Thursday, May 17, 2007

Comunicação de Marca no ISLA Gaia



As Jornadas de Comunicação reuniram comunicadores contemporâneos, nos dias 3 e 4 de Maio, no Instituto Superior de Línguas e Administração (ISLA), de Gaia.
O prof. Artur Villares abriu a sessão do primeiro dia, dirigido à Comunicação Empresarial, que contou, da parte da manhã, com a presença da docente Idília Ramos enquanto moderadora às apresentações de Ana Santiago e, subsequentemente, de João Abreu.
As imagens de marca foram o tema central da abordagem teórica do painel da manhã. Ana Santiago, consultora de Marketing, deixou evidente que podemos encarar a imagem pessoal como circunscrita à identidade e à imagem. Por sua vez, João Abreu analisou as imagens de forma correlacionada com a gestão e estudou “o conceito de imagem em função de um público e de um contexto”, uma vez que “gerir a imagem é gerir a mudança”.
O tema prosseguiu durante a tarde com as apresentações visuais do Dr. Filipe Marques (Academia de Design) e do Prof. Dr. António Azevedo (Prof. Da Universidade do Minho), moderadas pelo Mestre Lopes de Almeida (docente do ISLA).
No dia seguinte, Daniel Catalão, docente do ISLA, moderou o debate entre Mário Augusto (SIC) e Jorge Oliveira (RTPN). Os convidados revelaram as experiências advindas da profissão que exercem e mostraram o “Mediatismo” vivido pelos profissionais da “Televisão”. Efectivamente, mediatismo é “o facto de as pessoas olharem para nós e acharem que somos super-homens, quando na realidade somos pessoas normais”, tal como afirma Jorge Oliveira. O jornalista, que apresenta todas as manhãs o telejornal da RTPN, atenta que “no jornalismo, especialmente na Televisão, há vários perigos”. O que acontece é que se depararam com “pessoas a olharem para a televisão e verem um fenómeno que muitas vezes não corresponde à verdade”.
Jorge Oliveira define a televisão como “um mundo de aparências” e, em concordância com a opinião de Mário Augusto, “tudo é falso, embora a mensagem possa ser verdadeira”. Por outras palavras, Daniel Catalão explicita como “a forma, não raras vezes, tem mais importância do que o conteúdo em si”.
Os dois jornalistas anuem que é da seriedade que deve viver o jornalista para ser bom naquilo que faz e com a consciência em pleno. Mário nunca considera que “as coisas são tão espectaculares como as pessoas dizem”, sendo o segredo para o bom trabalho colocar ao serviço um pouco de prazer e de paixão. Muitas são as pessoas que se encontram “deslumbradas” com o mundo da Televisão e isso “pode ser perigoso pelo facto de, por vezes, se querer mostrar caras novas e dar uma imagem daquilo que elas o não são”, expõe Jorge Oliveira.
Poucos minutos passavam das 15horas quando o último painel se encetava. A analisar a Ética no Jornalismo estiveram presentes Fernando Martins (ex-Provedor do Jornal de Notícias), João Veríssimo (“O Jogo”, ainda que apresente um vasto curriculum na Rádio), Hélder Silva (RTP) e, como moderador, o docente Manuel Teixeira.
Desempenhar o jornalismo com respeito e cingirmo-nos ao “relato dos factos para só depois acrescentar o background que apoie a notícia” é a metodologia que João Veríssimo destaca. Afinal a ética, de acordo com este profissional, é “Nunca sair dos princípios que a nossa consciência determina”.
Fernando Martins vai de encontro com as afirmações proferidas pelo colega de profissão e questiona não só a ética mas, sobretudo, a liberdade, pois “Será que a liberdade é a possibilidade que cada um de nós, enquanto profissionais de comunicação, tem de transmitir tudo aquilo que lhe apetece?”.
A ética é esquecida por uma colossal parte dos jornalistas. Hélder Silva pensa que sob o ponto de vista da ética “não estamos assim tão mal. Há bons e maus profissionais como em todas as profissões”. A honestidade é fulcral e, com base nesse princípio, o pivot da RTP admite que se “cometem atrocidades todos os dias” em qualquer media. A ética pode colocada “no exercício do contraditório” ou “em seguirmos à risca o código deontológico”, mas também “no alinhamento de um jornal”. O porquê de determinada notícia abrir o telejornal ou de ser transmitida de certo modo são questões que suscitam a curiosidade dos demais e ética é que “não precisamos de mostrar pedaços de corpo para provar a violência do acidente”.
Dois dias controversos por questões pertinentes que, apesar de verificadas todos os dias, são interrompidas pelo pouco tempo de pensar que todos temos. A “ética é bom senso”, como afirma Fernando Martins, e o mediatismo “somos” nós que o fazemos “se cumprirmos com a tranquilidade da consciência” e a competência de um bom trabalho definido apenas por uma marca – a personalidade.

Anabela da Silva Maganinho

No comments: