Sunday, September 30, 2007

O Kontágio da banda com coração português

Os Kontágio são uma banda que conheci no ano passado. Pessoas cuja simplicidade se evidencia por entre letras melódicas e sonoridades diferentes cantadas em português. A banda está agora a trabalhar no segundo CD e a preparar um espectáculo novo no Canadá. Claudio Santos, membro da banda, assegura que no final de Outubro eles regressam a terras lusas.
Cá esperamos por eles. Entretanto, aqui fica a entrevista que realizei aos quatro elementos aquando da estadia em Portugal.



Kontágio é o nome do grupo rock constituído por sete elementos. Os membros desta banda - quase todos de origem portuguesa, excepto o baterista - erguem este projecto criado no ano de 2004 e composto, se assim poderemos dizer, da junção de países com culturas diferentes: Portugal e Alemanha.
Efectivamente, a banda nasce na Alemanha, país de residência dos membros são residentes; contudo, o país deles é Portugal e o orgulho que sentem pela sua nacionalidade é inegável “Vimos da Alemanha e gritamos viva Portugal”.
Dispensam grandes apresentações e do seu percurso ressalta a evolução do seu som classificado como rock um pouco mais suave. Susana Pais (voz), Carlos Lopes (voz), Cláudio Santos (guitarra), Carlos Baptista (guitarra acústica) Victor Gonzalez (bateria), Manuel Hidalgo (guitarra eléctrica), Paulo Santos (viola baixo) e o não menos importante compositor, vocalista e guitarrista Luís Andrade são os constituintes do grupo Kontágio.
Não puderam deixar de passar por terras lusas para divulgarem o seu trabalho e, por entre programas televisivos e show cases, os Kontágio cativaram o público presente envolvendo-o num ambiente de familiaridade.


A – O projecto nasceu em 2004, na Alemanha. Como é que aconteceu a iniciação do projecto Kontágio?
Susana (S) – No ano de 2004, o Luís começou a convidar os músicos para a banda Kontágio.
Luís (L) – Estava na Alemanha e, como vivemos num raio de cinquenta quilómetros, a primeira fase foi conhecermo-nos melhor. Todos faziam parte de projectos diferentes, tocavam em grupos e eu ia vê-los aquando das actuações. Então, colhi informações acerca de um e de outro para, em seguida, proceder às propostas devidas. Acabámos por nos juntar e por nos contagiarmos com a nossa música.
Actuação no NorteShopping



A – Porquê da escolha do nome Kontágio para a banda? O significado atribuído deve-se à vossa música ser contagiante ou por vocês de contagiarem uns aos outros?
Luís – É mesmo isso. Ensaiávamos, mas ainda não tínhamos escolhido um nome para a banda. Tentávamos optar por um nome da preferência de todos, escrevemos inúmeros; porém, nenhum era o indicado. A partir de determinado momento começámos a ver que no dia seguinte àquele em que tocávamos um som novo, uma música nova, um membro do grupo dizia “fiquei com a música na cabeça, parece que fiquei contagiado”. Com a aquisição desse termo, conseguimos aquele que dá nome ao grupo - “Kontágio”.

De acordo com o sítio na Internet da banda, ocupam um lugar no cenário rock português. As referências musicais influenciam a música que fazem e, apesar de distintas é exactamente a diferenciação de elemento para elemento que edifica e consolida os Kontágio. Scorpions, Pink Floid bandas que, aparentemente, não se assemelham são as eleitas de Luís Andrade. Susana Andrade revela o seu gosto por cantoras portuguesas tais como Rita Guerra e Lúcia Moniz.
Uma das músicas dos Kontágio foi escrita, partindo da frase dita por uma pessoa mais velha “Ai se eu soubesse as coisas que sei hoje”. Pode-se pensar insensato escrever um tema apenas com uma expressão que não raras são as pessoas que a usam no quotidiano. Luís justifica esse exemplo, explicando que, para a composição das letras se inspira “nas vidas”. E continua, mencionando “Se for preciso, daqui a pouco, escrevo a letra para uma música só com esta conversa que estamos a ter. Factos reais, encontros na vida…”.

A – Há uma mensagem a passar? Qual é essa mensagem?
L – Para ser sincero, a mensagem é a de fazer música portuguesa e, dessa forma, estender a língua portuguesa. Neste álbum, conto passagens da vida. Não tenho o intuito de contar uma mensagem para o futuro, mas contar uma passagem da vida dos Kontágio.

De Portugal, esperam o reconhecimento já alcançado na Alemanha, principalmente no que concerne à comunidade portuguesa. Vivem na Alemanha; todavia, elegem a língua portuguesa na composição das músicas, “Somos portugueses, excepto o baterista. Muitas bandas vão para o estrangeiro para se poderem lançar; pelo contrário, nós, ao estarmos fora, decidimos vir para Portugal para nos lançarmos.”, fundamenta Luís Andrade.
Lançaram recentemente o primeiro trabalho que, como referi precedentemente, se intitula “Saber Falar”.



Actuação na FNAC de Santa Catarina


A – Falem um pouco acerca deste álbum.
L – “Saber Falar” é a denominação dada ao disco, precisamente por causa das faixas que contém, sendo alguns dos temas, inclusivamente, dirigidos a membros do grupo. Éramos as pessoas que, inicialmente, não se conseguiam comunicar e que escolheram o facto de “Saber Falar” para se relacionarem. Todas as músicas inseridas no disco são uma conversa: o falar de ou com alguém. Daí adveio o título do CD e da primeira faixa.

Definem-se como “pessoas normais que querem transmitir a música e que escolheram a música como meio de comunicação”. Musicalmente podemos proferir que “Viemos ocupar, sem intenção premeditada, um espaço vazio que fora ocupado pelos Ritual Tejo e pelos Além Mar. Com o nosso próprio estilo quisemos divulgar a nossa música a Portugal, sem saber qual seria a reacção por parte do público.”.
Regressaram a Portugal e, embora a vossa estadia tenha sido curta e não se consigam calcular resultados, podemos dizer que a receptividade constatada por parte dos portugueses é “ Muito boa. Estivemos numa segunda-feira a apresentar o nosso disco no Hard Rock Café, em Lisboa, e nesse dia da semana em que não é habitual estar muita gente tiveram de fechar as portas, porque a lotação esgotou. Promovemos o disco, fizemos programas televisivos e no outro dia já nos conheciam e sabiam quem éramos. É uma música que fica na cabeça e que as pessoas se recordam logo”., explica a voz principal dos Kontágio.

A – São conhecidos na Alemanha, e em Portugal como tem decorrido a divulgação da vossa música?
L – Na Alemanha tem sido um pouco mais difícil, apesar de os Alemães gostarem quando ouvem a nossa música. Não entendem o texto, o que lamentam; contudo, temos tido uma boa receptividade. Penso que quando a nossa música é apresentada, eles olham-nos como se dissessem “Ainda bem que há um projecto português que está a ser trabalhado e que não é igual a nenhum que eu conheça”. Deste modo, a música portuguesa é qualificada de uma boa maneira.

Claúdio, Carlos, Luís e Susana



A – O que representa, para vocês, a música?
L – Para mim, a música representa uma parte da minha vida. Como tenho vida privada também tenho vida profissional na qual encaixo a música.
S – Considero que a música fez, faz e continuará a fazer parte da nossa vida, porque estamos todos ligados à música e é esse o nosso amor. É aquilo que, realmente, gostamos de fazer.

Quanto a prospectivas, os Kontágio não são muito ambiciosos, uma vez que têm noção do mundo da música. Ainda assim Susana confessa “Que as pessoas, no estrangeiro, gostem do nosso trabalho e que este seja ouvido por todo o mundo”. Luís patenteia que têm conhecido muitas pessoas, o que lhe dá muito prazer; “Temos tido uma experiência boa e bonita e, saber falar em qualquer lugar e com todos é o que pretendemos alcançar”.
Um grupo cujos elementos não esquecem as suas verdadeiras raízes e esperam singrar a partir do seu país. Interessam-se pela sua comunidade, conquanto pretendam conseguir chegar até os demais países.
Prometeram voltar em breve a Portugal para contactarem com o seu povo e para marcarem o panorama musical português com a sua música. Em suma, pretendem mostrar a todos que sabem falar através da língua universal - a música - e que, tendo consciência do longo caminho a percorrer não irão desistir do sonho que comanda as suas vidas.

Anabela da Silva Maganinho

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