Sunday, September 2, 2007

Squeeze reduzidos a quatro

Aqui publico mais uma entrevista que já há algum tempo foi realizada. Contudo, acho oportuna a sua publicação até porque os Squeeze Theeze Pleeze vão permanecer na música. Desta vez, outros membros abandonaram a formação da banda, pelo que Squeeze Theeze Pleeze continuam Assalino, Pedro Fonseca, Johnny Boy e Farinha. O novo álbum estará nas discotecas já este mês de Setembro.
Farinha, Miro, Berito, Johnny Boy, Assalino e Pedro Fonseca


Os Squeeze Theeze Pleeze, oriundos de Cantanhede, surgiram no mundo da música em 1996, embora a sua formação só estivesse consolidada dois anos depois. Como nos conta o Farinha, guitarrista da banda, “Inicialmente, todos tínhamos projectos diferentes. Decidimos juntar-nos, começamos a construir um som juntos e fizemos a banda. Novas pessoas começaram a entrar e a fazer parte da banda. Era o início da realização de um sonho que desde de sempre tínhamos em comum”.
O nome Squeeze Theeze Pleeze contém uma sonoridade bizarra que cativa todos aqueles que os conhecem. A escolha “tem a ver comigo” - salienta o Farinha, e continua: “Quando era pequeno tinha uma t-shirt que dizia Squeeze Theeze Pleeze e tinha dois limões. Decidimos então adoptar o nome. Gostamos dele devido à conjugação fonética, dos zês dos és.”.
Como todas as bandas também estes seis rapazes – Assalino (voz), Miro Vaz (guitarra), Berito (bateria), Pedro Fonseca (guitarra), J.Boy e Farinha (baixo) – que constituem os Squeeze Theeze Pleeze têm as suas referências musicais. Red Hot Chilli Pepers, Incubus e, ainda, Foo Fighters são algumas das opções dos Squeeze Theze Pleeze, que admitem influenciar na música que fazem; segundo eles “todos temos influências musicais, mas todos diferentes, todos iguais. É a junção de todo o som que ouvimos; resulta nisto – Squeeze Theeze Pleeze.”

Anabela - Em que medida é que pensam que influencia na vossa música?
Farinha - Ouvir todos os dias influencia na nossa música.
Miro Vaz – Penso que qualquer coisa que esteja ao nosso redor influencia. Somos seis, há seis pessoas a ouvir bandas diferentes, depois a união de tudo acaba por resultar no nosso som.
Uma banda com um estilo musical caracterizado como pop rock tem invadido as discotecas com o seu mais recente álbum Flatline.

A - Como descrevem este vosso novo trabalho Flatline?
Assalino – Houve um período em que estivemos parados. O outro baterista saiu e entrou o Berito. Foi uma fase de adaptação e tornou-se um pouco difícil porque tanto ao nível pessoal como profissional as coisas não estavam a correr muito bem para todos. Demoramos três anos para gravar o disco e, nesses três anos a vida da banda esteve em risco, portanto, houve uma reanimação. Daí o novo álbum ser intitulado de Flatline, é uma espécie de reanimação.
A - Quais as expectativas em torno deste trabalho?
Assalino – As expectativas crescem sempre um pouco mais em relação ao trabalho anterior. O trabalho anterior correu muito bem. O primeiro single foi das músicas mais rodadas em 2003. A música foi inserida numa novela brasileira “New Wave”. Correu tudo muito bem: a fase de promoção, festivais de Verão, concertos... Agora subimos um pouco a fasquia; não queremos fazer igual, queremos fazer um pouco melhor. Tudo está a ser feito de modo gradual e, como lançamos o disco em Junho, realizamos já alguns concertos. Conseguimos uma editora para a distribuição – a Farol – que editou o álbum em Outubro. Não houve promoção no momento, procedemos à divulgação somente agora. Com a música na novela “Morangos com Açúcar” e o tema a passar nas rádios, já notamos que estamos ao nível do primeiro álbum. Daqui para a frente é trabalhar para tentar superar o que foi feito e, se possível, fazer um pouco mais. Vamos tentar sempre subir um degrau, acima do patamar anterior.
O álbum foi colocado à venda não há muito tempo, contudo, já podemos detectar alguma receptividade por parte do público, nomeadamente em relação ao single de lançamento “Hi, Hello (my name is Joe)”.

A – Qual a receptividade já revelada por parte do público?
Assalino – Muito agradável. O “Hi Hello” esteve nas rádios cinco/seis meses, notava-se bastante adesão do público, mas a partir do momento em que passou a ser transmitida na televisão o impacto foi muito maior. Nos concertos ao vivo todos cantam e a música já se reconhece. Ainda há um pequeno problema: muita gente ainda não associa a música à banda. Acontece também com o primeiro álbum “Ode to a Child”. Há pessoas que nem sabem a nacionalidade da banda que canta determinada música. Não existe uma grande associação da imagem à música. Para resolver a situação estamos a fazer uma promoção de três meses que acompanha esta tournée acústica. Vamos, inclusive, à televisão com o intuito de ser associada a banda ao nome e à música.

A - Falaram há pouco de não vos reconhecerem. Em relação ao primeiro álbum nota-se uma grande evolução com Flatline? Como justificam isso?
Assalino – Quem conhecia, conhece. Hoje angariam-se mais pessoas, que gostam ou que não gostam. O vídeo na MTV é relevante para a tendência que tem de crescer.
Farinha – E não é só por aí. Trabalhamos muito, dedicamos muitas horas. Não é apenas colocar um álbum à venda; há todo um trabalho por detrás, um pensar, um lutar num meio complicado. Se não acreditamos em nós próprios, não temos hipótese nenhuma porque é muito difícil.
Assalino – Há todo um “trabalho de escritório”.

Os Squeeze Theeze Pleeze detêm o poder de diversas bandas - serem ouvidos por uma sociedade de massas - , todavia, pretendem transmitir muito através da sua música. “Acima de tudo sensações e sentimentos. Não entro por mensagens políticas, ou mensagens de raiva. As nossas músicas são histórias do dia-a-dia, que podem ser adaptadas à vida de cada um. As pessoas podem identificar-se com o que estão a ler ou com o que estão a ouvir ou, simplesmente, com o que a música em si nos transmite. O mais engraçado é que a música deixa de ser tua. Passa a ser daquele casal que começou a namorar a ouvir aquela música, a título de exemplo. Faz parte de momentos da vida das pessoas, passas a partilhá-la com toda a gente que a houve. Transforma-se num momento para cada indivíduo, parte da vida deles. É isso que nos dá mais prazer: a assimilação da música a momentos.” – salienta Assalino.
Alguns grupos tendem a centrar-se numa determinada faixa etária referente ao público, os Squeeze Theeze Pleeze não se direccionam para um público em específico “Não considero que haja um público específico. Desde que se goste é dos oito aos oitenta e oito. Pode ver-se isso principalmente no formato acústico que agrada a uma maior variedade de pessoas. É claro que aquelas que vêm “Morangos com Açúcar” podem compreender uma idade mais jovem, mas num álbum existem temas mais maduros. Desde que as pessoas gostem não há idades, é para eles.”, destaca Assalino.

A - Preferem a actuação ao vivo ou a gravação em estúdio?
(Houve um consenso entre quase todos os elementos da banda, a preferência dirige-se em torno da actuação ao vivo.)
Farinha – Prefiro a actuação ao vivo, se bem que o Miro pode já não considerar do mesmo modo.
Assalino – São coisas diferentes. Ao vivo tens toda aquela adrenalina, toda aquela emoção, sensações que partilhas com as pessoas que estão à tua frente e que partilhas com esta banda. É algo que nos dá mesmo muito prazer. Em estúdio, o processo é mais cuidado e, enquanto produtor, o Miro deve ter muito prazer em fazê-lo. Por vezes torna-se um pouco massudo, não se trata de não gostar, porém, penso que ele tem maior prazer nisso, do que nós.
Miro – Penso que o bom de uma banda é ter o conjunto de duas partes: ao vivo é mostrar a nossa energia, colocar o público próximo, em contacto com a nossa energia; em estúdio é completamente diferente porque as pessoas vão ouvir a música em casa ou no carro. As emoções sentidas são diferentes pois não estamos lá, não nos vêm, nem nos vêm tocar. Portanto, temos de ter atmosferas para as pessoas sentirem algo com a música. Gosto do círculo que se cria com o público e, em estúdio é mais individual.
A - Recuando um pouco no vosso percurso, como decorreu a inserção da vossa música no mercado nacional, numa primeira instância com “Open”?
Miro – Como decorre com todas as bandas. Uma banda começa a tocar ao vivo, procedentemente, as editoras vão vendo, gostam, e grava-se um disco.
Farinha – Promoção, rádio, revistas, jornais, essa máquina é que faz uma banda aparecer. Existem bandas que não são boas e que, por intermédio dos media, têm reconhecimento. Podes até nem gostar mas como estão constantemente a serem divulgadas acabas até por cantarolar as suas músicas.

Aproximadamente oito anos se sucederam à gravação e inserção do primeiro álbum no mercado nacional. “Open” teve uma resposta positiva por parte do público, não obstante, este novo Cd e o single “Hi hello” despoletaram uma maior adesão. “No outro Cd tivemos mais promoção do que neste álbum e no seu devido tempo, embora não seja essa a primeira impressão que passa. Quem já conhece o álbum e a banda acaba por divulgar aos amigos e a outras pessoas, acrescido à televisão que não podemos ignorar. A televisão fez surtir um grande efeito através da novela. Penso que é a grande responsável.” – explica o vocalista da banda.
A música “Hi Hello” consta da banda sonora de uma das séries mais vistas na televisão “Morangos com Açúcar”. Os processos de inserção são distintos pelo que ressalta a questão de como se procedeu à inserção de um dos temas que mais é ouvido nas rádios portuguesas. Assalino volta a ser o porta-voz relativamente a esta questão “O nosso manager tem boas relações com o director de produção musical de novelas e fez-lhe a proposta. Colocou à disposição qualquer tema e disse qual era o single. O director adorou e incluiu a música “Hi Hello” e irá incluir, brevemente, ”D’Song” o segundo single.”; Miro completa “Acaba por ser uma música fresca, jovem, com alegria e boa disposição que se adapta à novela. “
“Flatline” é uma nova aposta. Um álbum recente, que difere do anterior, e que como tal poderá arrecadar grandes conquistas.

A - O que esperam alcançar com “Flatline”?
Farinha – O mundo. (risos)
Assalino – É um disco de afirmação. O primeiro Cd foi o furar, o dizer “estamos aqui”. Com este é mais uma afirmação, afirmação de que não morremos, estamos bem vivos e prontos para gravar os próximos álbuns que vierem.
A - Quais os próximos passos da vossa carreira?
Assalino – Neste momento estamos em plena torné acústica porque nesta altura do ano não há concertos, não se fazem espectáculos, excepto concertos de artistas estrangeiros. Como estamos a trabalhar com uma empresa de assessoria de imprensa e de marketing, que gere carreiras de bandas e artistas, tínhamos de ter um motivo para se falar da banda. Marcamos a tournée sem quaisquer intervenientes, desde meados de Janeiro até fim de Março. Essa tournée é acompanhada por todo o trabalho de escritório, exposição ao nível dos media, lançamento do segundo single. Seguidamente, entrarão as queimas das fitas e semanas académicas e queremos ter a banda em grande plano, bem reforçada para as pessoas saberem que estamos cá para tocar.
Para quem quiser ver esta banda, posso desde já adiantar que por enquanto não têm nada agendado uma vez que ainda decorre a promoção do álbum.
Quase uma década abarca os Squeeze Theeze Pleeze, inúmeras pessoas, concertos, actuações, diversas experiências... tudo vivenciado por eles.

A – Que balanço e avaliação fazem de todos estes anos de música? Qual a evolução desde o início até hoje?
Assalino – Espectacular. Entrei para a banda em 1996 e, a partir de 1998 resolvermos gravar um disco, tentar sair da garagem e transitar de projecto a banda. Entretanto, entraram e saíram membros. Como banda - enquanto músicos - e como pessoas crescemos todos, amadurecemos e notamos uma grande diferença para melhor.
Finalmente, resta-nos perguntar quais as aspirações para o futuro. Num mundo um tanto ao quanto complexo em que poucos são aqueles que triunfam e perduram. Assalino, conjuntamente com a opinião generalizada dos Squeeze Theeze Pleeze, aponta “Isto é um sonho que temos. Tentamos fazer tudo passo a passo, sem nunca haver um boom muito grande, porque quanto mais alto se sobe, mais depressa se cai e maior é a queda. Sempre tivemos extremo cuidado em fazer as coisas com muito tempo e calma e tem vindo a ser assim. Esperamos que as coisas subam proporcionalmente à nossa maturidade e à nossa experiência, e conseguirmos alcançar o que todos querem: poder ser músico profissional a tempo inteiro e viver somente da música.”.
Não são ambições de modo algum impossíveis conquanto eles mesmo sabem que em Portugal nada é conquistado facilmente. A música é um meio pelo qual muitos querem seguir e raros são os que o conseguem pois a “guerra” é longa.
Esta banda ultrapassou as vicissitudes que brotaram e assumem o risco de continuar no mundo que escolheram, cujo panorama não é o mais animador.


Anabela da Silva Maganinho

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