Wednesday, March 28, 2007

O que podemos encontrar ao virar da esquina









Vejam a quantidade de coisas que podemos ver em Espanha, no ano passado deparei-me com duas situações:



Um carro que nunca vi assim tão de parte e que a fotografia não mostra mas é de facto uma limosine jipe, é essa a atribuição que lhe dou.

E uma cadela de biquini e touca. A moda está, efectivamente, em todo o lado.

Anabela da Silva Maganinho









A linguagem dos Jornalistas

O quadro de Oskar Kokoschka suscitou em mim um grande interesse pelo pintor, pela pintura e porque não pelo jornal e o jornalista?

Uma interrogação permanente se coloca e hoje achei pertinente expô-la aos mais entendidos ou simples curiosos... "Qual a linguagem dos jornalistas?" "Qual a mais acertada de se praticar?" "Há que se ser um produto da sociedade e adaptar-se às situações ou erguer a cabeça sem compromissos deixando as portas abertas ou fechadas?"
Já agora, perante um quadro destes intitulado "Natureza morta com cúpido e coelho" (1913-14) porque não interrogarmo-nos somos um produto da sociedade ou uma consequência dela, isto é, seremos causa ou efeito do mundo que nos rodeia?" Pensem um pouco acerca disto...
Anabela da Silva Maganinho

A mensagem do Teatro


O Dia Mundial do Teatro foi hoje assinalado com presença e declarações de actores e peças de teatro por todo o país.
Matosinhos não foi excepção e comemorou este dia que para tantos significa o prazer, a paixão e até o amor que tem prioridade nas suas vidas. Ontem, na Nave (junto à Câmara do Município) decorreram as celebrações deste dia com a peça que já vem sido apresentada “Chavela”. Acabadas as palmas que congratulam as personagens, Fernanda Lapa – protagonista da peça - discursou a mensagem que antecipa o “Dia D”. Um texto citado, mas que não deixou de despertar a atenção de todos os presentes e emoção por parte de todos aqueles que tornaram possível a “Chavela”. Fernanda cessou a leitura da mensagem com uma proposição que pode ser assumida como um primórdio “Nós somos meros mortais mas o teatro é eterno como a vida”.
Destaco, então, as presenças de João Cabral e Ângela Marques (os restantes actores da peça), Luísa Pinto (encenadora), os irmãos Filipe e Pedro Pinto (responsáveis pela peça e jornalistas da RTP). Estiveram também presentes Carlos Daniel, Hélder Silva e outros representantes da estação pública.




Anabela da Silva Maganinho




Tive um imenso gosto de conhecer e entrevistar Fernanda Lapa. Uma verdadeira SENHORA da representação. Obrigada Fernanda. Até ao próximo mês.

A fotografia de várias vidas

As instalações da Câmara Municipal de Matosinhos agregaram a exposição “10 espectáculos, 10 mulheres” durante o mês corrente para todos aqueles que a quisessem visitar ou tivessem a curiosidade de ver “Chavela”.

Chavela Vargas

Como este mês contou com um dia especial para as mulheres – o Dia Internacional da Mulher – as iniciativas foram promovidas de acordo com a ocasião.
O fotógrafo Paulo Pimenta escreveu sob a forma de imagens ou fotografias, se preferirmos, algumas vidas que se destacaram durante o século XX. Muitas das mulheres retratadas já não habitam no mundo dos vivos, se de alguma forma acreditarmos num outro mundo; contudo, Paulo Pimenta decidiu recriá-las através da caracterização de dez mulheres reclusas do Estabelecimento Prisional de Santa Cruz. Os figurinos foram desenhados por Luísa Pinto (encenadora da peça “Chavela”) e, num ambiente de época, “as Divas foram fotografadas”. Estamos a falar de Coco Chanel, Isadora Duncan, Frida Kahlo, Florbela Espanca, Edith Piaf, Sarah Bernhardt, Marlene Dietrich, Maria Callas, Greta Garbo e Chavela Vargas.
Exposição e Teatro num só espaço, num só momento de desfrute de lazer por entre as paredes do Município que acolheu estas duas magníficas iniciativas interligadas entre si.
Frida Kahlo




Anabela da Silva Maganinho

Tuesday, March 27, 2007

"Os Maias" no Auditório de Gaia - um momento de revivência

João da Ega e Carlos no final da peça


A peça de Teatro "Os Maias", inspirada na ora com o mesmo nome, esteve até hoje no Auditório Municipal de Gaia. Efectivamente, uma boa peça acompanhada por boas representações que não se puderam perder.
Anabela da Silva Maganinho

Reno em Portugal


Reno estiveram na sexta feira ultima no Norteshopping, visando a promoção do mais recente álbum “Leaning to Speak Human”. Seis rapazes do Canadá com origens portuguesas que nao esquecem o povo luso mesmo estando no outro lado do Oceano. O álbum estará em Portugal dentro de cerca de um mês e meio. Ainda assim realizei uma entrevista à banda e podem esperar porque será publicada neste blog em breve.
Thank You Guys!

Como prometido a peça "Chavela". Chavela Vargas acima de tudo MULHER

O mundo viu Chavela Vargas nascer na Costa Rica no ano de 1919. Isabel Vargas Lizano nasceu e desde muito cedo começou a trabalhar e travar uma guerra com a vida. Na Costa Rica, sofreu com o trabalho infantil, tal como refere na peça tinha de “apanhar 5000 laranjas todos os dias”. Foi então que se mudou para o México para seguir o sonho e não mais viver da forma precária que nada mais lhe tinha a oferecer. Contudo, os dias difíceis não tinham acabado para Chavela. A discriminação acercou-a desde criança. Nunca ocultou as suas opções sexuais e não escondia que gostava de mulheres. Em 2000 anunciou publicamente que era lésbica.
Os primeiros acordes são dados e nas “cantinas” da capital do México conhece os escritores que acabariam por torná-la no ícone da música rancheira. O seu estilo muito pessoal e as suas atitudes incitaram olhares por parte da sociedade em que se inseria, principalmente por renegar as saias e vestir calças e exibir sempre a sua arma de fogo.

O cenário da peça de "Chavela"

O mundo demorou a reconhecer o seu valor, todavia, após percorrer ruas, bares, Cuba, Acapulco e Monterrey em digressão pelos hotéis rendeu-se ao talento de Chavela. Venderam-se álbuns, realizou concertos pelos EUA e Paris… Entretanto rendeu-se à bebida, 40 000 litros de Tequilha de acordo com o seu irmão.
Todos pensavam que Chavela não mais se ergueria, até que ela renasce pelas mãos de Almodóvar que a leva para Espanha, sendo ele uma fã incondicional. Um tema de Chavela é incluído num dos filmes deste realizador que, deste modo, a catapulta para a fama mundial.



Anabela da Silva Maganinho

“A máquina do tempo” sobre rodas





Os Blind Zero são uma das bandas de renome nacional que mais tem conquistado o público. Com treze anos completados no corrente ano, os elementos que compõem a banda decidiram inovar e mostrar a sua música pelas ruas do Porto (cidade onde a banda nasceu), promovendo, simultaneamente, o novo álbum “Time Machine”.
“Time machine (Memories Undone 1994-2007) é lançado por terras lusas como mais uma forma de comemoração do aniversário da banda. Este é um disco acústico, ao vivo, que reúne os grandes temas que marcaram a carreira da banda do Porto. “Shine on” “You owe us blood” “Tree” são algumas das músicas que integram o álbum e que, também em formato acústico foram ouvidas desde a Praça do Império até ao Shopping Cidade do Porto.
O itinerário que o camião iria percorrer inicialmente não era esse, contudo, nem por isso alguns curiosos deixaram de comparecer, sobretudo na Casa da Música. Efectivamente no Porto o público que participou na iniciativa não foi tanto quanto o esperado; todavia, foi um bom espectáculo e mesmo quem não sabia o que se estava a passar, parou para ouvir Blind Zero.
Zero… treze… nada tem a ver com um dia azarado ou com uma carreira de nada. Contrariamente, esta banda arrecada mais de uma década de êxitos e de sucesso por onde quer que passe. Não baixa os braços e continua a trabalhar no que acredita, tentando sempre dar mais e mais ao público. Treze concertos entre Porto, Coimbra e Lisboa comprovam isso e toda a dedicação e prazer por aquilo que fazem, caso contrário não estariam a dar música às oito horas da manhã.


Anabela da Silva Maganinho

Monday, March 19, 2007

Chavela está em exibição em Matosinhos até final do mês


Chavela peça de teatro que explicarei em breve num post está em exibição em Matosinhos. A não perder a encenação cuja personagem central é Fernanda Lapa a interpretar a cantora mexicana Chavela Vargas.

Ainda esta semana estará aqui publicada a entrevista a Fernanda Lapa que terei o prazer de realizar.

Thursday, March 15, 2007

EXPONOR: uma casa com estrelas

Para os admiradores do rosa sem esquecerem o conforto

Este candeeiro é, sem dúvida, o belo esteticamente falando. Foi sem dúvida arte bem concebida.

Opções clubisticas à parte, esta cama e toda a decoração do quarto estão abordadas ao pormenor. Senão porque haveria de ter um leão bem ao centro do quarto e da cama?



Sofás há muitos, mas como este... nunca vi. Sofá e luzes em muito concordam com
a apreciação de todo o resto.





A EXPONOR, situada em Matosinhos, promove durante a semana corrente, a exposição “In House”.
“In House” é constituída pelo salão principal - Salão da Casa ao Jardim – subdividido em pavilhões respeitantes a mobiliário, decoração e iluminação.
Aberto ao público este centro de exposições alberga inclusive uma exposição que arrastou já mais de um milhão de pessoas “Star Wars”. A saga mais vista do mundo pode agora ser apreciada por fãs, apreciadores ou simples curiosos da guerra. Estrelas não faltam, ainda que fictícias; contudo, a batalha está ainda a começar pois as figuras que integram “Star Wars” estarão no pavilhão sete até ao próximo mês.


Poderei estar a caminho das "estrelas".
Anabela da Silva Maganinho

Thursday, March 8, 2007

BLIND ZERO percorrem PORTO num camião

Ao celebrarem 13 anos de carreira, Blind Zero decidiram percorrer o Porto a dar música. Em cima de um camião, os elementos que compõem a banda portuense tocaram músicas conhecidas de todos - "Tree", "Shine On ", "You owe us blood" -, que encontramos inseridas em álbuns anteriores; contudo, que integram o mais recente CD "Time Machine".
"Time Machine" reúne alguns dos grandes êxitos de mais de uma década de sucesso que os Blind Zero arrecadam. Talvez o público aderente à iniciativa não tenha sido o esperado, ainda assim foi um grande concerto!
A banda de renome nacional teve coragem para, no alto de um camião, conseguir actuar e cativar o público por onde passou. O espectáculo começou por volta das 8.15h na Praça do Império (junto à Universidade Católica), seguindo pela Avenida Marechal Gomes da Costa em direcção à Rotunda da Boavista. Chegados à Casa da Música pararam para uma actuação mais direccionada, perante a presença de jornalistas, de fãs ou de simples curiosos que por ali passaram. As ruas do Porto não ficaram indiferentes e esperam mais ocorrências do género.
Terminaram a jornada no Porto perto do Shopping Bom Sucesso, onde se recolheram e seguiram rumo ao próximo destino de hoje: Coimbra.
Lembro que actuarão pelas 13h em Coimbra e pelas 17h em Lisboa. Bom concerto para aqueles que os acompanharem no circuito.
Força Blind Zero! Treze tal como zero não são números nulos são contagens de alegria e prazer no que fazem, ainda que numa luta constante pela permanência num mundo que é o vosso.

Andar uns grandes quilómetros a pé... às vezes até vale a pena:)




Anabela da Silva Maganinho

Tuesday, March 6, 2007

DUST – A luta por um sonho


Os Dust são a banda rock oriunda do Porto. Uma banda que começa a dar os primeiros passos para o sucesso e que tem como membros integrantes Tiago Harry (guitarrista), João Azevedo (baterista), Zé António (baixista) e Diogo Lima (vozes e guitarra) com quem estivemos à conversa.
O projecto começou em 2004 e, cerca de dois anos passados já contam com o seu primeiro álbum “Dust”. Actualmente, têm apostado um pouco mais na promoção do recente trabalho, encontrando-se a realizar concertos um pouco por todo o país, sobretudo nas zonas circundantes à metrópole nortenha.
Queremos saber um pouco mais acerca desta banda, de como tudo começou, como tem decorrido a divulgação deste disco, não deixando de parte quais as ambições e expectativas do grupo.
Iniciamos a entrevista a compreender como se formou este grupo, que gravou o seu primeiro álbum na Alemanha. O Diogo explica que tinha algumas músicas dele compostas “Na altura estava ainda numa outra banda e decidi escrever alguns temas para tentar gravar um disco a solo. Fiz uma maqueta com esses temas e enviei para o produtor que, posteriormente, produziu o disco dos Dust – Tommy Newton. Ele gostou muito dos temas e convidou-me a ir à Alemanha gravar. Estávamos no fim de 2004 início de 2005. Fui para a Alemanha e lá permaneci durante cerca de 4 meses a fim de gravar o disco. Contudo, as minhas ideias foram-se alterando. Resolvi, em vez de seguir uma carreira a solo, fazer uma banda novamente. Como já tinha tido uma banda achei que para o estilo rock seria sempre melhor uma formação, então formei os Dust. Já conhecia o Tiago Harry, os outros conheci por intermédio de anúncios, que é como normalmente se processa. Portanto, após todas estas fases os Dust surgiram em Março de 2005”.
Anabela (A) - Porquê a escolha de Dust para nome da banda?
Diogo Lima (DL) – Eu era o Eric Dust no início do projecto, porque o management achava que eu deveria ter um nome estrangeiro. Mais tarde, ao quebrar com esse management, achei que não fazia sentido ter um nome que não o meu (Diogo Lima). O nome dust foi das primeiras coisas que me vieram à cabeça aquando da procura de um nome para a banda. Somos quatro membros, e como pretendia um nome pequeno DUST com apenas quatro letras assumiu-se. Não obstante, queria que fosse um nome cru, visto que o nosso rock é um rock cru, e directo.
Uma banda que regista significativos resultados ainda no princípio da sua carreira, pode ser ouvida na Rádio. Os temas “What I want” e “I run tonight” estão a rodar nas estações nacionais e têm cativado a atenção dos apreciadores. A divulgação “está a decorrer aos poucos, mas bem. Agora vamos começar a promover o nosso álbum nos Açores, uma vez que conseguimos uma boa equipa de promoção, e vamos preparar o videoclip. O disco acabou de sair pelo que ainda é cedo de se verem resultados, mas vai acontecendo tudo naturalmente”.
O Cd dos Dust foi gravado no Área 51 Recording Studios, em Hannover, um feito que nem todos o conseguem, essencialmente se estivermos a falar em músicos portugueses.
A – Como surgiu a oportunidade de gravar este CD?
DL – A oportunidade despoletou devido a uma maqueta que tinha feito com temas meus. Um amigo aconselhou-me a envia-la para o Tommy Newton, produtor do disco, que, tal como referi, me convidou a ir gravar o disco à Alemanha. E foi deste modo que tudo aconteceu.
A – Foi então que regressaste a Portugal. Nesse momento sentiste a necessidade de seleccionar pessoas que te acompanhassem neste trabalho. Como se processou a procura de músicos para ingressarem neste projecto?
DL – Quis arranjar músicos portugueses. Viemos tentar com força em Portugal, e justificava-se que a formação fosse toda portuguesa. Foi uma opção minha. O guitarrista conhecia-o da formação anterior por isso foi fácil. Simplesmente entrei em contacto com ele e perguntei-lhe se queria continuar o projecto comigo. O João Azevedo, o baterista, conheci-o através de outrém, marquei um encontro e entendemo-nos muito bem, de imediato. Ele é um grande apoio à banda. O Zé António, encarregue do baixo, já o conhecia, razão pela qual também não foi difícil de o encontrar. Estou muito satisfeito com a formação conseguida.
A questão que se segue teve uma resposta concisa; todavia, que define exactamente aquilo que os Dust não pretendem arrecadar. O que este grupo considera ser a pior característica que uma banda pode reunir é a falta de humildade.
Cientes daquilo que querem e daquilo que não querem, os Dust lançaram o seu disco que será o impulsionador da sua carreira, que se tem revelado promissora.
A – Quais as expectativas para este Cd? Qual esperam que seja a reacção por parte do público?
DL – A reacção por parte do público ao CD tem sido boa. Nos concertos e nos showcases da FNAC temos tido prova disso. As pessoas de qualquer faixa etária têm aderido muito bem, têm gostado da música e vêm falar connosco no final. O grande sucesso de uma banda é o público gostar; porém, hoje em dia, não chega. Um dos obstáculos será sempre conseguir furar os media e conseguir alcançar os pilares que tornam possível o êxito de uma banda. O público tem-nos dado muito apoio e motiva-nos a continuar. O nosso trabalho tem vindo a ser bem aceite, agora falta o resto.
A – Nas vossas músicas, mais concretamente no que diz respeito a letras, existe um ou vários EU (I) e um TU (YOU). A quem correspondem?
DL – Por vezes temos de inventar histórias, porque um músico não consegue viver tanta coisa. Curiosamente, neste primeiro disco, vivi um pouco muitas das letras. Na época eu mantinha uma relação à distância e houve uma fase que suscitou escrever muita coisa. As restantes letras falam numa verdade: a luta por um sonho, aquilo que estamos a fazer e a ambição no sentido do que desejamos no futuro. Ainda assim, há aquelas que temos de elaborar um pouco, tal como acontece quando se escreve uma telenovela, não se consegue viver tudo.
A – Qual a vossa inspiração para a composição das músicas?
DL – Tanto momentos positivos como negativos são propícios para criar músicas. E, contrariamente ao que se possa pensar, por uma pessoa estar num momento mau não significa que só escreva músicas negativas, até pode registar-se o contrário – para escrever coisas mais positivas. A minha inspiração advém sempre da minha vida, daquilo que vejo, daquilo que a sociedade é e do que andamos a fazer no mundo. Vamos tentar falar mais em termos políticos e humanitários, tentar abranger tudo, talvez no próximo disco.
As referências presentificam-se no estilo musical que os Dust compõem, provindo todas do rock e do pop-rock “Gostamos muito de bandas tais como Aerosmith, Whitesnake, Guns N’ Roses, Bon Jovi, The Cult, são esses os marcos”.
A batida e a sonoridade da música desta banda é diferente daquilo que se faz por terras lusas. Queremos então desvendar como se conseguiu essa sonoridade.
A – Como conseguiram o som patente no vosso álbum? O toque internacional evidenciado é propositado de forma a que a vossa música se expanda?
DL – Sim. Devemos fazer sempre tudo com humildade, embora seja importante ser-se ambicioso. Ficamos satisfeitos por estar em Portugal. Primeiro é preciso que se consiga algo aqui; contudo, é necessário olhar para fora, sendo que, às vezes, as oportunidades espreitam por todo o lado. O cantar em inglês não é apenas um gosto próprio, vem da internacionalização que se torna mais fácil. Além disso, penso que o estilo de música se encaixa muito mais em inglês, estilo esse que advém dos nossos gostos. É verdade que não se ouve muito em Portugal, também não conheço bandas conhecidas a tocarem este estilo, o que pode ser bom. O que é diferente, normalmente consegue marcar e, portanto, espero que venha a ser uma coisa positiva.
Quando se está em palco é unanime que a adrenalina sobe ao rubro até se obter o contacto permanente com o público. Para os Dust esta situação não é bizarra e, apesar de terem o intuito de passar uma mensagem ao público, o primeiro com o mesmo é sempre algo que provoca um nervosismo oculto.
A – Qual o sentimento ao estar em cima do palco mesmo que seja no formato showcase?
DL - Estar no palco é o culminar de todo o trabalho. Gosto muito de estar em estúdio, mas em palco é espectacular. Se se pode dizer que há uma adrenalina na música é quando subimos ao palco para mostrarmos aquilo que fazemos, aquilo que trabalhamos. Particularmente, quando vemos que as pessoas estão a gostar.
A - O que pretendem transmitir através da música?
DL - Os Dust sempre tentaram enviar uma mensagem positiva, pois a vida já tem tanta coisa má… Tentamos enviar uma mensagem positiva e, simultaneamente, crítica. Considero que quem tem a voz deve aproveitar essa atenção que lhes é dada, de forma construtiva. Assim, será de uma maneira crítica; porém, autoconstrutiva e uma maneira sonhadora, de fazer as pessoas sonhar um pouco com as aventuras.

Ficamos a conhecer um pouco deste novo talento, composto por quatro elementos que se fundem num só estilo e num objectivo comum. Todos sonham permanecer de forma cada vez mais presente no mundo da música, não só visando o enriquecimento do panorama nacional como do internacional. A ambição moderada é sempre bem-vinda e esta banda está consciente daquilo que quer e sabe que a luta não vai ser fácil. Conquanto, eles não param e revelam que têm cada vez mais a oferecer.
Diogo Lima confessa que “As ambições são sempre as maiores. Temos que discernir as ambições pés na terra, das outras que são mais malucas, sendo bom ter as duas. É aconselhável andar com os pés na terra, uma vez que não nos magoaremos nem nos desiludiremos tanto. Se não estivermos assentes na realidade sofreremos mais desilusões; todavia, dar-nos-á mais aquela vontade de continuar a lutar. A ambição, pelo menos em Portugal, é a de marcar um lugar no panorama da música, o qual achamos que ainda não existe. Poder marcá-lo como outras bandas o fizeram. Ao nível internacional, sem grandes sonhos seria conseguir um estatuto médio, pelo menos conseguir aguentar uma carreira”.
Com este término, resta-nos esperar pelo sucesso desta banda que se começa a evidenciar e que promete fazer o quanto estiver ao seu alcance para singrar, para fazer aquilo que realmente é um gosto na vida dos componentes deste projecto materializado.
Podem saber ainda mais acerca desta banda, designadamente a agenda, em

Anabela da Silva Maganinho

Luigi: o jovem talento que revela carreira promissora pelos palcos


Luigi tem dado o seu contributo à música nacional. Actualmente, com vinte anos, demonstra que a música é a vertente pela qual pretende enveredar por muito tempo, sendo esta a que lhe mostra resultados.
“Os teus beijos são” “És um deserto” são dois dos temas que constam do repertório de Luigi, estando este a preparar-se para lançar o terceiro álbum. Consciente da curta longevidade do seu percurso musical, exige o máximo de si para oferecer o melhor aos fãs.
O álbum será lançado no final do Verão e, enquanto isso não acontece poderemos encontrar este músico por palcos portugueses. Oriundo de Matosinhos, tem percorrido o país e conquistado o público que estima o seu trabalho.
Com esta entrevista poderemos ficar a saber um pouco mais acerca da vida profissional deste cantor que, em breve, se evidenciará num outro projecto no grande ecrã.

Anabela (A) – Como surgiu a oportunidade de começar a cantar? Que experiências conta enquanto cantor?
Luigi (L) – Decidi cantar como qualquer outra pessoa o pode fazer, comecei a cantar aos dezassete anos em bares de karaoke. Entretanto, um agente foi acompanhando o que eu ia fazendo e sugeriu-me boas indicações de trabalho. Posteriormente, propuseram-me a gravação de um disco e foi, deste modo, que tudo se processou. Gravei o disco, editei-o e, após de ter criado temas originais, consegui a colocação de dois temas em telenovelas. Podemos dizer que essa foi a grande rampa de lançamento para que o disco saísse e tivesse consistência no mercado. O resultado não foi o esperado, porventura das poucas aparições televisivas que tive. Os empresários fazem promessas que podem ou não ser cumpridas. O meu empresário estava no mundo da música, inserido num mercado que não era, exactamente, aquele em que eu queria entrar por ser feita a promoção “em pacote”, ou seja, vender os meus espectáculos em conjunto com outro artista.

A – Pretendia ser reconhecido pelo seu próprio sucesso não “colado” a outrem, no fundo era isso que se sucedia?
L – Exacto, embora tenha consciência de que para ganhar consistência é preciso que nos dêem a mão. Integrei as primeiras partes com a brasileira Luka, feito que me deu algum impulso e me possibilitou conhecer entidades que inseriram as minhas músicas na banda sonora das telenovelas “Mundo meu” e “Mistura Fina”.

Um jovem talento, estudante, que começou a evidenciar-se pelo trajecto que iniciava. Na escola, teve de lidar com determinadas situações, principalmente com as aparições televisivas “Penso que, infelizmente, as pessoas quando estão na ribalta são inacessíveis. Não tive uma ascensão muito grande e, ainda assim, deparo-me com algumas situações dessas. Não me julgo mais do que ninguém; contudo, sinto que tenho um trabalho dissemelhante da maioria das pessoas e é isso que talvez me leve a ter alguns cuidados e a estabelecer uma certa restrição em termos sociais. Chamei a atenção, porque é criado um ser mais idolatrado pelo facto de poder ser visto na televisão. O mediatismo, nos nossos dias, é muito importante, fazendo com que as pessoas criem uma barreira entre as pessoas acessíveis e as inacessíveis. Não se notou uma diferença significativa, visto que a minha projecção não é assim tão grande; todavia, constata-se sempre algo que difere”.
Os pais desde sempre se traduziram em pilares assentes que mostram, constantemente, o seu apoio. Deslocam-se aos concertos, nos quais se presencia o imensurável carinho pelo filho, não deixando de o acompanhar nesta longa caminhada pelo mundo da música “Apoiaram-me, incessantemente, em tudo. Aliás, o meu pai é o mentor do projecto deste segundo disco. O primeiro álbum foi um pouco de sorte, no sentido de ter conhecido determinadas pessoas que me lançaram. Neste segundo álbum, estou numa grande editora - a “Espacial” - e conto, como sempre contei, com o apoio por parte dos meus pais.”

A – Como te autodefines enquanto músico e enquanto pessoa?
L – Enquanto pessoa não gosto de me analisar, prefiro que me analisem. Como músico identifico-me uma pessoa dedicada, concentrado/ aplicado no meu trabalho. Escrevo e componho as músicas dentro do meu estúdio, conjuntamente com o meu produtor Luís Marante (membro do grupo Santamaria). Tentamos descobrir, fazer temas originais, construir algo de novo pela música. Trabalho, essencialmente, direccionado para a sonoridade das novelas para que possam criar uma sinopse e realizar, de repente, um videoclip com a música. Não obstante, tento achar o tipo de som e de instrumentos que pretendo. Assim sou como músico, como pessoa não gosto de me classificar. Não sei detectar os meus defeitos, mas aceito as críticas que poderão fazer com que os corrija.

Em Portugal, denota-se a dificuldade em singrar e conseguir viver, exclusivamente da música. Vários artistas para um país que se encontra defronte de díspares vicissitudes. Luigi encontra-se nesta nova vida há cerca de três anos e, apesar de ainda não ter alcançado o tão esperado reconhecimento, consegue viver na música ainda que continue a ser estudante. Para um músico conseguir singrar no nosso país é indispensável “Criatividade, força de vontade e o fundamental - saber de música. Tive só três ou quatro semanas no conservatório e consegui aprender com essa experiência. Depois fui aprendendo sozinho e, nessa acepção, considero-me um autodidacta em relação ao piano, instrumento que toco. Não sou nenhum Richard Claydermann; porém, tenho as noções básicas daquilo que é a música.” Nesta sequência, há aspectos positivos e negativos em ser cantor “O melhor que tem é sermos reconhecidos apenas pelo trabalho que fazemos. O pior é, realmente, o medo que se pode ter da fama. É um pouco complicado, porque podemos de um momento para o outro ficar a pessoa inacessível.”
Temas distintos no que concerne aos conteúdos; todavia, que se encaminham para o estilo musical de Luigi classificado por pop/romântico.

A – Onde buscas a inspiração para a composição dos teus temas?
L – Nas pessoas que gosto. Em raparigas que considero interessantes, que não tenho necessariamente de a amar. Basta um olhar de forma diferente, pormenor que serve de ponto de partida para criar uma história. Tenho muitas pessoas que me inspiram. Na minha idade decido explorar, devido a ser uma idade de transição. Nestes três anos, desde que lancei o primeiro disco, foram surgindo inspirações novas a partir das quais partilho de um momento no imaginário e escrevo.

A – No teu CD verifica-se uma fase de transição: começas por falar a alguém “Os teus beijos são” “És o deserto”, seguidamente referes-te à tua forma de encarar a vida, terminando com “Já não sei se te quero”.
L – Algumas das letras não sou eu quem as escrevo. A minha maneira de ver ainda é um pouco cor-de-rosa, provavelmente, pela minha idade. Certamente, se tivermos outro discurso daqui a uns vinte anos não será o mesmo. Isso patenteia-se nas letras que escrevi e naquelas que escreveram para eu interpretar, que têm de se identificar com o álbum. Projecta-se, inclusive, para as pessoas que passam pelas situações enumeradas, podendo a música servir como força, porque há mais coisas para fazer além do amor.

A – As letras parecem direccionar-se para uma outra pessoa. É uma realidade ou apenas uma elaboração de letras?
L – Tive como inspiração as tais raparigas que posso ver na rua e duas ex-namoradas. Algumas músicas foram para elas; contudo, são músicas que tanto se aplicam a elas como a outras pessoas que se vêem perante a mesma situação. Não sou a única pessoa a ter este tipo de sentimentos ou a passar por este processo de relação.

A – Se tivesses de escolher um só tema do teu disco qual seria e porquê?
L – “Por ti” é o nome do novo álbum em que estou a trabalhar que vai sair em Setembro, precisamente. Fui eu quem a escreveu, quem a compôs, portanto, é essa a música com a qual eu me identifico totalmente.

A – “A vida é para sorrir”, para ti a vida é mesmo assim?
L – Sim, para mim, a vida é assim. Deparamo-nos com momentos de choro, o que não quer dizer “deitar a lágrima pelo olho”. “Chorar” pode ser uma circunstância: uma falha de alguém, uma relação que se acaba, um amigo que se perde, enfim, algo que nos é precioso e que termina. Só o facto de sabermos que estamos vivos e com saúde é-nos suficiente para que a melhor solução seja encarar a vida de forma positiva. Então, a minha mensagem “a vida é para sorrir”: temos que sorrir com tudo o que temos mesmo nos instantes maus.

Dois dos temas, como referi anteriormente, constaram da banda sonora de telenovelas, uma proposta não fácil de ser conquistada que se transformou numa oportunidade única aparecida “através de um conhecimento por parte da minha editora. Esta apresentou-me certas pessoas e foi proveitoso conhecê-las e estabelecer um elo de ligação com elas. Fui um felizardo, porque, com um ano de carreira, consegui colocar dois temas portugueses em telenovelas onde, normalmente, há imensa música estrangeira. Há coisas que não sei explicar; consegui por sorte, talvez seja um pouco isso.”
Percorre o país, actuando em diferenciados palcos nos quais situações inimagináveis advêm do simples facto deste jovem estar a cantar.

A – Houve até hoje algo mais estranho que te acontecesse em palco?
L – Um soutien. É esplêndido quando isso acontece, tal como quando se recebe um piropo: são motivos que nos fazem felizes. Apesar de receber peluches também ser engraçado, a cena mais hilariante foi eu ter ido atrás do palco durante um concerto e estar lá uma rapariga sozinha a chorar e a olhar para o meu postal. Disse-me que o motivo pelo qual chorava era por estar ciente de que nunca me iria tocar nem tão pouco ver. Disse-lhe para me dar o seu número que eu a iria avisar aquando dos meus espectáculos, para que ela pudesse lá estar.

A – O que significam para ti os fãs, aqueles que gostam da tua música?
L – Houve outra situação: uma rapariga da qual sou amigo, que me adora e admira o meu trabalho, no entanto, tem plena consciência de que nunca pode ter nada comigo. Criou um blog e vai construir uma página na internet. É, provavelmente, algo de gratificante para ela e para mim isso é um grande estímulo.

A – A imagem tem-se mostrado um ponto cada vez mais relevante com o qual os artistas se preocupam. Concordas com esta afirmação, considerando que a imagem é um ponto a ter em consideração na carreira de um músico?
L – Sim, considero importante. Seguramente, se tivesse mais quarenta quilos não vendia tanto. Infelizmente, acho que sim. Se outrora gordura foi sinónimo de formosura, hoje o magro é quem vence. Tenho um ginásio que me patrocina e o mesmo quer que eu perca oito quilos para lançar o meu disco, para estar bem fisicamente e também para a tal situação sobre a qual não quero adiantar muito. Desleixei-me um pouco enquanto estive em estúdio, pois não tinha tempo para o que quer que fosse. A partir de agora estou numa fase de retenção até sair o meu disco e tenho que cumprir com as minhas obrigações, uma vez que estão a investir em mim. Em relação à imagem é muito importante senão fundamental na vida de um artista, excepto se for um sucesso da TVI. É o dito mediatismo que está criado e não o crescer dependendo de nós próprios. Crescermos por nós implica termos de fazer tudo a duplicar, contrariamente ao que acontece com uma grande estrutura por detrás, tornando-se bem mais fácil.

Estar em palco, em estúdio e comandar toda uma carreira ocupa uma parte substancial do dia deste músico. Ainda assim Luigi confessa que o que lhe dá mais gozo fazer é “Sair com os amigos, principalmente com as amigas. Dou-me melhor com raparigas, acho a mulher um ser espectacular, uma obra de arte da natureza pelo que me sinto muito bem e me identifico com elas. Velocidade é um hobbie que me dá prazer: adoro andar de Kartings – quando tenho tempo livre ando, ousando, por vezes, a fazer o mesmo com o meu carro, o que não devia; e conduzir em Fórmula 1, sempre que tenho oportunidade vou para o autódromo do Estoril.” Não obstante, Luigi divulga o seu gosto pelo teatro que é a área do seu curso universitário “Ir ao teatro é bom, porque culturalmente enriquecemo-nos, especialmente se for uma peça com qualidade.”
Com referências musicais de distintos géneros, a partir das quais tenta compor, Luigi alude a artistas de renome tais como Stevie Wonder, Richard Claydermann - pianista espectacular -, Pink Floid, Ozzy Osbourne, Björk, Usher, Alicia Keys, Guns ‘n Roses, Bom Jovi, Bryan Adams, Mário e Prince.

A – Se houvesse oportunidade, quem escolherias para cantar contigo?
L – Enrique Iglesias. Gosto muito dele e surgiu a possibilidade de poder estar com ele no Pavilhão Atlântico. Uma das melhores experiências da minha vida foi falar com ele. É uma pessoa inacessível até mesmo em termos geográficos. Destaco-o por ter um estilo musical do qual me aproximo.

Três anos decorreram desde que se apresentou pela primeira vez num dos aniversários da Rádio Festival. Por entre diversos compromissos profissionais, dois discos no mercado e um álbum que, brevemente, será divulgado “O balanço é positivo, pois tenho muito pouco tempo de carreira. Quando se é novo, acho que tudo é bom e de tudo se tira proveito. O balanço é bom e estou com boas expectativas em relação ao futuro. Considero que irá ser muito melhor, podendo estar-se a adivinhar o novo sucesso não só pelo investimento financeiro como também pessoal. Posso não ter tido tanto sucesso por falta de promoção ou, realmente, porque as pessoas não aderiram ao meu trabalho como eu esperaria que o fizessem, mas estou aqui para insistir e para tentar fazer melhor de disco para disco.”
Relativamente à falta de apoio por parte da indústria discográfica, Luigi não atribui as culpas “totalmente para a indústria da música. O mercado encontra-se deveras saturado, preenchido pela presença das mesmas pessoas. Porém, tudo tem um ciclo e cada um tem a sua visão sob carreira. Sinto apoio por parte da indústria musical, ainda assim, é notória a saturação de mercado de que falei.”

A – O que mudou na tua vida desde que ingressaste pelo mundo da música nacional?
L – Penso que não mudou nada de muito especial. Alterou-se em termos de aparições sociais e de exposição social com a qual é preciso ter atenção. Devemos, sobretudo, ter alguns cuidados com a beleza pessoal e com a imagem.

A – Vives repartidamente entre Lisboa e Porto. É difícil lidar com a constante deslocação?
L – É bastante difícil. Contudo, são duas cidades que adoro e, não raras vezes, as viagens são pagas, o que é óptimo. Não estabeleço qualquer tipo de problema, tendo afazeres diferentes em ambas. Gravei o disco no Porto e fui masterizá-lo em Lisboa. Canto e gravo no Porto e, se tiver de ir a programas de televisão, vou a Lisboa. Em suma, são situações que têm de ser confrontadas com a realidade.

A ambição deste cantor do Norte “seria alcançar um disco de platina. Era o meu sonho. Ter disco de platina é sinónimo de sucesso e de que as pessoas gostam do trabalho. Não há nada mais gratificante para um artista do que ser intitulado como um dos maiores sucessos do país.” Uma aspiração que, possivelmente, será concretizada. Não nos podemos esquecer que a carreira de Luigi regista os primeiros passos e anos de sucesso esperam por este cantor e músico que tem deixado a sua marca pelo panorama nacional.
Os projectos vindouros que Luigi anuncia são fazer discos e continuar com a vontade de dar um contributo crescente para a música.”
Os fãs aguardam pelo lançamento do novo álbum e pelas novidades de representação que poder-se-ão presenciar com a participação deste recente talento no grande ecrã.


Anabela da Silva Maganinho

Sunday, March 4, 2007

Não podias faltar 47!




Claro que não podia deixar de parte uma pessoa que para mim é muito importante. Gosto imenso dele como jogador, como profissional, mas também como pessoa. É um rapaz que, apesar de parecer rude e brusco em determinadas palavras ou actos é um homem extraordinário. Humilde, simpático e lutador. Acho que não há muito a dizer... é o meu verdadeiro ídolo com toda a certeza.




Força João!


Um grande músico, um grande mérito


É obvio que não poderia deixar de prestar o meu agredimento ao Miguel Gameiro e a todos os restantes membros que compõem a banda portuguesa POLO NORTE.

Para quem apreciou o meu trabalho... para quem sabe e não somente faz de conta... para quem apoia... para quem realmente sabe fazer música!!! Obrigada

Polo Norte uma banda com muito a dizer através da música



Os Pólo Norte são uma banda que dispensam apresentações. Cerca de doze anos de carreira, seis álbuns lançados, inúmeros concertos e actuações, enfim, vários dados que constituem uma banda que perdura e que tem sempre muito para dar.
O novo álbum Deixa o mundo girar representa um relevante marco na carreira deste grupo. A promoção deste álbum vai decorrendo um pouco por todo o país, revelando aquilo que os Pólo Norte têm a dizer.
A integrar a banda Pólo Norte encontramos o vocalista, Miguel Gameiro; Luís Varatojo, que se ocupa da bateria/ percussão; a guitarra eléctrica e a guitarra acústica ficam a cabo de Tó Almeida; nos teclados João Gomes e, finalmente, Marco Vieira no baixo.
De visita à Invicta, os Pólo Norte demonstraram o quão humildes são, para além de revelarem que ambicionam realizar mais concertos no norte do país.
Com a entrevista a seguir exposta, poderemos saber um pouco mais acerca desta banda portuguesa que cativa um público distinto e que podemos considerar como pertencente da história da música em Portugal.
O Miguel Gameiro respondeu, prontamente, às questões colocadas deixando transparecer a sua simpatia e gosto pelo que faz.

Anabela - Tantos anos de paragem.. a que se deveu?
Miguel Gameiro – Considero que só faz sentido para um grupo gravar um disco quando têm alguma coisa para dizer que seja significativo. Não apenas significativo para nós como para quem nos ouve. Não obstante, que possa, de certa forma, alertar as pessoas para alguma situação ou falar sobre a nosso modo de ver determinada situação. Só assim é que faz sentido gravar um álbum, só quando se tem realmente algo de importante para dizer. Daí a paragem de três anos desde o Jogo da vida.

A - Onde se formou a banda Pólo Norte? De forma sintetizada, consegues dizer como surgiram os Pólo Norte no panorama musical?
M. G. - A banda formou-se em Belas. Penso que a banda se formou como se formam a maior parte das bandas: um grupo de amigos que se junta para tocar. Posteriormente, começamos a compor algumas canções, alguns originais. Nunca tivemos muita paciência para fazer “covers”, pois sempre gostamos de escrever, de fazer coisas nossas. Muito sintetizadamente, foi assim que surgiram os Pólo Norte.

Mais de uma década já decorreu desde que os Pólo Norte se mostraram ao público português apresentando o seu trabalho e revelando que tinham muito para dizer. Anos que passaram mas lembranças que perduram pois ainda se lembram de quando apresentaram o primeiro trabalho ao público português e o primeiro single se pode ouvir na rádio. Lembro-me. Por acaso, lembro-me bastante bem que ia no carro e, ao ouvir o primeiro single na rádio foi uma situação estranha, mas, ao mesmo tempo, de grande alegria, para nós, porque era um disco que nós ansiávamos fazer, era o nosso primeiro disco. E ir na estrada e ouvir aquilo que nos deu tanto trabalho a fazer, ouvi-lo pela primeira vez na rádio foi espectacular.
Quanto a referências musicais que, a priori, todos temos, o Miguel menciona que,
É difícil sintetizar as referências da banda. Surgimos numa época em que a música portuguesa estava a atravessar um grande crescimento, a maior parte das bandas e dos grupos portugueses cantavam em português, haviam muitos grupos novos a aparecer. Ouvíamos muita música portuguesa, portanto, no início, as nossas influências estavam muito baseadas na música portuguesa. Actualmente, já não consigo destacar uma referência, porque fomos ouvindo tanta coisa, e somos influenciados por tanta coisa que nos chega, que é difícil de resumir as influências de um compositor, ou de um músico.
O novo álbum foi editado e encontra-se a ser promovido. Deixa o mundo girar é o Cd que determina o presente da banda. Decerto várias são as expectativas para este novo álbum que marca a viragem da mesma.

A - O representa este álbum na carreira dos Pólo Norte?
M.G. - Este álbum é, sem dúvida, dos mais interessantes que fazemos enquanto grupo. Como referi à pouco, três anos passaram desde o último álbum. Este álbum marca, inclusive, a viragem da banda, em termos da sua sonoridade. Sentimos que crescemos um pouco mais como grupo. Não obstante, sentimos que conseguimos, finalmente, num álbum, passar aquilo que o grupo é ao vivo, em concerto. As pessoas, por vezes, têm a ideia de que Pólo Norte é uma banda de baladas, de músicas calmas e, ao vivo nunca fomos assim. Preocupavamo-nos, se calhar, demasiadamente, com o disco, com pequenos pormenores e perdia-se a orgânica das canções. A produção deste álbum foi feita, essencialmente, a pensar nisso: incidimos na orgânica das canções, de modo a que, ao se ouvirem as canções pareça que está a ouvir um álbum ao vivo, junto do público envolvente.

A - Poderemos designar este álbum como sendo uma continuação do que até aqui foi feito?
M.G. - Nós somos os mesmos. Estamos diferentes porque crescemos, todavia, somos os mesmos. Houve uma entrada de um músico, a saída de um outro músico, mas penso que, a raíz da composição Pólo Norte está presente. Quem ouvir quer as letras, quer as músicas vai senti-lo, vai-se aperceber, imediatamente, que é Pólo Norte, apenas com outra abordagem musical, talvez com outra maturidade.


A - Relativamente à composição das letras, és tu quem as elaboras. Em que é que te inspiras para compor?
M.G. - No quotidiano, no dia-a-dia: as nossas vivências, as vivências das pessoas que me rodeiam, e naquilo que eu vou presenciando, em termos do que se vai passando no mundo. No que me chega todos os dias. É isso que nos influencia como pessoas, como seres humanos. É aquilo que nós vimos, é a realidade com o qual nos vamos deparando. Com coisas que nos chocam, que nos agradam, ou ainda que nos desagradam.

Anteriormente, as músicas dos Pólo Norte foram inseridas em telenovelas, fazendo parte das respectivas bandas sonoras. O single Deixa o mundo girar, que, aliás, intitula o último álbum, como tenho vindo a referir, integra a banda sonora de uma nova telenovela. A sua inserção ocorre frequentemente com outras bandas, pelo que pretendemos saber como aconteceu. Essa inserção aconteceu com um convite que nos foi feito para incluir o tema na novela, por ser uma canção muito positiva, com uma mensagem muito forte. Numa novela que se chama “Mundo Meu”, acabou por estar, de certa forma, relacionado. A inserção é importante. Como toda a gente sabe, as novelas da TVI têm imensa audiência, e é um meio considerável para os grupos e para as bandas chegarem às pessoas. O objectivo aqui é fazer com que um maior número de pessoas consigam saber que há um álbum novo, e conseguir mostrar-lhes essas canções desse álbum novo, o que às vezes é o mais difícil. Actualmente, estamos numa editora independente, com uma estrutura mais pequena: tem pontos favor porque conseguimos controlar o que se vai passando, e sabemos, diariamente, o trabalho que está a ser feito; e tem outros pontos contra, uma vez que é mais difícil chegar a nível de media, é mais difícil “estar lá” no lobbie do media. Apesar disso, vamos insistindo de todas as formas que temos, porque as músicas têm que chegar às pessoas, é esse o nosso objectivo. Se não chegarem às pessoas, tudo isto perde o sentido. Depois de terem chegado e as pessoas não comprarem o disco, nós aceitamos: não se identificaram, não acharam importante, não acharam significativo. Para isso acontecer, para haver esse balanço é preciso que as músicas dos grupos cheguem através da rádio, através da imprensa.
Relativamente às expectativas para este novo Cd que acaba de ser lançado, o Miguel refere que São muitas por tudo isto que te falei. Estando nós envolvidos noutra estrutura, e porque penso que a música em Portugal atravessa uma fase de crescimento, foi um desafio fazer este álbum pois trabalhamos com um produtor internacional chamado Steve Lyon. Este já trabalhou com Raemon, com The Cure, com Depeche Mode... Também por isso é um álbum que penso que marca a diferença dos restante álbuns dos Pólo Norte. Portanto, este disco é importantíssimo para nós.
Muitos anos de carreira devem despoletar ideias e opiniões acerca da música em Portugal. E vários concertos realizados devem surtir efeitos.

A - Qual o concerto mais memorável que realizaram?
M.G. - É difícil escolher um concerto como o mais memorável. Poderei falar no primeiro grande concerto que nós fizemos. Num espectáculo que foi o Portugal ao vivo, no início da nossa carreira, onde estavam reunidos diversas bandas portuguesas e nós estávamos lado-a-lado com grupos que já tinham a sua carreira, que já estavam com o seu nome no mercado e que nós respeitávamos e respeitamos imenso. O facto de estar ali, a par com eles no mesmo palco, logo depois da saída do disco... Recordo-me bastante bem porque estávamos todos super nervosos.

A - Qual o balanço que fazem acerca da música em Portugal? O que consideram ter mudado no mundo da música desde que o grupo nasceu até aos dias de hoje? O que consideram que deveria mudar?
M.G. - O balanço que faço da música em Portugal é um balanço positivo. Considero que as pessoas e as bandas estão a trabalhar cada vez melhor, estão a cantar cada vez mais e a acompanhar aquilo que se vai fazendo lá fora. A estrutura em si, a que nos suporta (editoras, agenciamentos, recintos de espectáculo, sítios onde podemos tocar) tem melhores condições nesse âmbito. Assim, o balanço que fazemos é positivo, tal como o balanço que eu faço é positivo. Só tenho pena, realmente, que se cante tanto em inglês, que se deixe o português um pouco para trás. Não sou contra, obviamente, na minha opinião as pessoas devem-se expressar na língua com a qual se identificam. Essencialmente, de uma forma geral, acho que a música portuguesa está bem.

A - Qual o balanço que fazem de todos estes anos de música de Pólo Norte, com cinco álbuns editados?
M.G. - Este o sexto. O balanço também é mais do que positivo. Há doze anos que estamos no mercado da música, que decidimos embarcar nesta aventura e não nos podemos queixar de nada. Temos tido imensos concertos ao longo destes anos; tivemos discos que chegaram mais às pessoas, outros que chegaram menos. Mas, obviamente, que o balanço, para uma banda como a nossa, só pode ser positivo. Estamos a fazer aquilo que gostamos e estamos a fazer a música que gostamos. Sentimos que as pessoas estão connosco e que apreciam o nosso trabalho, e que nos conhecem, fundamentalmente. Podem não apreciar o nosso trabalho mas conhecem-nos.







O Miguel Gameiro participou durante anos consecutivos no coca-cola Portugal a cantar. Este ano o evento da coca-cola foi outro - coca-cola on stage. O coca-cola on stage, para quem não sabe, foi um evento realizado pela coca-cola, patrocinado por várias empresas e que consistia numa espécie de festival, no qual bandas subiam ao palco e actuavam para um público que assim o quisesse, pois a entrada era livre. Este evento foi realizado em Portimão, Ponte de Lima e Lisboa. Ambos os eventos da coca-cola, mas projectos distintos com finalidades distintas e formatos diferentes, um elemento que os liga – Miguel Gameiro - O que significa, para ti, a participação nesse projecto? Enquanto convidado do projecto Portugal a cantar é uma coisa e, nesse caso, fui convidado apenas eu para um projecto que foi criado, e que, fundamentalmente, reunia vários cantores de diversos projectos diferentes, e onde se fazia, por assim dizer, uma retrospectiva de vinte anos de música portuguesa, porque faz uma homenagem à música portuguesa. Como Pólo Norte já foi diferente. Foi um festival, também ele organizado pela coca-cola, mas onde tiveram vários grupos portugueses: os Da Weasel, Jorge Palma, Expensive Soul, Fingertips,... uma série de bandas portuguesas que participaram. Os dois são projectos diferentes.
Uma banda, concerteza, com um futuro deveras promissor, visa objectivos, tem projectos e ambições futuras. Pretendemos saber o que ainda falta ser conquistado por esta banda de Sintra.

A - Quais os projectos para o futuro? O que esperam ainda vir ainda a alcançar?
M.G. – Quanto a projectos pretendemos continuar a trabalhar naquilo que gostamos de trabalhar, continuar a fazer cada vez melhores canções, melhores discos. Manter os olhos bem abertos em relação àquilo que se vai passando à nossa volta, para podermos “apontar o dedo” e fazer ver às pessoas que possam estar um pouco mais adormecidas, aquilo que nós achamos que tem que ser mudado, ou aquilo para a qual achamos que deva ser focada a atenção das pessoas. Visamos continuar a passar a mensagem.

A - Há algo que consideram que ainda não alcançaram plenamente e que pretendem vir a alcançar?
M.G. - Tanta coisa... Como banda? Tanta coisa. Há muitos sítios onde não fomos tocar: aqui em Portugal já tocamos em muitos sítios e há outros tantos que nós ainda não fomos. Gostávamos de, eventualmente, gravar alguns temas em inglês, mas neste caso para sair, não para serem lançados em Portugal. Posteriormente, temos projectos individuais. Cada músico está relacionado com certos projectos que, de certa forma, poderão fazer com que cada um de nós ganhe experiência para depois poder concentrá-la no grupo. Logo, existem ainda muitas coisas para fazer. Há muitas pessoas a quem queremos chegar e ainda não chegamos e a quem queremos mostrar o nosso trabalho e ainda não o mostramos.

A última pergunta a colocar direcciona-se para todos, de forma generalizada, embora seja de destacar que pode servir de incentivo para todos aqueles que têm uma banda ou pretendem formar. Como banda veterana, que assim o considero, quais são os conselhos que dão às novas bandas que se estão a formar agora?
Veterana não, isso são bandas para cima dos vinte anos de carreira, nós só temos doze. Às novas bandas o que posso dizer é que tenham muita paciência porque as coisas, hoje em dia, poderão estar um pouco melhores em termos de novos grupos que vão surgindo, mas estão mais difíceis para novas bandas. Apesar de tudo, está mais difícil a passagem de música portuguesa em algumas rádios. É mais difícil do que era há uns anos atrás, está mais difícil para a língua portuguesa também, sinto isso. Mas penso que, quando se acredita naquilo que se está a fazer, e quando se sente que o que se está a fazer é um trabalho genuíno, digno,... podemos fazer o que quisermos desde que acreditemos naquilo que temos para mostrar e quando achamos que realmente temos algo para dizer às pessoas, e que vamos fazer algo de importante.

Concluída esta entrevista que abordou aspectos relativos a toda um banda que abarca longos anos de carreira e que não se deixam afectar por vedetismos ou excessos, a não ser excesso de pôr o público e todas as pessoas em contacto com o que dizem e, consequentemente, em contacto com as suas músicas e os seus trabalhos. Ao longo da entrevista pudemos verificar que a humildade e a vontade de realizar novos projectos está presentificada, sempre com o objectivo de chegar mais longe e dar tudo pelo que defendem. Podem ausentar-se por algum tempo, mas ficou evidente que o público não os esquece pois sabem que estes só se apresentam quando realmente têm algo de significativo a apresentar. Aquando de uma das actuações dos Pólo Norte, estes revelaram que o single Faz de conta, que se encontra em Deixa o mundo girar acabado de editar, é aquele que espelha o álbum revelando a visão que a banda tem do mundo.






Anabela da Silva Maganinho

Ruy de Carvalho - figura ilustre no desempenho de interpretações


Que HONRA! Aqui deixo os meus Parabéns a este grande actor... SENHOR DE PORTUGAL e dos PORTUGUESES!


Na passada semana, a FNAC promoveu a apresentação do livro acerca do actor português Ruy de Carvalho. Embora o livro não fosse escrito pelo actor, tão acarinhado pelo público em geral, este não deixou de estar presente no lançamento. Tito Lívio, que já tinha, anteriormente, entrevistado, enquanto jornalista, Ruy de Carvalho, propôs a realização de uma biografia sobre o actor e assim a redigiu e elaborou até ao resultado que podemos encontrar em grande parte das livrarias portuguesas.
Após a apresentação que coube ao autor Tito Lívio, Ruy de Carvalho começou por elogiar as terras do norte do país, tal como, o teatro experimental feito no Porto. Todos os presentes mostravam-se interessados no recinto, uma vez que, era do conhecimento de todos, aquele actor que, para além de nos dar um maravilhoso registo nos teatros e cinema português, entra em nossas casas através de interpretações do melhor que se tem visto no nosso país, e que nos adquire prestígio.
Várias questões foram levantadas acerca do teatro na Invicta e regiões limítrofes, às quais Ruy de Carvalho se limitou a dizer que tem feito muito para que se fomente o teatro amador e que tem batido em muitas portas, que são verdadeiros muros culturais, como ele próprio afirma. Ainda referente ao teatro, Ruy de Carvalho salienta que, quando há teatro precisamos de ver sempre se gostamos, não nos podemos basear no que os outros dizem; e procede incitando à presença do público nos teatros e nas peças relevando a sua importância Sem vocês não é nada, é apenas um ensaio.
Uma das perguntas que coloquei, pois considero como sendo aquela que suscita maior interesse foi, qual o segredo para que, ao longo de todos estes anos, o Ruy de Carvalho consiga cativar público/pessoas das mais variadas faixas etárias. O actor português, prontamente, respondeu à questão É preciso gostar-se daquilo que se faz, pode-se não conseguir fazer, mas desde que o público sinta... porque o público sente quando um trabalho é feito com amor, feito para os servir. E o meu trabalho é sempre esse, é para servir aqueles que me vêem. Penso sempre nas pessoas que me vêem e, portanto, mantenho sempre esse espírito desde que comecei, que é tentar fazer sempre o melhor que sei e posso; se não faço mais é porque não posso.(...) Os meus colegas novos fazem sempre o favor de me ensinar alguma coisa. Aprendo muito com eles, porque vocês têm uma coisa maravilhosa que é o sonho que, juntamente com a nossa experiência, resulta numa mistura da qual ficamos a ganhar muito. Evoluímos no nosso trabalho. Sinto-me à vontade a trabalhar com os novos porque já trabalhei com os antigos. Trabalhei com muitos actores dos antigos e dos novos que já os misturo a todos. Não separo nenhum porque cada um de nós tem uma criança em si, e nunca mais cresce nem morre. E eu tenho esse miúdo cá dentro.
Segundo Tito Lívio, que intervém completando o que Ruy disse, o segredo é o facto de o Ruy querer sempre dar ao público o melhor de si mesmo, quer em televisão, cinema ou teatro.
Ruy de Carvalho acarreta já um grande esforço devido aos longos anos de desempenho da actividade. Já diversas são as peças de teatro, distintas as participações televisivas (séries, telenovelas, representação em programas...), não esquecendo o cinema, que talvez ressalte com menor intensidade na sua carreira repleta de emoções. Como não poderia deixar de ser, os prémios e as distinções advieram de tudo o que ele fez enquanto actor efectivo quer no palco quer na vida.
“Ruy de Carvalho: Um actor no palco da vida” título atribuído ao livro de Tito Lívio promete ser um grande marco na história do teatro português, de forma a que todos possam ter acesso a parte da vida desta surpreendente figura do teatro, cinema e televisão portuguesa.




Anabela da Silva Maganinho



PS. Este artigo foi escrito no ano passado

A entrevista inquirida ao Miguel


Blind Zero - Uma década de êxitos

Os Blind Zero são um grupo puramente nortenho que dispensa apresentações. O Nuxo, o Miguel, o Vasco, o Pedro Vidal, o Pedro Guedes e o Miguel Guedes estiveram na Invicta durante o mês em curso e realizaram, nas lojas FNAC, actuações que arrastaram curiosos, admiradores e fãs desta banda que arrecada mais de uma década de carreira. O lançamento do novo álbum The Night Before and The New Day foi um sucesso e tem vindo a ser, assim como, a sua promoção e divulgação. Os Blind Zero foram muito receptivos à proposta de uma entrevista à qual o vocalista Miguel Guedes se revelou prontamente às questões colocadas.

Anabela - Como surgiram os Blind Zero?
Miguel Guedes – Os Blind Zero nasceram há onze anos atrás, por uma questão de sorte. O Vasco, o Nuxo e o Pedro tinham uma banda que se intitulava por Sun Scream; eu e o primeiro guitarrista dos Blind Zero, o Mário, tínhamos uma banda - O.P. Visions. Entretanto, e porque o Mário andava na faculdade com eles realizamos um ensaio em conjunto que correu muitíssimo bem. Na época, pelo menos, a nossa apreciação foi essa; se fosse hoje, talvez a apreciação seria distinta e ao ouvirmos o ensaio morreríamos de rir. No momento, pareceu-nos muito bem e resolvemos começar a fazer músicas. Foi então que começamos a tocar num bar e noutro, e as pessoas foram aparecendo de uma forma muito massiva. Criou-se o que podemos chamar uma espécie de culto à volta da banda que possibilitou que, ao fim de um ano, tivéssemos a possibilidade de gravar um disco da nossa autoria. O nome Blind Zero surgiu nos meses seguintes aos ensaios, pois numa primeira instância não havia nome algum.
A - Como detectaram o gosto pela música?
MG - O gosto pela música surgiu muito antes de termos bandas. Todos nós ouvimos música desde pequenos: começamos pela Abelha Maia e acabamos com Nick Cave (risos).
A – Qual a razão que apontam para a escolha de cantar em inglês?
MG - Foi uma escolha que surgiu de uma forma completamente natural. Não havia muitas bandas a fazê-lo e não havia, sobretudo, ninguém que tivesse conseguido vender discos, em Portugal, enquanto banda portuguesa a cantar em inglês. Era muito complicado, no entanto, existia uma nova quantidade de gente nova (bandas) a fazer músicas em inglês. O inglês aparece na nossa vida enquanto músicos, enquanto Blind Zero. Uma vez que, as nossas influências não são propriamente música tradicional portuguesa, mas sim, influências anglo-saxónicas, pareceu-nos a língua mais viável para expressar. Eu não dou muito valor à língua; neste caso, dou muito mais valor ao que se diz. E isso pode ser dito em qualquer língua, porque as pessoas amam-se e odeiam-se em qualquer parte do mundo. Tento interpretar a canção na altura, por isso, cada concerto realizado pode ser único.
A - Quais as tuas referências musicais?
MG - Imensas. Tom Waits, Bob Dylan, Suzane Vega, Bruce Springsteen. Em termos de rock actual penso que Queens of the Stone Age são uma banda fantástica. Johnny Michel, David Bowie…
A - Qual o público que visam atingir?
MG - Não visamos atingir nenhum público específico, e penso que não atingimos nenhum público em específico. Limitamo-nos a fazer aquilo que queremos e sabemos. Penso que temos gente que nos ouve há muito tempo; desde que começamos, há onze anos, e que continuam a ouvir-nos. Essas são pessoas que podem ter idades desde os 15 até 40 anos ou mais. A faixa etária que predomina é entre os 20 e os 30 anos.
A – Recuando alguns anos, qual foi a sensação ao saberem que, pela primeira vez, iriam gravar um Cd?
MG - Quando nos propuseram o primeiro contrato discográfico ficamos imensamente contentes e, simultaneamente, muito ansiosos porque nunca tínhamos entrado num estúdio a sério para gravar. O primeiro disco tem a ver com isto, com aquela urgência em dizer coisas, com a incapacidade para fazer algumas outras, mas também, com coisas que só se fazem uma primeira vez. Portanto, ali está toda uma primeira vez. É um disco que, para mim, já está muito distante, que não o ouço frequentemente, todavia, é um capítulo da história.
A - E o primeiro concerto? É um acontecimento que ainda retêm bastante na vossa memória?
MG - Sim. O primeiro concerto que demos, se é que o podemos chamar de concerto, foi uma actuação bem perto do Porto. O local em questão deveria ser a casa do povo de Zebreiros. O concerto foi realizado no primeiro andar: os idosos ficaram no andar de baixo e um grupo de jovens encontravam-se no piso de cima. E ninguém percebeu nada do que estava a acontecer (risos).
A - Tiveram uma experiência com a MTV. Realizou-se um concerto que vos deu a oportunidade de proceder à gravação de dvd. Queres falar um bocadinho acerca disso?
MG - O convite da MTV foi um convite fantástico. Permitiu-nos tocar em Milão (Itália), gravar o formato MTV Live, que se trata de um formato já efectuado por centenas de artistas – todos os grandes nomes da música mundial – o facto de sermos a primeira banda portuguesa a fazê-lo foi muito curioso. Este foi um convite que nos deixou muito felizes. O concerto correu bem, foi muito bem gravado (bom som e boas luzes) e foi editado em dvd. Posteriormente, tocamos também em Génova. Representa, sem dúvida, um marco e um registo.
A - Por falar em experiências: cantar no comboio foi uma sensação que gostariam de vir a repetir?
MG - Foi muito giro. Superou as nossas expectativas. Confesso que, quando soubemos que íamos actuar numa linha de comboio, estávamos um bocadinho receosos do que iria ser. Podia não agradar até porque a linha do comboio faz imenso barulho. Na verdade, havia uma carruagem reservada para nós, para pessoas que iam entrando... Foi muito engraçado pois íamos tocando umas músicas, saíamos, dirigíamo-nos até ao bar, falávamos com as pessoas, voltávamos a tocar. Tratou-se de um registo um pouco hippie. Decorreram 30 minutos em cada direcção muito bem geridos, com uma paisagem muito bonita, numa linha que é muito perigosa.
A - Quais as expectativas para este mais recente Cd The Night Before and The New Day?
MG - O Cd está feito. As nossas expectativas são sempre viradas para a conclusão do Cd. Temos as expectativas para que o Cd seja bom, seja a nossa cara, o nosso espelho. As expectativas direccionam-se de forma a que corresponda ao que queremos fazer e esperamos que supere aquilo que queremos fazer. Uma vez feito, não temos expectativas.
A – Tratou-se de uma gravação muito dura ou dentro do ritmo normal?
MG - Foi relativamente dentro do ritmo. Quando as coisas estão razoavelmente preparadas nunca custa muito. Aliás, nunca é de grande custo estar em estúdio porque o estúdio é um campo de uma imensa liberdade. Os concertos ao vivo são extremamente importantes e neles respiramos; são momentos únicos e o que falhou, falhou, e o que foi bom, foi bom. Num disco tens a possibilidade de construir um edifício desde a terra, dos primeiros alicerces, até ao tecto. Há tempo. Demorou um mês e meio a ser feito, misturado, produzido, porém, já tínhamos cerca de quatro a cinco meses de pré-produção na sala de ensaios, com várias maquetas e diversas hipóteses. Quando vamos para estúdio já temos pensada a ideia daquilo que queremos fazer. É óbvio que determinados aspectos mudam, mas estar em estúdio é uma experiência muito boa. Enquanto que tocar ao vivo é efémero, o estúdio aproxima-se à ideia de plantar uma árvore.
A - Como caracterizam este Cd?
MG - É um Cd diferente de tudo o que fizemos até agora, penso eu. O Trigger e o Red Coat são discos mais jovens para nós. Com One Sillent Accident - terceiro disco – chegamos a um som finalmente nosso: o som mais rock que podíamos ter, mais despido de qualquer coisa, um som agressivo, agreste, rude. E, a partir daí, o A Way to Bleed Your Lover foi um salto para uma outra esfera. Considero que foi o grande eixo de ruptura. É um disco muito negro, muito psicótico, muito complicado em termos do que se dizia, do que se falava... e muito denso. Para este disco, quisemos inverter um bocadinho as coisas e incorporar um pouco de ar e respiração. The Night Before and The New Day poderá ser um disco mais alegre, mais bonito, embora continue a ter os mesmos temas psicóticos do anterior mas recontextualizados com personagens, com pessoas mais sãs.
A - Em que se traduz a essência das vossas músicas?
MG - Eu acho que a essência nunca se traduz. A essência, quando muito, pode-se viver. É muito raro atingirmos uma essência. Pelo essencial, entendo a felicidade, mas isso é na vida. A felicidade tem vários caracteres secundários. Nós somos imensamente felizes com o que fazemos.
A - Há, como pano de fundo, um objectivo a atingir?
MG – Existe um objectivo: passar, comunicar, como é óbvio. Há um número considerável de coisas que queremos passar cá para fora, que queremos fazer e que temos a pretensão de saber fazer: escrever coisas, dizer coisas... Para nós que adoramos música, é muito bom estarmos num plano como este, privilegiado, de podermos ter pessoas que nos querem ouvir ao fim de todo este tempo. A elas estamos eternamente agradecidos. Admito como um sinal de que ainda estamos vivos de alguma forma, e de que as pessoas ainda se revêem. Vejo pessoas a cantarem as letras deste disco e o disco não saiu assim há tanto tempo quanto isso. Por conseguinte, é muito gratificante saber que o disco pode entrar na vida das pessoas. Queremos comunicar com os discos.
A - Em que é que se baseia a composição e elaboração das músicas?
MG – Baseia-se em tudo. Tentamos que os discos sejam o espelho mais próximo daquilo que somos enquanto pessoas: do que somos realmente, do que queremos ser ou do que não somos – tudo isso faz parte de nós. Cada um de nós tem diversas personagens interiorizadas, existe a principal mas não devemos dar menor relevância às secundárias que fazem parte do enredo. Não raras vezes, no disco, posso puxar as secundárias, basicamente, e trazê-las para o exterior.
A - Como tem sido a aceitação do público relativamente a este último trabalho?
MG – A aceitação tem sido muito boa. As pessoas têm gostado imenso. Há uma unanimidade muito grande em relação ao disco que até é estranho mas ficamos contentes por isso.
A - Qual a principal diferença entre os vários álbuns que gravaram?
MG - Os três primeiros, embora sejam discos diferentes, encerram de certa forma um ciclo – o ciclo da procura, digamos assim. Estávamos à procura de uma identidade, de um som. Na minha opinião, conseguimo-lo com o One Silent Accident, seguidamente, o A Way to Bleed Your Lover e o The Night Before and The New Day são discos de tentar novos caminhos, de fazer coisas novas. Depois de termos feito o que para nós era basilar, havia que começar a construir um outro tipo de edifícios. Assim, os discos são muito distintos, como disse; o anterior muito negro e denso, muito border line, no limite do psiquiátrico com personagens sempre no limite de algum mal; este disco detém sobre si mais ar, mais esperança e mais luz.
A - Qual foi o álbum que vos deu mais gozo e qual foi aquele que vos suscitou plena satisfação pós-gravação?
MG - Quando possuímos um disco estamos sempre convencidos que é o nosso melhor disco. Estamos tão inseridos no assunto que é impossível pensarmos o contrário. Pessoalmente, os dois últimos álbuns deram-me muito mais satisfação, em termos de finalização. Olhava para o Cd e reflectia-me no que tinha sido feito.
A - Consegues atribuir um adjectivo que qualifique cada álbum?
MG - O primeiro disco – Trigger – é um disco de urgência. O segundo disco – Red Coat – um disco de procura. One Sillent Acccident é um disco de encontro; A Way to Bleed Your Lover é um disco de ruptura. Finalmente, The Night Before and The New Day é um disco de libertação, de liberdade.
A - O que pensam da música portuguesa actualmente?
MG - A música portuguesa vive bons momentos em termos artísticos e criativos. Vive maus momentos no quanto se relaciona com as possibilidades de vendas, nomeadamente, de discos que cada vez são menores. As causas são a pirataria, os downloads ilegais e a cópia privada que fazem com que o número de vendas seja notoriamente reduzido. É muito complicado. Penso que os artistas, neste país, têm cada vez mais dificuldades em sobreviver. Podemos estar assistir, daqui a dois ou três anos, a fenómenos de inexistência de música portuguesa nestes moldes porque a indústria está, de facto, a mudar.

Nos nossos dias, o aspecto visual é considerado, por muitos inseridos no meio, um ponto a ter em conta para a carreira musical. Resolvi, então, colocar esta questão ao Miguel atendendo que os Blind Zero são uma das bandas portuguesas mais duradouras, o que nunca é de mais referir. Não é um ponto irrelevante mas não é importante. Para o nosso conceito de banda, para nós enquanto pessoas não é relevante. Vamos para o palco da mesma maneira que andamos no dia-a-dia, não fazemos da encenação no palco algo muito importante. Podíamos fazer caso fosse necessário artisticamente, mas não é assim que temos feito. Se me falas em visual, em termos de utilização de artes visuais, como o vídeo, é evidente que já temos utilizado o vídeo muitas vezes em concertos. Achamos que é importante, mas são formas de cultura; agora no visual, no sentido, se nos preocupamos com o look da coisa, não.
Actualmente, a música portuguesa tem atravessado díspares vicissitudes que, cada vez mais bandas e, inclusivamente, artistas a solo, têm reunido esforços para atenuar a situação. Os Blind Zero são uma banda consistente que atentam sobre este aspecto Nós somos uma banda de media gama. Deixo para os outros descreverem como são os Blind Zero. Tentamos ter um percurso coerente, com mudança que acho que é fundamental. E, sobretudo, honesto, honesto para connosco. Acho que nunca fomos desonestos e isso é o fundamental. Poder olhar para trás e sentir que tudo foi feito porque era para ser assim e não houve nenhuma teatrisse, nenhuma manobra deixa-me muito confortável.
No campo da divulgação, incidindo substancialmente sobre a divulgação nacional, mas não apartando a internacional, o Miguel revela que: A divulgação internacional é insuficiente, é quase inexistente, como para a maioria das bandas portuguesas. O campo internacional é outra história. Não queremos pensar muito nisso porque depois temos grandes decepções. A música portuguesa, nesta altura, não está capaz de exportar produtos. A música portuguesa está tão mal que não consegue apostar. No campo nacional, o que se nota é que parece agora haver uma certa valorização, as pessoas começam-se a aperceber que estamos em risco de que as bandas se extingam, de que as bandas porque não conseguem sobreviver, porque fazem-se as músicas mas não se comunica. As rádios passam pouquíssima música portuguesa também me parece que quotas exageradas, acho que são um erro. A divulgação da música portuguesa passa essencialmente pela rádio e pela imprensa, pela televisão não, falo da boa música portuguesa. Porque a televisão tem pouquíssimos espaços desde há muitos anos a divulgar música, não privilegia a música, nunca privilegiou. E acho que o caminho é exactamente esse: é não privilegiar. E a televisão é o grande fenómeno de massas, é a grande comunicação de massas, portanto, a música portuguesa está condenada, julgo eu, nos próximos anos, a ser cada vez menos ouvida; a não ser que haja uma inversão de tendência de cultura.

A - Quais os elementos necessários para a concretização no mundo da música?
MG - Fazê-la, ser persistente, ter alguma qualidade, ter alguma sorte e ser honesto artisticamente, acredito que isso mais cedo ou mais tarde acaba por compensar.
A - Como conseguiram singrar ao longo de todos estes anos de carreira?
MG - Com estes factores que acabei de referir. Além de uma união que tem que existir numa banda, obviamente. Ao longo de tantos anos é quase um sentimento familiar, ou seja, temos que ser amigos uns dos outros.
A - Qual o balanço que fica de todos estes anos de música?
MG - Um balanço de uma enorme felicidade. Estamos a fazer aquilo que queremos, aquilo que sempre sonhamos fazer. Não somos uma banda ambiciosa, no sentido de ter famas ou de ter proveitos, vamos fazendo o nosso percurso calmamente apresentando discos que creio que são sucessivamente melhores, e isso, para nós, é o mais importante. Que as marcas que deixemos, sejam pelo menos marcas coerentes e que o passado seja reconfortante um dia que queiramos olhar para ele.
A - Aquando de uma banda de garagem, a música era um passatempo, actualmente como passam o tempo?
MG - Só posso falar por mim. Estou a tirar um curso de mergulho. Tenho como passatempos ver arte, ver cultura: vou ao cinema, vou ao teatro, ouço música – ouvir música continua a ser um passatempo - viajar é um passatempo óptimo, e ter amigos.
A - Um grupo de amigos constituiu a formação de uma banda. A entrada no meio musical veio alterar a vossa relação uns com os outros?
MG - Não. Veio reforçar os elos porque descobrimos uma quantidade de afinidades que não sabíamos que as tínhamos.

Imensos devem ser os momentos que recordam desde o primeiro instante enquanto banda, momentos emocionantes, diversas peripécias... instantes partilhados. O Miguel conta que, musicalmente é difícil dizer. Há muitos momentos emocionantes. Cada disco é muito importante. Depois há concertos que ficam marcados por um ou por outro motivo. Lembro-me perfeitamente que, a primeira exposição pública que tivemos foi no Imperial, onde, de repente, tínhamos uma quantidade enorme de gente a aplaudir-nos. Não contávamos com tal atitude. Tudo depende das pessoas.
Inúmeras actuações já ocorreram. Palcos divergentes, públicos diversificados, cidades diferentes, bandas nacionais e internacionais. Uma curiosidade reside, existe ainda algum grupo com quem gostassem de actuar e ainda não o tivessem feito? Não. Eu gostava muito de ver muita gente que ainda não vi. Actuar com... acaba por ser sempre, actuamos com, pisamos o palco com , mas se calhar nem o vimos. É claro que gostava muito de pisar o palco com o Nick Cave ou com o Tom Waits, ou com o Bruce Springsteen ou com todos aqueles que referi anteriormente.

A - Há quem vos considere uma banda de Lisboa por actuarem em maior número em Lisboa, no entanto, vocês são uma banda do Porto. Qual é o local que vos dá maior prazer tocar?
MG - Nós somos uma banda completamente portuense. Gosto muito do Porto. Nunca tivemos aquela organização de ir para Lisboa para tornar as coisas mais fáceis, porque podia tornar, como há muitos músicos que vão viver para Lisboa. Os Blind Zero fazem muito sentido no Porto.

Para finalizar, quais são as perspectivas para o futuro? O que esperam que ainda se venha a alcançar? Qual o sonho que gostavam que se concretizasse?
Os objectivos e os sonhos passam sempre por um futuro musicalmente. Os objectivos e os sonhos são tocar e sermos capazes de gravar um próximo disco que é sempre uma incógnita. Nunca sabemos se quando voltarmos a compor se vale a pena de se gravar. E acho que isso é muito motivante para nós porque se pensássemos na perspectiva de que temos uma banda e vamos gravar mais um disco – eu não sei quando é que vamos gravar mais um disco. Espero que sim, porque se gravarmos é porque há uma razão válida para isso. Terá que sair um disco certamente diferente deste.





Anabela da Silva Maganinho

De Zero só mesmo o nome


Recordo agora a minha entrevista aos Blind Zero. Foi uma das entrevistas que mais gozo me deu fazer. Lembro-me de ser uma entrevista de extrema importância para mim... estava nervosa... não sabia bem como os iria encontrar e que predisposição teriam para auma entrevista de faculdade. Tentei ser não só esta como em todas as outras o mais profissional possível sempre usufruindo de grandes momentos de prazer ao lado de verdadeiros ídolos contemporâneos.

Os Blind Zero comemoram agora os seus treze anos de carreira e aqui fica a nota que no próximo dia oito do corrente eles vão dar treze concertos por todo o país. Espectáculos imperdíveis dos quais constará um repertório considerável na carreira dos seus elementos. "Time Machine" já se encontra à venda em qualquer disponível perto de si

João Malheiro: A idade, a história, o futebol


João Malheiro, profissional da Comunicação, lançou o seu mais recente livro “A Idade da Bola”. O jornalista que ficou conhecido pelo seu desempenho enquanto Director de Comunicação Social no Sport Lisboa e Benfica dedica-se à escrita com maior fervor. Vê na escrita uma actividade que o satisfaz e confessa que não tem em mente o regresso ao jornalismo desportivo.
Loures e Vila do Conde são os locais que escolheu para viver. O seu percurso curricular é vasto: jornal “O Jogo”, Rádio Clube do Porto, Rádio Comercial, RDP/ Antena 1, TSF e RTP. Já lhe foram atribuídos distintos prémios pela Associação Nacional de Treinadores de Futebol.
Nesta fase subsequente, alguns são os livros escritos muitas vezes ligados a figuras do futebol profissional.


Perante um comunicador de grande reputação, consideramos que muitos deverão ser os seus objectivos. Nesta entrevista serão esclarecidos alguns pontos que suscitam interesse para muitos, nomeadamente as funções de João Malheiro no Benfica, a sua ligação à política, sem nunca deixar de associá-lo ao jornalismo desportivo, base da sua carreira.

Anabela (A) - Quais os seus objectivos enquanto profissional da comunicação?
João Malheiro (JM) – Já fiz praticamente tudo aquilo que havia para fazer no que concerne à Comunicação. Trabalhei nas três vertentes dominantes do sector - escrita, falada e a audio-visual. Como considerei que seria uma fase que se esgotava, aceitei a proposta do Benfica, após muitos convites para vários cargos. Na altura em que estava no Benfica fiz uma declaração, publicada em jornais. Mencionei que nunca mais voltava ao jornalismo activo. Era uma fase da minha vida que tinha começado, que se tinha desenvolvido e que tinha chegado ao fim. Hoje mantenho-me fiel à palavra dada. Não tenho vontade de voltar ao jornalismo, no sentido de voltar a uma redacção e cumprir um horário. Posso fazer algumas colaborações pontuais, mas foi uma fase que terminou. Enquanto profissional do Benfica expus-me demasiado, tornando-se complicado o meu regresso ao jornalismo, sobretudo se falarmos da vertente desportiva. O facto de ter pertencido ao Benfica faz com que as pessoas me associem ao clube e não acreditem na minha isenção face a qualquer outro. Gostei muito, era um apaixonado por aquilo que fazia. Todavia, penso que tudo tem o seu tempo na vida. Agora gosto de me dedicar a um outro tipo de coisas, nomeadamente à escrita que me satisfaz. Hei-de voltar ao futebol, mas não como jornalista.

A – Reflecte-se alguma decepção com o jornalismo ou foi somente por já ter alcançado aquilo que queria?
JM– Não tive nenhuma decepção, pelo contrário, vivi apaixonadamente a minha fase de jornalista. Gostei imenso do que fiz, mais da rádio do que da televisão, por exemplo. Também gostei muito de escrever e hoje tenho para mim que foi fundamental começar no jornalismo escrito, essa escola fantástica. Para escrevermos bem, mesmo em outras áreas, é fundamental iniciarmo-nos na escrita.


A – Quando começou a sua carreira estabeleceu metas?
JM – Não. Aliás, comecei por acidente, visto que não tenho o curso de jornalismo. As coisas processaram-se tão celeremente que nem tive tempo para estabelecer metas ou objectivos. Sou dos últimos jornalistas sem curso na área, o meu curso é história, logo não era suposto entrar no jornalismo. A grande paixão que desde sempre tive pelo futebol fez com que, um dia, se colocasse a possibilidade de ser correspondente de um jornal que ia iniciar actividade. Entusiasmei-me com essa oportunidade e foi uma ascensão impetuosa. Passados dois anos, era um dos poucos jornalistas em Portugal que fazia, em simultâneo, jornalismo na Imprensa, na Rádio e na Televisão.

Um jornalista bem sucedido pode arrecadar distintivos que façam despoletar o sucesso. João Malheiro expõe determinadas características que, na sua opinião, são as mais significativas “ Poderia dizer o rigor, que seria a resposta politicamente correcta, mas prefiro dizer a paixão. A paixão é um conceito que os jornalistas nem sempre gostam, pois entendem que as pessoas não se devem apaixonar, devem ser frias a analisar as coisas. Nunca adoptei essa concepção. Para fazer alguma coisa tinha de gostar disso. Ao fazer jornalismo, seja qual for o género estilístico proposto, jamais dissocio a paixão no que redijo. Depois o rigor e o bom senso.”
Relativamente a características que um bom jornalista deve reunir, menciona as que acima enumerou “ O rigor, a isenção e o bom senso. A falta de bom senso pode mexer com muita coisa e, inclusive, com muitas pessoas. Devemos ter equilíbrio, lembrar-nos que o jornalismo deve traduzir a verdade mas com a preocupação de não criarmos problemas adicionais; por outras palavras, que uma notícia não se decomponha em tantas outras notícias. Um jornalista não pode pensar que é ele o protagonista, os protagonistas são os outros.
Cerca de vinte anos decorreram desde o começo da sua vida de jornalista. Muitos aspectos sofreram mutações.

A - Quais as diferenças que se evidenciam entre o jornalismo desde a sua iniciação até aos nossos dias?
JM – No meu tempo era mais tranquilo. Hoje, há uma apetência exacerbada para o que é negativo. Não se dá importância ao positivo, persegue-se a polémica: escândalo e sensacionalismo. Nesta situação, estamos pior do que estávamos. Por outro lado, o jornalismo era mais independente ao nível financeiro. Hoje, os jornalistas estão muito mais limitados na sua abordagem, pois se extravasam sujeitam-se a ter de abandonar as redacções. O jornalista tem, actualmente, a necessidade de mostrar serviço e procurar informação. O que se distingue do jornalismo de há vinte anos, altura em que era o serviço que nos procurava.

A – Revelou há pouco a sua preferência pelo jornalismo radiofónico. Como justifica essa sua eleição?
JM – É na rádio que mostramos aquilo que valemos. Não há imagens e, com o que dizemos, desejavelmente através de uma boa comunicação, temos de substituir-nos à imagem. É um desafio estupendo. Quando estamos a descrever uma situação, a pessoa não tem acompanhamento possível, não está a ver aquilo que se passa. Assim, a imagem são as nossas palavras. Em contrapartida, a rádio tem uma componente da qual hoje a televisão começa a aproximar-se – o directo. Conquanto, o directo radiofónico é mais fácil de realizar do que o televisivo que exige meios técnicos. No fascínio do directo foi onde mais me diverti.


Outra temática envolve João Malheiro – a política. Participou precedentemente na campanha de candidatura e recandidatura do Dr. Jorge Sampaio. No corrente ano, pudemos verificar a sua assiduidade na campanha do Dr. Manuel Alegre. Para quem não conhece João Malheiro poderá questionar-se acerca da sua mudança do sector desportivo para o político. “Sempre tive uma vocação enorme para a política, porque na minha família houve pessoas com uma actividade muito consequente nesse sector. Envolvi-me em acontecimentos políticos, durante a adolescência e enquanto adulto. Ter-me dedicado ao jornalismo desportivo fez com que me afastasse um pouco da vida e da actividade política. A política é um constante centro das minhas atenções. Já tinha integrado a Comissão de Honra do Dr. Sampaio e o facto de ter participado de uma forma mais permanente na campanha do Manuel Alegre tem a ver com a minha relação com ele. Além disso, defendi a candidatura de Manuel Alegre dois anos antes por achar que era importante para o País. Eu estava desobrigado, não tinha nenhuma tarefa que me impedisse de desenvolver essa actividade. Diverti-me imenso. Foi uma experiência fantástica e não excluo a possibilidade de repetir. - esclarece João Malheiro.

Vive, de forma repartida, em Lisboa e em Vila do Conde. Quando se diz que Lisboa é o centro de tudo, impõe-se perguntar porquê tão grande afeição pelo Norte.

A - Nasceu no Norte do país e exerceu funções nos media sediados nessa região. O que o levou a deslocar-se para Lisboa?
JM – Sou um grande combatente pela descentralização. Não sou dos que consideram que o país se deve resumir a Lisboa; todavia, tenho consciência que a vida, a todos os níveis, tem em Lisboa uma vibração que não existe em outras zonas do país. Sou apaixonado pelo norte, sobretudo Vila do Conde, Porto, Viana e Caminha, terras que me liga um forte apego, se bem que hoje não concebo a minha vida fora de Lisboa. Trata-se de uma cidade fantástica que tem tudo: tudo o que há de mau, mas também tudo o que há de melhor.

Um apaixonado por tudo o que faz, João Malheiro define um pouco da sua passagem pelo Benfica. O cargo de Director de Comunicação Social de um clube não era conhecido até à sua ida para o Benfica. Este profissional introduziu o nome de director de Comunicação Social com o impacto que o cargo teve. O director de Comunicação Social, essencialmente, dá ao jornalista informações para que possa escrever. Por outro lado, aconselha jogadores, treinadores, dirigentes e outros agentes a gerirem a palavra mas também o silêncio. Acresce que não pode ser qualquer pessoa a comunicar com os jornalistas, tem de ser alguém especializado, um profissional da área. Diariamente, eram dadas conferências de imprensa nas quais perguntas em sistema aberto poderiam ser colocadas, cabendo ao director de Comunicação Social responder. João Malheiro põe em evidência quatro aspectos a ter em conta um Director de Comunicação Social, no caso específico do Benfica: saber o panorama do jornalismo e do futebol, entender a modalidade, conhecer o Benfica e a cultura benfiquista.

A - Qual a sensação de exercer a profissão no clube da nossa preferência?
JM– É um pouco como superarmos o nosso próprio sonho. Chegar ao Benfica – o meu clube do coração – é, no fundo, dizermos que atingimos o topo da carreira. Tudo o que possa vir a seguir será andar para trás e não para a frente. Gostei muito da experiência, embora a situação na qual se encontrava o Benfica à época não seja a mesma de hoje.

A – O que representa desempenhar funções enquanto dirigente do Clube de Portugal?
JM – Nessa esstrutura participam, se assim o quiserem, os antigos internacionais de futebol português. Jogadores de todos os clubes, com os quais eu tenho corrido o mundo. Quando estava no Benfica, não podia dedicar grande tempo ao Clube Portugal, uma vez que o Benfica me ocupava muito tempo. Estou a estudar uma proposta interessante que vai redimensionar a organização do clube. Vou estar ligado a ela com muito apego, com muita vontade. Será bom para as pessoas porque poderão ver os seus craques e com eles contactarem sem quaisquer entraves. A minha ligação aos mais destacados futebolistas das últimas gerações é de tal forma sentida que, ainda recentemente, editei um livro, “A Idade da Bola”, que constitui um tributo ao que fizeram e que tanto emocionou o país e as nossas gentes.

A – Qual o livro que será o próximo capítulo da sua carreira?
JM – Não sei. Tenho muitas possibilidades e não excluo fazer incursões por outras áreas. Tenho ideias, mas não sei precisar por onde enveredarei. É natural que abandone a temática desportiva; gosto de uma vida polivalente, multifacetada.

A- Se escrevesse uma autobiografia, qual seria o título que lhe atribuiria?
JM – É um pouco complicado atribuir um título. No meu mais recente livro, foi o último passo de todo o processo da escrita. Por isso, escreveria a autobiografia e, a posteriori, escolheria um título.

Inúmeras experiências e acontecimentos vividos enchem a sua vida. Qual terá sido aquele momento que recorda com maior prazer. “Não é por ser muito recente, mas com toda a sinceridade, este último livro, “A Idade da Bola”. Foi o acontecimento que me deu mais prazer. Sentia uma necessidade enorme de desfazer a imagem que muitas pessoas construíram de mim (vê-lo como um membro do Benfica que apenas faz intervenções e abordagens acerca do mesmo). Efectivamente, o Benfica é o meu clube, não obstante, tenho um grande apreço pelos profissionais de outros clubes. Este livro permitiu-me escrever sobre eles: os melhores jogadores e os mais de 100 anos de história de futebol português. No que cabe a experiências, a melhor foi ser director de Comunicação Social do Benfica. Era tal a intensidade que é difícil descrever por palavras. Toda a vida de uma pessoa se altera. “

Ex-jornalista desportivo, ex-director de Comunicação do Benfica, hodierno escritor. Acima de tudo, homem profissional, detentor de um cariz peculiar que vem alcançando grandes conquistas na sua vida.


Anabela da Silva Maganinho
P.S. Aqui fica então o agradecimento e por isso o coloquei nesta posição nos meus artigos