Sunday, May 18, 2008

Comunicação na sociedade tecnológica


As jornadas da comunicação realizaram-se, no ISLA Gaia, nos passados dias 15 e 16, com as temáticas envolventes na comunicação política e na digitalização dos media em cima da mesa.
João Abreu (docente do ISLA), Jorge Remondes (docente do IPAM), Eduardo Encarnação (Slogan/Ads) e António Azevedo (docente da Uni Minho e do ISLA)

Pedro Fonseca (Director de Comunicação, imagem e relações externas da CM Gaia), Artur Villares (director do curso de Comunicação no ISLA) e Vitorino Silva (ex-Presidente de Rans)
A terceira edição, organizada pelos docentes João Abreu e Daniel Catalão, acolheu figuras reconhecidas do poder político, como o assessor da Câmara Municipal de Gaia, numa grande esfera, e de Vitorino Silvo, enquanto ex-presidente de Rans. Do jornalismo, para além de Daniel Catalão, também André Rodrigues e Vítor Malheiros marcaram presença no instituto superior.
André Rodrigues, director da Tv Net, “é um verdadeiro pioneiro”, tal como aludiu Daniel Catalão, “decidiu, apostou, avançou com o projecto”. O primeiro convidado do segundo dia considera que “o jornalismo está a passar uma profunda crise” e apercebe-se de que o jornalismo “não está capaz de acompanhar a evolução”. Na opinião deste jornalista oriundo dos Açores, “o que falta ao jornalismo é algum experimentalismo”, na era em que a “informação já não se faz de forma unidireccional”.
O espectro dos media é definido, contemporaneamente, por interesses que “começam a ser alvo de segmentação” e que afirmam uma comunidade de partilha”. Um patamar que põe término à “lógica da ditadura da programação”, como alude André Rodrigues e prevalece o que se quer ver, como e onde se quer.


Estamos defronte a uma realidade sobre a qual se debruçam distintas atenções, como é exemplo o fenómeno da blogosfera que tem vindo a instituir-se como uma alternativa, ainda que não obedeça “às regras deontológicas, não deixa de estar presente”, atenta. “O jornalista tem de usar todos os sentidos” é o que defende o director da TV Net, principalmente quando estamos perante a “informação enlatada” em que todos “estão a dar mais ou menos o mesmo”. Nessa direcção caminhou José Vítor Malheiros, do “Público” online, apesar da designação conteúdo não ser a sua preferida e levar o jornalista a confessar: “não gosto da expressão e não me identifico como produtor de conteúdos”. O argumento que sustenta a afirmação vem na lógica de que “esbate as diferenças entre o que eu faço e aquilo que outras pessoas fazem”, explica. Com isso não quer dizer que aquele jornalismo que faz é o melhor, mas que aquilo que faz tem uma marca particular. André Rodrigues concorda que cada pessoa tem as suas características que o fazem distinguir de outrem; no entanto, afiança que: “produtores de conteúdos, linguagem mediana e imaginação distinguem-nos dos outros”.


“Ser jornalista, principalmente no início, é das profissões mais mal pagas e é preciso ter consciência disso”, reflecte André Rodrigues, e, não obstante a esse facto, os profissionais “têm de ser polivalentes”.
Tudo vai, então, em torno do «mercado global», termo expandido por Benjamim Mendes Júnior que demonstrou a lógica do utilizador na «web social». A web “que se transformou e deixou de ser ramificada para passar a ser um ecossistema vivo”, assevera o representante da Sapo, conseguindo criar “a nova dimensão da natureza humana”. A sobrevivência no mercado, discutida por Vítor Malheiros, acaba por fazer com que, não raras vezes, haja “uma tentação de que o jornalismo se misture com entretenimento”, isto situado num cenário em que o jornalismo é indústria e “entretenimento é manipular informações”.
A indústria já não se traduz em intelectualidade, como refere o profissional do “Público”; todavia, num “conjunto de oportunidades que só a vossa imaginação poderá corresponder ao desafio” sobre o qual se debruça André Rodrigues.
“O objectivo de descrever o mundo”, tendo sempre em mente que o jornalismo “tenta promover a cidadania” é o que tenta defender Vítor Malheiros. Estamos constantemente perante o jornalismo e a opinião; porém, o debate que se gera em torno da dicotomia agrega-se a cada conversação. O jornalista esclarece a problemática numa definição de trâmites simples: “informação não é apenas a informação pura, faz parte do pacote da informação a opinião”.
No mundo conduzido pela tecnologia, um jornalista tem de “saber mexer em varias ferramentas é hoje fundamental”, como refere Daniel Catalão e André Rodrigues complementa ao dizer que “estamos a assistir a um processo de democratização da tecnologia a um ponto que está disseminada e disponível para qualquer pessoa”.
Este é também um panorama em que “os jornais em papel são uma espécie em risco de extinção”, advoga Vítor Malheiros, que mais cedo ou mais tarde deixarão de existir, pelo menos no formato tradicional que conhecemos.
No centro da actividade está presente um elemento constitutivo – o público – e nesta envolvência assenta Benjamim Mendes Júnior ao assumir que, “para nós, é muito importante gerar audiência”. Gerar audiência tendo em conta o valor e as condições para que o serviço prospere.
A “internet tornou o mundo plano”, alude Daniel Catalão, e isso evidencia-se ao nível do marketing e da comunicação política como ressalta Jorge Remondes de Sousa, docente do IPAM, destacando-se os sites como meio de aproximação pelo modo como o leitor tem “sempre informação e combina os meios mais recentes com os mais tradicionais”. Nesta aproximação comunicacional é preciso não prescindir da ideia de que “basta que um pequeno elo falhe e temos um problema”, salienta António Azevedo. É nesta lógica marketieur, assente na “consciência de que tudo se faz para desfazer as dificuldades de alguém”, que fala Eduardo Encarnação, da Ads. Baseada nas conceptualizações políticas, “a acção política e a acção comunicacional vive muito de sinais”, citando Pedro Fonseca, director de Comunicação da CM Gaia, pelo que “hoje o que não se mostra na Comunicação Social não existe e, às vezes, é preciso dar sinais para captarmos a atenção mediática”.
É, deste modo, relevante “definir a imagem porque os meios dependem da imagem”, revela Eduardo Encarnação, algo conseguido por Vitorino Silva quando colocou “Rans no mapa”.

Em mais uma edição das Jornadas da Comunicação, ficamos a saber que “um bom conteúdo será sempre um bom conteúdo e é preciso pô-lo cá fora” e que estamos inseridos numa decoração adornada pela designação de um bom jornalista, “aquele que tem condições para operar em qualquer lógica de mercado”, como frisou André Rodrigues, que “tem de ser autónomo” para conseguir conquistar o espaço.

Jorge Remondes e Eduardo Encarnação


Pedro Fonseca e Vitorino Silva

Vitor Malheiros e Benjamim Mendes Júnior

André Rodrigues

Daniel Catalão e André Rodrigues

Anabela da Silva Maganinho

No comments: