Saturday, November 8, 2008

A corrida pelas fronteiras da vida


Pedro Assalino (vocalista)
- Na primeira foto (Pedro Assalino à esquerda, Johnny Boy ao centro e Pedro Fonseca à direita)
Os Squeeze Theeze Pleeze nasceram em Cantanhede no ano de 1998. “Open” e “Flatline” foram os antecessores do mais recente álbum “One life is not enough” que tem derrubado algumas fronteiras no que concerne à expansão auditiva nas rádios nacionais, mas também tenta escavar alicerces no panorama da música internacional. De regresso ao Porto, Pedro e Assalino contam-nos o que é que mudou na carreira da banda e perspectivam já algumas das coisas que podem vir a acontecer.

Anabela (A) – É importante falar no que se passou desde a última vez que nos encontramos. Desde essa altura algumas, senão muitas, modificações denotaram-se na banda. Podem confirmar isso?
Pedro (P) – Isso foi na altura do “Flatline”. Saiu um guitarrista e um baterista e, de momento, estamos nesta formação (entraram o Nuno e o Joel) que já gravou o disco connosco. Estamos mais satisfeitos do que nunca até porque a base do grupo continua a ser a mesma: eu, o Pedro, o Farinha e o Batista que fomos os fundadores.
Pedro (Fonseca)
Anabela (A) – Possivelmente, a mentalidade também mudou com a entrada e saída de membros.
Pedro (P) – Não acho que seja uma questão de mentalidade. A banda está muito mais madura.
Pedro Assalino (PA) – Musicalmente, de facto.
P – Tudo acaba por influenciar a nossa capacidade criativa e a nossa forma de estar. Por isso não deixas de ter um bocado de razão na mudança, principalmente em termos sonoros. A saída de um guitarrista, que acaba por fazer parte da composição e tem o seu estilo, e a entrada de um guitarrista novo acaba por determinar a concepção de que as coisas sejam diferentes.
PA – A base continua a ser a mesma. A forma como este disco foi feito (muito rápido, gravado em poucos dias, sem grandes esforços, …) diferiu, pois o anterior guitarrista se empenhava bastante e chegava a gravar 20/30 guitarras. Desta vez, foi uma coisa feita super à vontade, sem stress e isso traduz-se em ser muito mais directo até mesmo nas concepções líricas.

A – Já que falas em letras. As vossas referências continuam a ser as mesmas. Aquilo que vos influencia na composição perdura ou também amadureceu com o tempo?
P –
Amadureceu com a vida. PA – Sim, claro. Aliás este disco é muito mais auto-biográfico do que os outros. Tem coisas mesmo muito explícitas e eu nunca fiz isso antes. Sempre fiz as letras um pouco como um romance e quem escreve um romance não escreve, obrigatoriamente, uma auto-biografia. Pode, inclusive, criar pessoas fictícias. Tudo o que eu fiz até agora foi isso. Este disco penso que é mais “One life is not enough”, como se intitula. Tudo o que sofremos com a entrada e saída, ou com a suposição da pergunta “será que vai acabar agora? será que não?”. Como não desistimos estamos aqui com o terceiro disco que já vai fazer quase um ano. Vamos agora lançar o single “Sail Away” e fazer um exclusivo para a Antena 3 com o “Queen for a night”. A intenção é tentarmos espremer um pouco mais este disco, algo que nunca conseguimos fazer com nenhum outro. Extrair o maior número de singles – mesmo que sejam singles postos em publicidade e novelas – para as pessoas perceberem. Deparamo-nos com um problema: as pessoas não identificam Squeeze Theeze Pleeze com a banda ou a banda com Squeeze Theeze Pleeze há essa dificuldade. Não obstante a que a banda “Hi hello” não são Squeeze Theeze Pleeze.
P – Estamos muito conotados com o singles.
PA – E então queremos mostrar ao máximo possível. As pessoas não nos conhecem, não nos conhecem mesmo. E, pronto, isto é uma forma de chegarmos às pessoas mais depressa. A – Emerge daí uma questão: para vocês, realmente, uma vida não chega ou para músicos é que uma vida não chega?
P – Para músicos em Portugal. Para atingires o teu objectivo andas e, se calhar, nunca o atinges. Passa tudo, passa a vida e tu não chegaste lá. Agora estamos a começar a internacionalização, por Espanha, Alemanha e França e esperamos que, a partir daí, o título deste disco desapareça e o próximo título seja diferente e que seja mesmo “valeu a pena”.
PAA – It’s a short life (risos).

A – Houve uma altura em que estiveram um pouco desaparecidos e agora podemos dizer que estão numa acalmia no que concerne a aparições. O que esteve na causa disso foi algum factor ou à crise da qual todas as bandas falam?
P –
Crise de todas as bandas.
PA – Tens uma editora, seja major seja uma editora, dedicada a ti e tens um plano de trabalho contínuo. Nem sempre as coisas correm como queremos e para que essas aparições se proporcionem e todo o processo de comunicação social despolete é necessário investir.
P – Uma banda que não tenha uma major não consegue fazer isso regularmente. Vão surgindo coisas e vais aparecendo.
PA – E um «gajo» tem que cair de um palco para aparecer (risos).
A – Eu já não queria tocar nisso.
P – Não te preocupes que ninguém se riu mais do que eu (risos).
A – Mas qual é a sensação de aceder no Google e colocar no motor de busca Squeeze Theeze Pleeze e aparecer esse vídeo da queda do palco?
P – No princípio não foi fácil. Aliás, inicialmente, fizemos um gozo pessoal os dois com a história para evitar comentários de que nos pudéssemos estar a esconder. Era estranho, visto que as pessoas começaram a comentar isso. Ainda há pouco tempo demos um concerto em Coimbra e houve uma boca “olha lá se cais” (costuma acontecer), mas para veres a NBC americana comprou-nos os direitos de passar aquilo no programa. Portanto, acabou por fazer com que banda chegasse a pessoas que talvez nunca fossem ver. Havia quem gostava, quem dizia mal, mas também houve muitas visitas ao vídeo.

A – Estamos a falar na internet, vocês agora estão a apostar bastante nela e colocaram online, de imediato, o novo vídeo “Queen for a night”, porquê essa aposta?
P –
Acaba por ser o teu canal de televisão privado. É uma forma de chegar às pessoas.
PA – Em Portugal, fazeres um vídeo é um lançamento.
P – Os canais onde podem passar se fores a ver as audiências e o share são muito pequenos, o que acaba por se traduzir quase em nada. Agora a internet consegue dar visibilidade.
PA – Qualquer banda hoje vais ao You tube, ao myspace e tens a banda, a música, os vídeos e ainda coisas de telemóvel. É dar isso às pessoas. Não o fazemos para ganhar dinheiro. Quanto mais pessoas tiverem acesso à música, se calhar, mais pessoas vão ver um concerto.
P – Nos concertos pedem-nos sempre autorização para filmar. Podem tudo, quer dizer já não vale a pena estar cá com mais rodeios. Pelo menos para uma banda como nós em Portugal é ridículo.

A – O vosso primeiro single foi editado também em vídeo e rodou na mtv, já para não descurar o lugar nas rádios nacionais. Era algo que vocês já esperavam?
P –
A partir do momento em que fomos para estúdio e começamos nos ensaios a fazer aquela música notamos que era capaz de resultar. Depois saímos do estúdio e tínhamos a certeza que ia resultar, todavia, não sabíamos porquê.
PA – Foi muito engraçado, pois foram precisamente as pessoas que trabalham connosco que começaram a dizer que a música não lhes saía da cabeça. Obviamente o público não teria essa percepção. Às vezes quando vamos para estúdio pensamos que determinada música vai ser o single, mas depois gravamos e acontece que há uma música que não davas nada por ela que é o single. Esta não, foi a única vez que dissemos é este o single e foi.

A – Também pela inserção na série Morangos com Açúcar ou não teve nada a ver?
P –
Ajuda sempre.
PA – Ajuda sempre, mas acho que não foi tão isso.
P – Para já não foi uma vez estava associado a uma personagem que era um cego e saiu da novela passado dois meses. Portanto, acho que nem teve muita expressão. O “Hi hello” sim, de facto surpreendeu-nos.
PA – Considero que foi mais o facto de passarmos pela primeira vez na RFM, na Capital, na TSF.
P – Foi mais abrangente e conseguiu chegar às rádios todas.
PA – Se este single seguir o mesmo caminho é bom. O problema é que as pessoas não identificam. Acontece sempre a mesma coisa: “ah, são eles?! são portugueses”.

A – E os fãs continuam a ser uma máxima para a banda?
PA –
Por acaso nunca fomos uma banda com uma grande legião de fãs. Penso que é uma coisa mais espalhada. No Norte, temos, sem dúvida, mais, também tocamos mais cá em cima do que lá em baixo. As pessoas cá de cima são mais calorosas, sentimos isso.
P – Temos uma base de dados.

A – Vocês têm, inclusivamente, a newsletter o que identifica uma certa preocupação com o design online e recordo-me que, pelo menos aquando do “Open” e do “Flatline” não havia tanto essa preocupação.
PA
– Pois não. Havia, mas de uma outra forma, mais no sentido de contactos para espectáculos. A pessoa que fazia isso era mais para arranjar concertos, agora o Pedro e eu é que, de vez em quando, temos cinco minutos e enviamos.
P – Temos uma mailing list. Em Portugal quem é que tem uma base de fãs? Os Xutos e Pontapés? Os Da Weasel? Penso que não anda muito mais gente. Em determinadas bandas é mais um interesse pontual, determinado disco ou determinada exposição, mas daí até ser fã…

Podem nem sempre se ver, porém, as pessoas que gostam da música dos Squeeze Theeze Pleeze estão lá. O que, não raras vezes, também acontece é que muitos podem não saber que são admiradores dos Squeeze Theeze Pleeze, mas são-no com certeza ouvintes dos singles.
No que diz respeito a concertos, Novembro não vai ser um mês significativo para a banda. Como Pedro assevera “não se vai passar nada de especial, talvez fazer Fnacs que acaba por ser o divulgar e o potenciar disco e do primeiro single. Depois dia 27 vamos fazer uma festa grande em Lisboa”. A última quinta-feira do mês vai ser uma noite importante para os Squeeze Theeze Pleeze, no Music Box, pois vão lá “juntar os amigos todos, vamo-nos juntar, vamos apresentar o vídeo. Não vamos estar com grandes preocupações, queremos juntar os amigos principalmente, acho que é isso, juntar o pessoal da música”, explica o baixista.
Como não poderia deixar de ser a questão que fecha uma entrevista hoje, todavia abre as portas para o amanhã. Queremos saber quais são as expectativas que a banda tem para o futuro e o que é que esperam ou até mesmo pretendem alcançar. Pedro não hesita em dizer que querem dar concertos e acrescenta “tivemos em Berlim há dois ou três meses atrás, assinamos o contrato com o management. Estas coisas demoram tempo. Disseram-nos que nos primeiros seis meses não poderíamos ter grandes expectativas, mas, em 2009, esperamos que, de facto, possa chegar lá fora e ver o que acontece”. No entanto, esta não é uma banda que espera que as coisas aconteçam. É apenas uma forma de explanar as coisas, mas na realidade são muito «pés no chão» ainda que suscite uma esperança e, por isso, dizem que não esperam, “de repente, ser uma mega banda internacional, porque é ridículo ter essa esperança, mas depois tudo pode acontecer”.
Por intermédio dos sites de interacção e divulgação, a banda consegue ter a noção de que “a maior parte dos nossos visitantes são todos de fora. Lá está o trabalho que manager está a fazer, em termos de divulgação, na Europa, principalmente, e nos Estados Unidos. E espero que a partir daí nós comecemos a tocar lá fora e que isso (suscite) crie uma base de fãs pequenina, nos sítios onde vamos tocar”.
Os Squeeze Theeze Pleeze não esperam que «uma vida não seja suficiente», pretendem é que esta «segunda oportunidade» se traduza em dar a conhecer a banda e não apenas o tema que lhes coloca como «“reis” da noite».

Anabela da Silva Maganinho

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