fundação Jorge Antunes. Antes joguei as camadas jovens todas no Miramar. Depois o Miramar desceu à segunda divisão, eu era ainda júnior, mas já jogava pelos seniores. Entretanto, houve a proposta da Fundação e agarrei-a. Fui para a Fundação e essa foi a minha primeira época. Não tão boa como eu esperava, mas serviu para arrecadar um pouco mais de experiência. Lá consegui aprender muita coisa.

A – Depois passaste pelo Famalicense, pelo Alpendorada até que chegaste ao Freixieiro em 2007.
C –
Sim, foi uma época no Alpendorada. Meia época no Boavista, só depois é que fui para o Alpendorada em Dezembro. No final da temporada vim para o Freixieiro e este é o segundo ano que aqui estou.

A – Qual o balanço que fazes de todos estes anos?
C –
Um balanço muito bom. Vivo uma experiência muito boa e tenho aprendido muito. Tenho a felicidade de treinar com os melhores jogadores, já tive os melhores treinadores e isso é bom, porque gosto de aprender e aprendo cada vez mais.

A – E no Freixieiro que é ainda o clube pelo qual jogas?
C –
Eu tinha o sonho de jogar no Freixieiro. Lembro-me, quando era miúdo, que vinha ver os jogos aqui ao Freixieiro e sempre sonhei vir a representar este clube. Pensava: “gostava de jogar aqui, quem me dera jogar aqui neste pavilhão”. O pavilhão estava sempre cheio, estava sempre tudo a gritar, a bater palmas pelos jogadores, e isso arrepiava-me. Então, surgiu a oportunidade e eu agarrei-a. Estou muito feliz aqui no Freixieiro, um clube que gosto muito e que está no meu coração. A – Consegues destacar uma época ao serviço do futsal?
C –
Acho que a do ano passado. Foi muito boa. Perdemos com o Belenenses nas meias-finais. Foi a minha primeira época no Freixieiro e fiz uma época muito boa. Não obstante, fui o melhor marcador do campeonato. Penso que essa foi a melhor época, porque esta ainda não acabou. Nesta considero que estou ao nível da outra, mas ainda faltam três jogos e os play-offs e, daqui para a frente, espero que seja igual à do ano passado. E, para o Freixieiro, que seja melhor ainda.

A – E há um jogo que seja marcante nessa época ou numa outra?
C –
O jogo contra o Belenenses. Nos play-offs, tínhamos perdido aqui em penalties, o primeiro jogo. Fomos lá para o segundo jogo e ganhámos por 4-2, dois dos golos marcados por mim. Só foi pena perdermos o terceiro jogo e acabarmos por ser eliminados nas meias-finais, mas penso que perdemos a eliminatória aqui no Freixieiro por ser em nossa casa e em penalties que é uma questão de sorte. A equipa não merecia; contudo, o Belenenses, com a equipa que tem, acho que mereceu. A – Falamos em grandes momentos, o pior terá sido, porventura, na última jornada frente ao Sporting, um jogo em que ficaste inconsciente. Não sei o que passou pela cabeça nesse momento…
C –
Não passou. Eu perdi os sentidos. Desmaiei, foram duas seguidas e eu não estava mesmo em condições para jogar. Joguei porque não aguento estar de fora e ver ali os meus companheiros. Eu queria ajudá-los de qualquer forma e fiz um esforço. Disse a todos que estava bem, apesar de sentir que não estava a 100%. Quem me conhece bem, como muita gente me disse, via em mim que eu não estava a reposto por completo. No entanto, eu queria era jogar porque adoro jogar. Podia-me prejudicar, mas graças a Deus sai bem. Não ganhámos, mas um empate é melhor do que uma derrota e o Sporting é uma grande equipa. Foi pena nos minutos finais termo-nos deixado empatar, mas pronto foi um excelente espectáculo de futsal… tirando aqueles dois momentos. A – Não te passando nada pela cabeça era algo que nunca imaginavas que poderia acontecer contigo?
C –
Sim. Acontece muitas vezes em jogos de futebol 11 e em futsal. Lembro-me uma vez contra o Sporting também o Benfica. O caso do Arnaldo com o João Benedito foi idêntico ao meu também com o João. Naquele momento comecei a pensar nessas coisas, mas graças a Deus correu tudo bem e estou aqui já a 100%.

A – Foi também um jogo marcado pela saída do Wilson, achas que o Freixieiro vai sofrer um pouco esta ausência nos próximos jogos?
C –
Sim, todos os grandes jogadores fazem falta ao Freixieiro. O Wilson era um dos jogadores mais utilizados, era o nosso pivot de referência. Como toda a gente sabe e como toda a gente vê, o Wilson era fundamental, mas temos que realçar que tivemos quase meia época sem ele e tivemos igualmente bons resultados e fizemos bons jogos. A equipa tem que se preparar que o Wilson já foi passado do Freixieiro e agora temos de nos concentrar ao máximo. Vem aí a fase decisiva. Faltam três jogos para os play-offs e penso que a equipa vai dar uma boa resposta sem o Wilson. Ele faz muita falta e, por isso, se ele cá estivesse era melhor, mas como não está eu acredito também nos meus companheiros.

A garra de Cardinal não se vê em todos os jogadores, muito menos quando apenas se tem 23 anos. Uma força de vontade comandada pela paixão que o futsal impulsiona e, como tal, inexplicável. A razão não conta quando falamos na emoção do espectáculo e nos sentimentos que movem o jogador: “Eu sou um bocado diferente quando entro dentro do campo. Só penso em ganhar, só penso em ajudar o meu clube. Lá fora sou completamente diferente. Sou amigo do amigo, sou super divertido. Só que chego aqui e transformo-me, não sei porquê…”, assevera Cardinal. Porventura o facto de não gostar de perder pode ser uma elucidação mais viável, mas nem por isso a que traduz uma verdadeira justificação “não consigo explicar muito bem. Só quero ganhar e faço de tudo para ganhar e para ajudar o Freixieiro a ganhar”.
O pivot que hoje se torna uma referência para os mais pequenos também revela o seu ídolo de sempre: João Leite. “Ele jogava no Miramar. Eu jogava nas camadas jovens, ele jogava nos seniores do Miramar. Eu ia sempre ver os jogos e ficava maluco ao vê-lo jogar. Na altura, também jogavam lá o Ivan, o Miguel Mota e esses todos eram os meus ídolos e graças a Deus, hoje, jogo com eles, mas o meu ídolo foi o João Leite. É o meu ídolo de sempre do futsal português. Junto a ele o Ricardinho, que apareceu há pouco e é da minha idade, pois é um jogador fenomenal que também admiro muito”, revela o número 9.
Ser agora um ídolo, uma referência para os mais novos é algo que Cardinal tem consciência e vê como algo “muito bom”. Para o internacional, “é um orgulho muito grande e eu já noto isso. Onde eu moro os miúdos vêm todos ter comigo e dizem «ei!marcaste um golo…dá-me um autógrafo…dá-me a tua camisola, e tu és isto, tu és aquilo». E isso é um orgulho muito grande”. Um orgulho que acaba por se traduzir num privilégio por fazer aquilo que gosta, mas, acima de tudo, porque Cardinal está no momento alto da carreira e o mesmo o assume: “Eu sinto-me um pouco privilegiado por isso, nunca pensei chegar a este momento certo. Acho que estou no momento certo da minha carreira. Com 23 anos nunca pensei que ia chegar tão rápido aonde estou e ainda bem que aconteceu”. No entanto, o trabalho continua e é isso que quer continuar a fazer: “Espero manter ou melhorar ainda mais. Toda a gente quer melhorar e eu não fujo à regra”. A – Neste momento ainda guardas a marca de melhor marcador da época passada e, se calhar, esta época lá irás renová-la. Com tantos golos ainda te consegues lembrar do primeiro golo que marcaste?
C –
Enquanto sénior foi na Fundação Jorge Antunes. Estávamos a jogar contra a UTAD e estávamos a perder por 2-0. Eu era um miúdo, tinha 17/18 anos, entro na partida e faço o 2-1, faço o 2-2 e dou os outros dois passes para o 2-3 e o 2-4. Ganhámos o jogo. Senti-me um pouco com moral: entrei naquela altura, marquei dois golos e dei outros dois. Foram esses dos primeiros dois golos.

A – O facto de seres detentor dessa marca de melhor marcador acarreta uma maior responsabilidade?
C –
As pessoas é que pensam na responsabilidade, eu não. O golo acontece naturalmente. Fui o melhor marcador do ano passado aqui no Freixieiro, mas lembro-me que, no Alpendorada e no Boavista, a meia época que fiz em cada lado, fui o segundo melhor marcador atrás do Ricardinho. Fomos aos play-offs, mas perdemos logo na primeira eliminatória com a Fundação. O Ricardinho conseguiu passar-me, uma vez que, nessa altura, o melhor marcador era contabilizado até acabarem os play-offs. O Ricardinho como prosseguiu nos play-offs arrecadou a marca e eu fiquei em segundo. Portanto, acho que já é uma característica minha: marcar golos em qualquer equipa. Já no Famalicense marquei golos, na Fundação nem tanto porque fui para lá aprender. Estou mais maduro e mais experiente e melhor jogador, mas é sempre bom marcar golos e toda a gente gosta. É o objectivo do futsal: os golos. A – Estás também entre os melhores da Europa, aí já podemos falar numa responsabilidade acrescida?
C –
Sim (risos). É muito bom fazer parte dos melhores e estar nos melhores da Europa e gostava de um dia ser o melhor artilheiro da Europa, mas é muito difícil há muitos bons jogadores e que sabem fazer o que eu sei de melhor que é marcar golos e ainda melhor se calhar. Mas se continuar assim está bom.

A – E o teu filho o que é que pensa de tudo isso. O que é que achas que ele sente quando te vê a jogar e quando marcas um golo?
C –
Ele sente uma alegria muito grande. Sempre que eu estou com ele, ele diz “oh pai, quando marcares um golo vens à minha beira e dás-me um beijinho” e sempre que ele vem ver os jogos, quando marco é isso que eu faço. Vou sempre ter com ele e com os meus sobrinhos. Eles adoram o Freixieiro e adoram vir ver os jogos. Gostam muito disto e gostam cada vez mais de futsal. É bom para a modalidade, é sinal que cada vez mais miúdos gostam de futsal e eu fico muito contente. A – Esperas que te siga as pisadas pelo futsal?
C –
Sim, ainda melhor que eu, se for possível. Ele ainda é pequenino, mas já o vou pôr nas escolinhas. Ele quer no futsal; porém, eu queria que ele fosse para o futebol 11. Deixa ver no que vai dar… Ele é que sabe; todavia, tem que ouvir os conselhos do pai, o que é melhor para ele. Eu preferia que ele fosse para o futebol 11.

A – Já que estamos a falar em família, até que ponto se pode tornar complicado conciliar o futsal com a vida familiar?
C –
Não se torna complicado. Sinto o apoio a 100% por parte da minha família. Toda a gente gosta de mim e toda a gente gosta do Freixieiro e apoiam-me por completo. Os meus irmãos, os meus tios vão todos ver o jogo, vão para qualquer lado do país ver os jogos e eu sinto-me muito bem. É bom termos sempre a família, nos bons e nos maus momentos, para nos ajudar.

Cardinal já se descreveu dentro e fora das quatro linhas. Resta-nos perguntar, nessa sequência, o que é que ele gosta de fazer fora das quatro linhas. “O Cardinal fora das quatro linhas está, muitas vezes, com o filho a passear e a jogar à bola com ele, porque ele também só quer jogar à bola e os meus sobrinhos também. Também gosto de passear com os amigos e, claro, guardo sempre um tempo para a namorada”, confessa o jogador.
Dentro das linhas de jogo, a prestação ao serviço do Freixieiro valeu-lhe a primeira internacionalização. Cardinal fez parte da lista de convocados de Orlando Duarte, aquando da preparação da selecção para Mundial, e rumou ao Brasil para disputar o campeonato do mundo. Apesar dos resultados terem ficado um pouco aquém das expectativas, valeu a experiência individual, não desvalorizando o espírito de equipa dos seleccionados.
A – O ano de 2008 foi o ano da tua primeira internacionalização e conseguiste ir ao Mundial no Brasil. Para além da diversão (risos), o que é que se passou por lá e qual a experiência que ficou para ti?
C –
Pois (risos). Foi uma experiência muito boa. Sinceramente, não contava de ir ao mundial. Não contava porque, não sei…, mas graças a Deus fui convocado e tentei dar o meu melhor pelo país e pela selecção. Foi uma experiência muito boa, um sonho concretizado e espero fazer ainda mais mundiais que é o meu objectivo, trabalho para isso. Mundiais e Europeus de forma a poder ajudar a nossa selecção. O Mundial, no Brasil, foi uma sensação de espectáculo única, que eu nunca tinha vivido. Não há palavras, penso que o sonho de qualquer jogador é representar a selecção num Mundial. É o momento mais alto da carreira.

A – Só o resultado é que acabou por não ser o mais ambicionado?
C –
Pois… Um bocado também por nossa culpa, porque se tivéssemos ganho à Itália ou se tivéssemos empatado tínhamos seguido em frente. Penso que, segundo as estatísticas, nunca ganhámos à Itália. O máximo que fizemos foi empatar, o que não quer dizer que tenhamos sempre de perder ou empatar. A nossa obrigação era ganhar, mas não o conseguimos. Toda a gente viu a forma como fomos eliminados. Acho que fizemos o nosso trabalho.
A – Já no que diz respeito ao apuramento para o Europeu na Hungria as coisas correram bem melhor.
C –
Sim. Começaram um bocadinho mal, mas depois demos as mãos e conseguimos uma vitória muito boa sobre a Polónia e lá estamos no Europeu.

A – E quais são as tuas expectativas que tens para o Europeu?
C –
Bem, eu acho que temos uma grande equipa, com muito bons jogadores e um bom treinador. Considero que, neste Europeu, vamos chegar onde queremos. Vamos alcançar os nossos objectivos e não vai ser como no Mundial. Vamos estar muito melhores, mais experientes. O que se passou no Mundial serviu para ganharmos mais experiência e para vermos o que é o futsal. Temos de nos concentrar para todos os jogos e jogar todos os jogos para ganhar, seja qual for o adversário. Com o maior respeito por todos, mas temos é que ganhar, temos que olhar primeiro por nós. A – Na fase de apuramento, qual foi a selecção que mais te surpreendeu e se revelou mais forte?
C –
Penso que foi o Azerbaijão, porque tem naturalizados quatro ou cinco brasileiros. Por acaso conheci um, o René, que jogava na Fundação, mas tinha outros jogadores brasileiros que não conhecia e fiquei a conhecer. São muito bons jogadores e têm o treinador brasileiro também e, portanto, foi a equipa que nos criou maiores dificuldades. Ainda assim tivemos o mérito e conseguimos. Estamos no Europeu, que era o nosso objectivo, em primeiro lugar do grupo.

A – O Thiago Paz, que joga pelo Azerbaijão, disse que se encontrarem, novamente, Portugal pela frente vão fazer de tudo para ganhar. A vossa moral é um pouco essa, não é assim?
C –
Pois. O Azerbaijão e qualquer equipa. Claro, ele tem de defender as cores dele e a selecção que representa, mas nós jogamos sempre para ganhar.

A – Agora rumas ao Sporting na próxima época.
C –
Ainda sou jogador do Freixieiro. A – Eu ia-te perguntar como iria ser mudar de cidade e de clube...
C –
Eu jogo no Freixieiro, as cidades são Matosinhos e o Porto.

A – Estás a jogar no campeonato português; no entanto, não há um outro campeonato que te fascina mais do que o português?
C –
Sim, como todos os jogadores gostava de jogar no campeonato espanhol que é o melhor campeonato do mundo. Para já, gostava de continuar, mais três ou quatro anos, em Portugal. Ainda tenho 23 anos e o meu objectivo é ficar cá até aos 26/27. Quero ganhar títulos em Portugal. Ganhei títulos ao nível individual, mas quero ser campeão, ganhar a taça de Portugal, a super-taça e espero, nestes próximos anos, ganhar algum título. Quero deixar aqui a minha marca e já a estou a deixar aos poucos…Depois gostava de rumar a Espanha, obter uma experiência nova, no melhor campeonato. A – Como é que vês o futsal nacional?
C –
Desde que comecei a jogar futsal vejo que o futsal está a crescer cada vez mais. Está a crescer mais, pois são cada vez mais os adeptos que acompanham o futsal dentro e fora do pavilhão. Acho que o futsal está na moda. Toda a gente gosta de futsal agora e isso é bom. Lembro-me de ir jogar e tinha 20 ou 30 pessoas na bancada, agora os pavilhões estão cheios. Sinto um orgulho muito grande por isso. Dá-me grande moral ver os pavilhões cheios e jogar com os pavilhões cheios, com muito barulho. Portanto, penso que o futsal está a melhorar, logo, está de parabéns.
Cardinal espera para o futuro poder arrecadar título, não só no que concerne ao desempenho individual como ao colectivo. Fica, por parte do jogador do Freixieiro, o desejo de “ganhar títulos em Portugal ao nível de clubes e ao nível da selecção – europeu e mundial – esse era o meu sonho. Isso era o topo mesmo, onde eu gostava de chegar. Sei que é difícil, mas não é impossível e vamos trabalhar para isso e quem sabe um dia”, declara. Para os mais novos fica o conselho: “Primeiro os estudos e depois optem pelo futsal. O futsal é uma paixão, é um desporto espectacular. Eu vejo e noto que cada vez mais miúdos gostam da modalidade, mas quero que eles estudem primeiro e que depois joguem futsal”.
Ontem um miúdo, hoje um craque, Cardinal dá a vida pelo futsal e luta pela conquista de cada jornada que se traduz na maior vitória da sua vida. Anabela da Silva Maganinho

Saturday, April 11, 2009

In: um sonho por "dentro" da música

Os IN começaram a jornada pelas lojas Fnac na passada quinta-feira, tendo em vista a promoção do primeiro registo da banda. IN é o nome dado a cinco rapazes que têm o mesmo sonho em comum: a música. Duarte dá a voz e está sempre acompanhado pela guitarra, Gil não prescinde das teclas, Miguel para além da voz dá o tom à guitarra, Ângelo faz a segunda voz no compasso do baixo e Virgílio fica com as pautas da bateria.
Oriundos de Braga e juntos desde 2003, os IN revelaram o verdadeiro boom enquanto banda no ano transacto, altura em que “Se já não queres saber de mim” encetou pela rádio. Entretanto, vieram as actuações pela televisão e agora, para executar, ficam os espectáculos um pouco por todo o país, de modo a que a música IN possa chegar “dentro” de cada um.
Anabela (A) – A primeira pergunta é a da praxe...
Duarte (D) –
Como é que surgiu a banda?

A – Exactamente. Como é que vocês surgiram? Vocês formaram-se em Braga, mas o que eu queria saber é se são todos de Braga.
D –
Sim. Vila do Prado, Vila Verde, Braga. A – Agora contem lá como é que tudo aconteceu. Em que ano é que vocês surgiram?
D –
Nós surgimos, como eu costumo dizer, num gosto pela música. Eu, o Gil e o Ângelo já nos conhecíamos da escola, só que formar um trio é complicado. Só em casamentos e não é muito a ideia (risos). Então era preciso arranjar mais músicos. Contactámos o Miguel e um outro baterista que esteve connosco durante três anos. Depois ele saiu e agora temos o Virgílio. Os IN surgiram, sobretudo, de um gosto pela música, de um gosto pelo rock. Tudo começou em 2003. Havia, inclusivamente, um dia oficial que nós declaramos quase feriado nacional, que é o dia 20 de Fevereiro de 2003. Não é feriado nacional, mas deveria de ser (risos). A partir daí foi só tocar, ensaios, concerto aqui concerto acolá e entretanto gravamos o disco.

A – Mas o grande boom podemos dizer que foi em 2008, não é?
D –
Sim, podemos dizer que fomos contratados para gravar o disco em 2007, mas o disco sai em 2008, por isso podemos considerar o boom IN em 2008.

A – E agora a explicação para o nome IN. IN tem a ver com moda com o estar dentro?
D –
Sim, precisamente por aí. Estar dentro, pertencer, fazer parte. Podíamos agora inventar e dizer que era uma sigla. Parecia bem, mas não vale a pena (risos).
A – A partir do momento em que tiveram a ideia da formação da banda irrompeu um projecto que foi sendo elaborado e limado ou uma junção foi constituída «às três pancadas»?
D –
Sim, considero que, como quase todos os projectos, surge às três pancadas. Só que, normalmente, vê-se ao contrário. Nós música zero, guitarras loja dos trezentos praticamente. Havia era uma grande vontade, mas foi evidentemente «às três pancadas». Claro que aos poucos fomos refinando a nossa maneira de ver a música, fomos caminhando para um gosto comum pela música que agradou a todos, que agrada a todos e continuamos a caminhar nesse sentido.

A – O vosso interesse pela música despontou nessa altura ou já vinha dantes?
D –
Penso que há uma ligação à música pela parte de todos. No meu caso, não digo que seja desde o berço porque não me lembro, mas é, de facto, uma ligação desde tenra idade. Eu acho que desde que uma criança ouça música e aprecie música, ainda que não se pense muito sobre isso, acaba por fomentar o «bichinho» da música dentro de si.
Um género musical, essencialmente rock, que apelidam como pop punk rock e que tem suscitado algumas novas denominações “ainda hoje ouvi algo engraçado pop punk skatter. Concordei, não podia dizer que não, mas também tem rock”, revela Duarte.
Miguel explica de que forma é que não estão “ligados a uma tendência”, pois pode ser “misturado um pouco pop, mas isso acabou por ser um acordo a que chegamos com a anterior agência. Antes de escrevermos os temas para avançarmos para a gravação do primeiro álbum determinamos isso, porque eles tinham um projecto mais ou menos definido que coincidiu com a criação de alguns temas mais pop, sendo a banda originalmente muito mais rock. Tudo o que aparecerá a partir de agora será uma versão diferente, será já com uma certa maturidade”.
Efectivamente, a música que vende em massa é a música pop, parece que é o meio termo no meio de distintos géneros musicais e os IN estão atentos a essa consciência que envolve o mundo no qual estão inseridos. “Se queremos ser músicos, temos que vender e aí, se queremos que chegue às massas, é pop”, confessa Duarte sem, no entanto, deixar de dizer: “vamos tentar buscar o rock mais genuíno, vamos como se fosse numa demanda pelo rock”.
A composição das letras e músicas deste disco de estreia coube a todos os membros da banda; todavia, não há um estereotipo do que é que se concebe primeiro – se a melodia ou a lírica: “Aí somos um bocado anarcas. Não há uma regra de estipular primeiro o som, depois a melodia, depois encaixamos a letra. Não, vamos supor: estamos na sala de ensaios e o Miguel está com a guitarra na mão e até sai um som engraçado. Uma coisa que lhe saia bem a ele, que nos soe bem a nós, dá para começarmos a trabalhar a partir da música”, explica o vocalista. “Isto é um bocado fruto da tua própria criatividade. E a criatividade, por vezes, vem num ensaio, como pode vir no trabalho, em casa, na cama, por vezes, é preciso estar atento, arranjar uma forma de memorizar aquilo em que estás a pensar e depois no ensaio demonstrar”, assevera Miguel.

A – Como é que descrevem este álbum?
D –
É um álbum jovem, dinâmico, podemos dizer que é um adolescente. Chamando a minha parte de letrista, embora todos componham e dêem a sua achega, posso dizer que é adolescente. Pode reflectir ainda ao nível de letras o período da adolescência; porém, julgo que, ao nível de melodias, é um disco mais adulto. Quero acreditar que é assim.
Miguel (M) – Eu considero até que é um disco que consegue reunir diversas faixas etárias. Digamos que tenho colegas mais novos que adoram e que se identificam, mas também há pessoas que escutam e que dizem que gostaram dos temas. Acho que não tem de estar conectado. É um álbum bastante consensual. A – Neste momento, se tivessem de destacar uma música, como a que melhor vos define, qual escolheriam?
D –
É complicado. Tendo o disco baladas… se me pedisses duas eu dizia-te duas de cabeça: a “Untitled”, uma balada fenomenal, um «baladão» como nós lhe chamamos; a outra seria a “First Date”, uma música que mostra atitude, energia e, no final de tudo, um desenrasque. A letra fala mesmo de um desenrasque e de lutar contra as adversidades. Ele vai, faz e acontece, tudo.

A – O que é que vocês pretendem passar através da música?
M –
Acima de tudo, sempre iniciamos este projecto como forma de ocuparmos algum tempo que sempre tivemos disponível, associado ao gosto pela música e fomos sempre ambicionando mais. Recordo-me dos primeiros ensaios e dos primeiros concertos em que eu gostava de dizer aos meus amigos que tinha uma banda, que íamos ensaiar. Eles achavam que eu era o maior. Agora os tempos foram passando e…
D – E tu continuas o maior (risos).
M – e a ambição também vai crescendo. Passamos por várias etapas e se podemos considerar que até houve uma altura em que levamos a música muito na brincadeira, neste momento não é tanto assim. Como o Duarte dizia no início, os instrumentos que utilizávamos não transmitiam qualidade. A partir de um certo momento houve um desenvolvimento a nível de banda e, acima de tudo, pensamos em começar a utilizar instrumentos que fossem capazes. Não queríamos ficar condicionados se tivéssemos de ir tocar a algum lado e, portanto, tudo isto foi surgindo naturalmente até que conseguimos levantar o primeiro álbum. Já estamos a pensar num próximo e esperamos que esse próximo traga uma nova dimensão e que essa dimensão permita chegar a um outro lado pela música.
D – Apesar de identificar nas músicas o movimento punk, não vejo as músicas como um meio de passar mensagens políticas ou morais. Vejo a música como um meio que possa passar energia, possa passar o desfrute de bons tempos ou talvez de uma fase menos boa até que escrevamos sobre isso e que a pessoa se identifique.
Ângelo (AN) – Essencialmente é boa energia. Camaradagem entre o pessoal.

A – Uma percentagem do vosso CD reverte para a causa Oikos, não é assim?
D –
Lá está, em vez de passar pela música preferimos agir. A letra de uma música é constituída por palavras e, ainda que possa despertar alguém para isto ou para aquilo, não passam de palavras. Tentamos fazer mais do que passar palavras e o exemplo é o nosso disco que pode ser adquirido no nosso site por 10€ e 2.50€ revertem para a Oikos.

A – Mas como é que surgiu essa ideia, mesmo da vontade de intervenção?
D –
Desde pequenos que estamos ligados a esse tipo de causas.
M – Desde pequenos banda (risos). Somos uma banda solidária.
D – Desde pequenos que estamos ligados à solidariedade e ao bem-estar dos outros, porque se o outro está feliz também eu estou feliz. Surge daí uma procura por melhorar tudo o que é possível melhorar.

A – Estávamos há pouco a falar sobre a composição das músicas. Quais são as bandas que vos influenciam na composição que se traduzem em referências musicais, para além dos Fonzie?
M –
Mas achas que é algo que está marcado na nossa banda, os Fonzie?
A – Talvez, não propriamente em termos sonoros, mas acho que há qualquer coisa que vos liga.
M – Não é relacionado. Posso dizer que, como banda, estamos muito ligados à sonoridade mais rock. Chegamos a uma altura em que a composição do nosso som era muito relativa. Não estávamos bem identificados até que houve um momento de viragem. Nessa altura, bandas como os Fonzie, ao nível nacional, Green Day e tantas outras, acabaram por ser influências. No entanto, do tipo de sonoridade com que nos viemos a identificar Fonzie era a maior referência nacional.
Virgílio (V) – O que é importante referir é que, não obstante ao facto de o grupo ser influenciado por referências nacionais e por referências que o grupo como um todo chama a si, há um lado mais individual que acaba sempre por contribuir para a música. Eu não sou influenciado por Fonzie, não que não goste da sonoridade, mas prefiro Nirvana, por exemplo. Mais do que ser influenciado como um grupo somos mais influenciados individualmente.
M – No fundo há uma sincronia de referências. Hoje, por exemplo, tocámos um tema que não está no álbum e não encontro os mesmos pontos para este tema, mas encontro outros. Penso que será sempre assim e é do meu agrado e do agrado de todos que o seja. Não queremos estar sempre a tocar temas exactamente iguais.
D – Sinto que, ao vivo, somos muito mais «rockeiros» do que aquilo que alguma vez se consegue mostrar num disco. O nosso álbum acaba por reflectir uma realidade que são os IN claro, mas as influências de um rock mais pesado começam a surgir em temas como a “Turn Bay”. Um tema que surgiu tarde e a más horas, mas, se calhar acaba por estar um pouco mais desfasado do disco. Quero acreditar que é uma música mais madura, mais trabalhada, mais pensada.
AN – Mais rock.

A – A que se deve a escolha de cantarem em português e em inglês, um assunto que suscita sempre alguma discussão no contexto nacional?
AN – É o meio-termo.
M – Mas não foi consensual no início.
D – Foi complicado, no início. Enquanto compositores é complicado de um momento para o outro começarmos a compor em português, não digo que não é.
AN – Costumávamos compor em inglês.
D – Estivemos três ou quatro anos a compor em inglês e, de um momento para o outro, tivemos de compor em português.
V – Tem a ver com fazermos uma adaptação. O rock não é português. Não estou a dizer que não podemos tocar em português; contudo, depois há a crítica de bandas portuguesas a cantar em inglês. A grande questão é que as coisas nascem por si, influenciadas por toda uma cultura…
AN – O inglês é a língua universal.
M – Se fossemos pegar em certos temas e os transpuséssemos para português acabaria por não funcionar da mesma forma.

A – Relativamente à vossa música “Deixaste-me tentar” é uma música tocada nas rádios nacionais, com especial destaque na montra nacional da “Best Rock”. Queria saber duas coisas: qual foi a sensação ao ouvirem pela primeira vez a vossa música passar na rádio? Este apoio por parte das rádios e até por parte das televisões mais recentemente, o que é que significa para vocês?
D –
A primeira vez que ouvimos a nossa música na rádio é estranho. Começamos por ouvir a nossa música numa rádio local e aí nem pensamos. Se os nossos primos ouvem é fixe. Quando vais no carro do nada e ouves numa rádio nacional a tua música… só saltávamos dentro do carro.
AN – É a mesma sensação de estar a jogar por um clube e logo no primeiro jogo marcar golo.
V – Das primeiras vezes, em que a música tocava nas rádios locais, eu não estava na banda. No entanto, lembro-me de uma situação: fomos a Lisboa e o nosso manager teve uma reunião numa rádio qualquer. Estávamos a vir embora e eu por acaso nunca tinha ouvido a música na rádio. Então, na carrinha de volta a casa eu ia no banco de trás e, de repente, começa a dar a música e o Ângelo esmaga-me contra a carrinha (risos).
AN – Era a primeira vez que estávamos todos juntos,
M – Ouvimos todos a música no top 7 às 7.
D – Vamos ver uma coisa, Portugal é um país pequenino, mas, para uma banda de Braga, estar a disputar o top quando estão com bandas de Lisboa, com bandas internacionais até, é um orgulho enorme. Significa que gostam de nós. Quanto ao apoio, acaba por se reflectir numa cobertura de tudo e em directo. Acaba por ser mais um pilar na nossa subida.

A – Acerca disso queria-vos colocar outra questão, vocês sentem-se de alguma forma «postos de lado» pelo facto de serem uma banda do Norte e não de Lisboa?
D –
Penso que cada vez mais isso vai deixar de existir. Nós, que somos de Braga, vemos que Braga é cada vez mais um pólo cultural e saem de lá cada vez mais bandas do que alguma vez saíram.
M – Braga está bem representada não só com bandas. Promoção e espectáculos é coisa que não existe, em Braga. Não é uma cidade que vive à custa da música, não vai lá ninguém tocar. Temos, há cerca de um ano, o Teatro-Circo que contribuiu para que houvesse mais qualquer coisa, mas não podemos ignorar que tivemos um fosso muito grande durante muitos anos. Não havia nenhuma referência a ser projectada para Braga para poder acontecer qualquer coisa e não havia esse interesse cultural. Esse fosso criou um isolamento.
V – Portugal é um país extremamente centralizado. Agora que Braga tem crescido e que iniciativas culturais têm surgido em Braga também é verdade. Não culpo os espaços culturais ou a falta de iniciativa que tem havido em Braga, porque tem a ver com a mentalidade das pessoas, essencialmente. Quantas vezes não há concertos e boa música e o pessoal prefere estar a socializar.
D – Socializar, entenda-se estão nos copos (risos).

A – Mas a indústria musical então não tem uma cota parte de culpa no meio disto?
M –
Não. Não há uma aposta por parte das pessoas, os bares não se mobilizam, não apostam.
V – Tendo em conta os espaços culturais que temos e o público, penso que o público está um bocado em baixo. A mentalidade das pessoas é que tem de mudar e isso é uma coisa que se vai adquirindo só ao longo do tempo, ou não. Ou se calhar é uma coisa que é um mundo à parte e vai continuar a ser. A – Vamos agora mudar um pouco o assunto e virar as atenções para cada um de vocês. Duarte, o teu sonho é fazer uma tour mundial. Quem é que gostavas que vos acompanhasse nessa tour?
D –
Boa pergunta. Nunca pensei nessa maneira, pensei sempre em acompanhar alguém. Sem problemas nenhuns com Simple Plan, com Green Day. Não nos importávamos nada de partilhar palco com eles. Nunca pensei eu a fazer uma tour mundial e alguém a fazer a primeira parte, pensei em eu acompanhar alguém.
M – É a humildade. :)

A – Miguel, a tour eras capaz de fazer em BTT?
M –
Olha que eu não digo que não (risos). Estou em forma. Sempre adorei praticar desporto e com a passagem dos anos isso foi-se tornando uma parte secundária da minha vida. BTT foi um desporto ao qual sempre estive ligado, porque já pratiquei a modalidade, e voltei agora por iniciativa de outros amigos e de pessoas da banda que também gostam de dar umas voltas. Referi a BTT como um hobbie, pois é bastante interessante e dedico-lhe algum tempo. É uma coisa radical.

A – Ângelo, os Fonzie são…?
AN –
Para mim, posso dizer que são meus amigos. Como banda, estão numa fase diferente, estão aí a experimentar o português. Acho que sim, que está a correr bem e que são uma excelente banda.






A – Virgílio, tens a frase preferida “o homem moderno perdeu o prazer do silêncio”, mas se o houvesse onde caberia a vossa música?
V –
Eu penso que sim.
Todos(risos).
V – É claro que não se pode interpretar literalmente. Não é o silêncio em si que tem que ser interpretado. Basicamente, o silêncio é muito uma ideia cultural. O silêncio é um silêncio intelectual.

A – Gil, caracterizas-te como maluco? E que história é essa de dizeres gosto: de mulheres; não gosto: de homens? Explica-te. (risos)
G –
O ser maluco acho que só os amigos, conhecendo o Gil como é…
Todos – o Gil, o jogador da bola
G – Não é só na foto do álbum em que possam dizer “aquele gajo é muito porreiro, muito quietinho”… não! O ser maluco é ser uma pessoa desinibida. Em cima do palco gosto de me poder libertar. Quanto ao resto “gosto de mulheres e não gosto de homens” penso que toda a gente sabe o que eu queria dizer, nada de mais (risos).
A inspiração comandou a esperança da concretização de um sonho. IN são hoje os mesmos rapazes de outrora que continuam a revelar o lado mais adolescente que cada um tem em si.


Os projectos e as ambições integram o elenco futuro, não obstante à incessante vontade de continuarem a compor e a mostrar aquilo que têm para dar ao mundo da música. Continuar a tocar é a prioridade e podemos adiantar, sem certezas, que IN pode ser uma banda a chegar além fronteiras. Sem demais a adiantar ficamos à espera de ver os próximos passos desta banda que, a qualquer altura, actuará bem perto de ti.
A banda, a concepção, o intuito IN da música nacional tudo num só núcleo bracarense que apresenta algo que vem de dentro a cada dia, desde que os deixem sempre tentar.
Anabela da Silva Maganinho