Monday, October 29, 2007

O (en)cantador do palco dos sonhos


Ruben Madureira integra o elenco de Jesus Cristo SuperStar, como Simão e como Bartolomeu, em exibição no Rivoli.
O jovem artista começou desde cedo o percurso profissional com uma banda: “já tinha alguma experiência, nomeadamente em alguns concursos regionais” e já “tinha ganho um concurso da Rádio Festival” do qual tinha saído como um dos “premiados com a gravação de um jingle”. Agora recorda que essa etapa lhe deu a oportunidade de gravar “dois temas de Natal para uma colectânea da Vidisco”. Foi aqui que se consubstanciou “a passagem do anonimato”, como menciona Ruben que integrava a banda composta por dois rapazes e duas raparigas.
Entretanto, a banda terminou, no ano de 1998, com dois álbuns editados. A posteriori, surgiu uma nova oportunidade, que Ruben não deixou que lhe passa-se por entre os dedos – o casting da Nz Produções para a formação de uma banda pop. “Fui lá, participei no casting e fiquei nos Excesso”, afirma Ruben.
O segundo agrupamento dos Excesso triunfou assim que se deu a conhecer; contudo, a longevidade não foi a esperada e muitos dos fãs ficaram sem perceber porque deixaram de ver Mauro, Igor, Rui, Rodrigo e Ruben. Quando se previa para a banda um futuro aspirante – tendo sido considerada como das promissoras no panorama nacional – e se aguardava pelo passo seguinte, a banda extinguiu-se.
Ruben não desistiu de perseguir o sonho e rumou a um programa televisivo com o nome “Ídolos”. A participação do músico não foi para além da primeira gala, o que o decepcionou no sentido em que considerava ter muito para dar; todavia, assume que esta iniciativa lhe deu uma nova visão desse mundo.
A música conduziu o artista para mais uma banda e, não obstante, fê-lo enveredar pela área da representação em musicais.
“Amália” foi o primeiro andar para a conquista que viria a ser “Jesus Cristo SuperStar”.
Actualmente com uma nova banda de covers, Ruben Madureira está já a preparar o novo espectáculo com “Música no Coração”.

Anabela (A) – Fala-nos um pouco acerca da época dos Excesso.
Ruben (R) – Com o casting da Nz Produções fiquei nos Excesso. Fiz duas digressões com eles e tenho momentos dos quais me vou lembrar para toda a vida. Tenho três grandes amigos que vão ficar para sempre. Mantenho o contacto com eles e eles vêm cá ao Porto e, às vezes, eu vou lá a baixo. Aprendi muito. Ganhei muita experiência de palco, aprendi muita disciplina e gostei muito. Foram momentos agradáveis para mim.

A – Pertenceres a uma banda como os Excesso significou o quê na tua carreira?
R – Foi o início da luta e comecei logo por cima. Estava em casa e pensava que a Nz Produções tinha lançado muitos artistas de sucesso em Portugal. Terem-me escolhido e apostado no meu talento fizeram-me ficar contente e com vontade de vencer. Não queria acreditar quando soube que ia trabalhar naquele estúdio enorme, onde iria conhecer gente conhecida e fazer aquilo que gosto. Na realidade, fazemos aquilo que gostamos, saímos de lá contentes e ainda nos pagam por isso. É óptimo, assim como é espectacular acordarmos e sentirmo-nos completamente realizados.

A – Subsequentemente ao lançamento do primeiro disco e de toda a promoção realizada, adivinhava-se um futuro auspicioso. Porquê de, justamente nessa altura, a banda terminar?
R – Não chegamos a acordo para gravar algo para a editora e, não gravando álbum não conseguimos marcar espectáculos com mais empresários. Eles dizem logo é sempre o mesmo álbum e que há que gravar um novo registo. Não houve aposta, uma vez que, se calhar, as vendas não corresponderam à expectativa da editora. Ainda assim, saímos todos do projecto com a mesma sensação, penso eu, de que foi uma boa experiência que serviu de rampa de lançamento para as nossas carreiras.

Já passou algum tempo sobre essa experiência, visto que estávamos no ano de 2002. Ruben relembra essa época “com saudade”; principalmente “as digressões que são muito engraçadas”. “Adormecermos em Bragança e acordarmos no Algarve, por exemplo, com o pensamento constante que estamos aqui para trabalhar, cantar para tanta gente, dar autógrafos… e tanta miudagem a rir-se e a gostar do nosso trabalho”, rememora o ex-membro. E, por isso, não é que não voltasse a repetir; porém, se voltasse atrás no tempo “se calhar, fazia algumas coisas diferentes. Tentaria, porventura, sozinho”.

A – Não desististe da música e ingressaste no programa “Ídolos”. Foi mais uma prova na tua carreira, mas em que medida contribuiu para a tua evolução?
R – Foi uma boa oportunidade que tive. Acrescido ao facto de eles me aceitarem, estando eu na condição de semi-profissional. Consistiu em mais uma passagem na minha vida. No momento fiquei um pouco desiludido com a decisão do “público”, ainda assim nesta passagem também aprendi imenso. Saí de lá e tive logo imensas propostas de trabalho e talvez o “Ídolos” tenha sido o responsável por eu ter tido até agora muito trabalho.

A – Embora tenhas sido finalista, o programa não superou as tuas expectativas. Houve algo que te desiludiu?
R – Desiludiu-me, pois tinha muito para dar, tal como qualquer um pensava assim que ia saindo ao longo do programa. Quer eu, quer a Luciana, a título de exemplo, tínhamos a obrigatoriedade de estarmos nos cinco finalistas; mas é a decisão do “público” e quando é assim não podemos fazer nada.

Apesar das vicissitudes, Ruben considera a sua participação “positiva, cheguei à final”. A sua luta prossegue por caminhos mais ou menos tortuosos. A integração no elenco do “Amália”, de La Feria, compôs-se numa “nova página na minha vida”, especialmente por “ter que criar complementos mentais e ter de me fazer passar por aquela pessoa. Temos que sentir aquilo naquele momento”, revela o artista.

A – No que concerne ao Ruben: quem é o Ruben Madureira hoje?
R – O Ruben hoje continua a ser o lutador de há muitos anos. De há muitos anos para cá tem sofrido muito, mas tem gostado cada vez mais daquilo que faz e tem aprendido muito. Comecei a reunir músicos e, neste momento, tenho uma banda de covers de funky. Acabei por descobrir realmente qual é a minha zona musical: o showbiz dance e entertainment, ao mesmo tempo. Tocamos músicas como Jamiroquai, Stevie Wonder, entre outras; canções mais retro. Tive uma banda de rock alternativo, que terminou por falta de tempo. Tínhamos patrocinadores atrás de nós e eu estava no Superstar, pelo que era um pouco complicado. Já vou fazer outra peça e não tenho tempo para nada. Então, eles querem trabalhar, pois são músicos que só vivem disto, e a vida continua. Tive esse projecto, foi mais uma passagem e, presentemente, ando a crescer. Tenho 25 anos e sinto que o momento está para chegar. Quando começas és músico, gostas muito de música e de cantar. Continuas e pensas “isto é mesmo o que eu gosto”. No entanto, eu já cheguei ao patamar de saber aquilo que eu quero! Sinto-me feliz por isso, por saber aquilo que quero e por ter reunido um conjunto de músicos excepcionais que estão comigo para o que der e vier. Após ter terminado o “Amália” contactaram-me a dizer que iria haver um casting para um musical pop/rock se eu queria participar. A minha resposta foi “La Feria, claro que sim!”. Tinha trabalhado com ele, sabia os métodos dele, fantástico. Fiquei no casting e agora sou o Simão, um dia; outro dia sou o Bartolomeu.

A – O que é que mudou em ti desde os primórdios da tua carreira até hoje?
R – Muita coisa mudou. Uma das coisas, evito ouvir gravações antigas, já desde o “Ídolos”. Houve uma evolução muito grande. Começou por surgir o interesse em formação musical, nunca tinha tido formação profissional, sempre fui um autodidacta e tocava sozinho. O Ruben está muito diferente mesmo em palco. Antes era muito inibido, agora desde que esteja em palco estou em paz. Às vezes, tenho concertos que posso dizer que são monólogos meus. Vou conversando com as pessoas e é uma risota descabida. Esse é um dos pontos que posso dizer, se calhar todos os músicos dizem isso, mas esse é um dos pontos que caracteriza realmente o dizermos que “estar em palco é estar em casa”. Isso acontece e é muito bom.

A – Qual destes grupos de adjectivos [que se atribuem ao Ruben], consideras que, por vezes, se pode revelar um “defeito”: directo e franco ou perfeccionista e teimoso?
R – É um defeito bom. Teimosia penso que tem a ver um pouco com o signo de touro. Desde miúdo, que pedinchava à minha mãe. Perfeccionista sim. Essa é uma das razões pelas quais olho o meu passado e digo “eu cantava assim. coitadinho” [risos]. Sou perfeccionista, o que é capaz de ser um defeito, mas é muito bom quando trabalho a este nível. Quando se trabalha a este nível não podemos falhar. As pessoas fazem-te a seguinte questão: “O que é que precisas para seres perfeito”. À qual respondes com o que precisas e eles dizem-te “Agora não falhes!”. Tens de ser perfeito. Quando não o és tens de ser teimoso e insistir até conseguires.

A – Podemos dizer que és uma pessoa emotiva e sonhadora?
R – Muito. Considero que nunca ninguém se deve privar de sonhar. Gosto muito de sonhar e o sonho comanda a vida.

A – E qual o sonho que, ainda, não passou a realidade?
R – Não sei. Possivelmente estar um dia no palco e dizer que isto tudo valeu a pena. Em vez do percurso que levo “será que isto está valer a pena? será que eu vou conseguir?!”. Eu vou conseguir, isso é ponto assente, seja de que maneira for. Até chegar lá ainda falta algum tempo, sinto isso, mas estou convicto que sim.

A – Qual o projecto que, realmente, te faria sentir concretizado?
R – Gostava de te dizer isso. Era exactamente isso: um projecto que pudesse levar as pessoas, não só pelo meu som, mas também pela pessoa que eu posso ser e pela maneira que eu consigo envolver as pessoas. Conseguir momentos agradáveis por algumas horas, gostava muito disso. A posteriori, isso reflecte-se. A energia que se recebe através das palmas… só o simples facto de teres palmas estás a receber a tonelada de energia que entra por ti a dentro e respiras e sentes… quero mais, quero mais.

A – Este é o mundo que te circunscreve, mas o que representa para ti a musica? Qual a mensagem que queres passar através dela ou da forma como cantas?
R – A música aos meus olhos é a coisa que não é para quem não goste, porque há músicas para todos os gostos. Pode haver um que diz que não gosta de música; contudo, ate se identifica com aquela que dá na Rádio. Não há ninguém que não goste de música. Eu não passo um dia sem música, é impossível. A mensagem seria eu próprio. Não propriamente falar em histórias vividas; porém, passar imagens que fossem credíveis e que fizessem as pessoas sonhar. Essas são as músicas que ficam. A forma como canto é um acréscimo, porque nunca vai agradar a todos.

A – Também no sentido de criar imagens?
R – Sim, com a formação de imagens.

A viragem na música deu-se com o musical “Amália”, no qual Ruben fazia figuração e coros. No fundo, podemos dizer que se processou a transição de boysband para a representação, embora a música seja um elemento comum. Ruben confessa com franqueza que, na altura, “foi um desafio muito grande, uma vez que eu não percebia nada de estar em palco. Ainda por cima de um palco de um teatro, todos os dias cheio, com muitas pessoas”. Tens a “responsabilidade de não falhar” sempre em mente e tens “de te vestir em 15 segundos” e é aí que “corres dois riscos: ou entras em cena ou não entras. Se não entras em cena és despedido”.
Tal como Ruben nos mostra “tens de ser muito rápido”. Não pode haver preconceitos ou vergonhas como vestirem-se todos juntos, “não tens hipótese, só pensas se entras ou não entras”, patenteia e diz mesmo que “esqueceste-te de todo o resto. Não vês ninguém à tua frente, só vês as roupas”.
Não há forma de justificar essa mudança; porém, o artista divulga que pode ter sido “por querer sair um bocado de toda a imprensa cor-de-rosa que nos rodeava. Não sou muito amigo da imprensa [cor-de-rosa]”. Não é “por mal, só acho que eles fazem «notícias de borla». As pessoas merecem ter a sua caixinha de segredos e tem o direito de com ela fazerem o que quiserem da sua vida”.
Ao fugir um pouco dessa realidade, “quis fazer uma coisa mais verdadeira”. Ruben não ouvia fado, mas admite que após fazer o “Amália”, ficou um apaixonado: “fiquei um bom ouvinte de fado. Não de todos, só de alguns intérpretes, sobretudo, pelas mensagens que muitas músicas arrecadam que fazem as pessoas pensar”. Embora como cantor não interprete fado “houve músicas que me conseguiram mudar, particularmente os fados da Amália, com mensagens muito fortes”, revela.

A – Podemos considerar esse tipo de música como uma referência para ti. Quais são as tuas referências?
R – Neste momento sim. Não canto influenciado pelo fado; contudo, escrevo, muitas vezes, de mágoa e de dor. É normal numa pessoa que é emotiva – tinhas-me perguntado isso anteriormente – eu sou muito emotivo. E sim, sou influenciado. É obvio que não se vê esse estilo em mim quando canto, mas acho que todos nós, portugueses, somos a esse nível influenciados pela tristeza e pelo sentido da vida…

A – Seguiu-se a versão Jesus Cristo SuperStar. Como recebeste a oportunidade de integrar o elenco?
R – Fiquei super contente. Já conhecia o musical muito bem, principalmente o filme de 73, e era um apaixonado pelos cantores. Iria ser um desafio muito grande. Sinto-me muito bem por estar a fazer um dos papéis que gostava de um dia vir a fazer – Simão Zelotes. É um homem que chega, canta, sai e as pessoas não se esquecem.

A – Numa peça desta envergadura, qual a fase mais difícil?
R – Conseguimos reunir um elenco muito forte. De pessoas que não cedem a pressões, que já estavam preparadas para trabalhar com Filipe La Feria e que deram uma resposta fantástica. Isso está agora a reflectir-se no público que vamos tendo que conseguem encher a casa todos os dias. Por isso, por momento algum, as pessoas aqui deslizaram ou sentiram qualquer tipo de pressão. Posso dizer que tivemos nervos nas estreias, o que é normal; mas quando constatamos “Isto tem pernas para andar”, partimos todos em bloco. Se fosse uma peça em monólogo ou com três pessoas em palco seria diferente. Quando somos muitos, partimos todos em força, defendemo-nos muito bem e atacamos com o melhor que temos.

A – Como te assumes em palco?
R – Tenho que me assumir como um guerreiro. Um homem que quer mostrar a Cristo que, com a ajuda dele [Simão], podem deitar abaixo todas as tropas. É um conquistador que quer ir para a luta, quer ajudá-lo a vencer. A ideia de Cristo é exactamente o contrário: deixar as coisas acontecer, porque já sabe, na realidade, o que vai acontecer e qual será o Seu destino. A ajuda de Simão é em vão; no entanto, não deixa de ser um dos apóstolos mais influentes nos últimos sete dias de Cristo.

Uma peça que conta com salas cheias a cada sessão, vista por lusos e por pessoas de outras nacionalidades, surpreendeu tudo e todos e isso verifica-se com números. Mais de 100 mil pessoas já assistiram a “Jesus Cristo SuperStar”, algumas até mais do que uma vez.
Segundo o elenco, nomeadamente por Ruben, esta peça é classificada a “um nível muito alto”. É uma pela que “nos envolve a todos. A chegar ao fim ainda nos faz chorar todos os dias”, assevera Ruben ao assumir que lhes “está a deixar muitas saudades. Não só pelas amizades que fizemos, mas pelo espectáculo que construímos”. “É uma coisa, completamente diferente de todos os musicais que ele já tinha feito e está a ser um desafio imenso”, constata e revela que “gostávamos que ficasse cá por muito mais tempo, mas o espectáculo tem de continuar. E siga para Lisboa”. Na opinião de Ruben, “esta é a melhor peça que Filipe La Feria fez. Ao nível de encenação, do dramatismo que ele dá nas alturas certas, dos jogos de luz e dos técnicos fabulosos” que se trabalham desde o primeiro trecho.
La Feria fez “um investimento muito grande” naquele que se tornou num “investimento que está a superar todas as expectativas”. Agosto é o mês de eleição de férias para muita gente; mas, foi nesse mês que se apurou um feito que “em nenhum musical ele tinha tido tanta gente a ver. Conseguimos encher todas as salas”, anuncia Ruben. Além das “centenas de espanhóis que vieram ver a peça, temos pessoas com quem até criamos uma certa afinidade, por que já vieram ver isto doze vezes” e isso projecta nas mentes do elenco a ideia que “vamos fazer mais um bom espectáculo”. E, assim, tentam fazer “um espectáculo melhor de dia para dia”.
O que é bom para Ruben é “cantar em cena e ter que criar complementos”. Um dos exemplos que o músico-actor nos dá é “quando tens de estar triste e veres aquela pessoa ali. Teres de pensar em coisas trágicas que possam acontecer, para conseguires entrar mesmo na personagem e mostrar um sentimento de revolta e, ao mesmo tempo, de sofrimento”.

A – A peça começa com o 11 de Setembro, é esse para ti o maior toque de modernidade?
R – Não, tem outros elementos. Pretende-se mostrar a realidade. Porventura, que um Cristo pós-11 de Setembro. Na realidade, a mensagem a passar é que não era preciso ter sofrido, apesar do destino dele ser esse para nos salvar. Ele passou por aquele martírio todo e o mundo continua igual, no sentido em que o Homem continua a destruir o mundo e a auto-destruir-se. O 11 de Setembro acho que foi um dos exemplos que se quis dar até para chocar algumas pessoas que fiquem mais susceptíveis de ver aquelas imagens.

A – A peça vai estar até ao final do mês na Invicta, qual o conselho/mensagem para quem ainda não a viu?
R – Se quiserem comprar bilhetes que venham “ontem”, porquanto só faltam dois ou três até ao fim. E eu gostava muito que muitas pessoas pudessem ver esta peça, não só para podermos ter críticas positivas, como também para podermos ter críticas só no sentido da palavra. Toda a gente devia de ver esta peça, porque esta é a história que mais vendeu no mundo e que mais apaixonou o mundo. Considero que é uma história que interessa a todos e que tem a ver com toda a gente.

A – A peça está a acabar e vai para Lisboa. Muitos pensarão, tal como eu, que o elenco do Porto iria representar em Lisboa, mas pelos vistos isso não corresponde à verdade?
R – O elenco do Porto vai, em grande parte, para baixo. Aos outros elementos, o Filipe optou por dar papéis noutra peça, designadamente no “Principezinho” que agora está cá. No meu caso, vou desempenhar o papel de Rolf que é o carteiro de “Música no Coração”. Vai ser mais um desafio. Só tenho uma música, não é cantado é falado; contrariamente, ao SuperStar que é um musical sem paragens para falar. É cantado do princípio ao fim e, qualquer contra-cena que haja com uma pessoa, é cantada, daí a dificuldade por ter métricas e tempos completamente opostos. Tens de ser muito bom de ouvido e muito bom musicalmente para o fazer. Existem pessoas que sei que vão fazer musical lá em baixo, ficaram no casting que houve em Lisboa, e vão sair-se muito bem. Essas pessoas vão repor aquelas que vão sair daqui e vão desempenhar optimamente o papel.

Ruben Madureira vai agora integrar o elenco do “Música no Coração”.
Projectos a longo prazo Ruben não gosta de pensar sequer: “o meu lema de vida sempre foi «carpe diem». E explica que “essa é mais uma das coisas que mudou em mim, que é não estar com a cabeça assente na semana que vem”. Ruben advoga que gosta “de viver as coisas no dia-a-dia. Quero sempre fazer melhor de forma a agradar às pessoas, para continuar o trabalho”.
Ainda assim o artista não deixa de espelhar o contentamento ao referir que “gostava de ter o projecto a solo, sem dúvida”.
Confessou que veio para o Porto (re)começar, afastando de si a «imprensa cor-de-rosa»: “voltei para o Porto, vivia em Sintra, e voltei para cima. Desvinculei-me completamente daquilo – não era feito à minha imagem –, para recomeçar e assim estou a recomeçar. Já recomecei há algum tempo e já faltou mais”.
Ruben Madureira foi apanhado de surpresa aquando da questão “uma pergunta que ainda não te tivessem feito?”. Esta foi justamente uma das questões que nunca lhe colocaram e, apesar de mais nada lhe ocorrer, não tardou em dizer que nunca lhe perguntaram talvez qual o prato preferido. Descobrimos que o prato da sua predilecção são “os rojões confeccionados pela mãe”.
Um artista multifacetado por entre um olhar que transparece o seu verdadeiro “querer”, traduzido na luta a cada palco que pisa, por um (re)conhecimento “em cada segundo” de “uma vida, de um sonho” que se concretizam a cada oportunidade.



Anabela da Silva Maganinho

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