Tuesday, May 5, 2009

Um regresso a casa na Queima das Fitas


Deolinda e Blind Zero animaram a terceira noite da queima. Poderíamos dizer que Deolinda abriram o espectáculo para Blind Zero – o que foi um facto – mas Blind Zero acabaram por ser um motivo para Deolinda, não obstante a serem os anfitriões. A banda lisboeta, protagonizada por Ana Bacalhau, encantou a academia do Porto que não parava de trautear “Fon Fon Fon”.
Deolinda foram, então, a primeira banda a subir ao palco revelando uma música que “é resultado da formação dos quatro. É uma sonoridade que é nossa por ser nossa, porque é o resultado das personalidades musicais de cada um”, assevera Ana Bacalhau.
Acabados de sair do palco principal, os Deolinda sentem-se contentes com a recepção e consideram que foi um espectáculo excepcional. Não obstante, Ana não descarta o facto de já ser a terceira vez que vêm tocar ao Porto e de cada vez que cá vêm “é cada vez melhor. Somos tão bem recebidos aqui que é uma felicidade para nós”. Todo este resultado acaba por traduzir o propósito comum que une a banda: “o nosso objectivo é só exprimirmo-nos musicalmente”, fixa a vocalista.
As doze badaladas já lá davam há mais de meia hora quando Blind Zero avivam o queimódromo. Vasco, Miguel e Nuxo não paravam de ser acarinhados pelo público e toda a banda não decepcionou num som, autêntica osmose, que invadia todo o espaço. “Tree” é a acústica que o público ainda sabe de cor, em contraste com a mais recente “ Slow Time Love” que mesmo assim já entrou nos ouvidos. “Shine On”, “You Owe Us Blood” e “Skull” foram relembradas num formato puro rock como a banda liderada por Miguel Guedes bem sabe fazer. E quando se pensava que tudo estava praticamente dito, conseguimos ouvir um som de Depeche Mode, numa versão melhorada de “Enjoy the silence ”.
Na sala de imprensa, Vasco, Pedro e Miguel não escondem a nostalgia que há de regressar ao Porto, de actuar na Invicta para os portuenses: “é mais a ansiedade de tocar num grande palco para pessoas que nós conhecemos. Acredita que sabe muito bem”, revela Miguel.
As novidades não são zero e, como já tantos textos mediáticos referem eles de zero apenas o encontram no nome. O próximo álbum começa a ser preparado e, entretanto, vamos poder vê-los concerto aqui, concerto acolá. Sem certezas quanto ao futuro fica a promessa de continuarem a dar sempre o melhor. “Nós somos portugueses e como portugueses estamos habituados a partir em vários barcos e …eu não sei onde é que vamos. Estamos a fazer um disco novo e estamos a experimentar coisas ainda por isso, claramente que estamos com saudades de electricidade, mas também não sei se queremos ser electrocutados por ela. Estamos a perceber como é que este barco vai chegar ao próximo disco, o que é óptimo”, anuncia o músico.
Um barco em boa maré que ultrapassa a tempestade pela qual muitas bandas nacionais nem sempre conseguem ultrapassar. Um verdadeiro cabo das tormentas que, para esta banda portuense, tem sido batalha vencida, pois estão há mais de uma década a dar música a Portugal e arredores.
Anabela da Silva Maganinho

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